A série da Netflix estreou junto com o lançamento do livro no Brasil. Claro que eu acompanharia o combo. Estamos falando de série do David Fincher e livro sobre serial killers.
“Antes que ele conseguisse protestar, comecei a relatar como esse tipo de personalidade associal e solitária se juntou a um grupo de igreja, e como, depois de uma reunião, quando todas as outras pessoas já tinham ido embora, insinuou-se para a jovem que comandava o encontro. Ela o dispensou, e Vanda não lidou muito bem com a rejeição. Pessoas como ele não costumam lidar. Ele a derrubou, foi até a cozinha, voltou com uma faca e a esfaqueou diversas vezes. Então, enquanto ela estava largada no chão, morrendo, ele inseriu o pênis em uma ferida aberta no seu abdômen e ejaculou.
Preciso dizer que considero isso impressionante. Àquela altura, ela era como uma boneca de pano. Seu corpo está morno, ela está sangrando, e ele certamente também está coberto de sangue. Nem consegue despersonificá-la. Mesmo assim é capaz de ter uma ereção e chegar ao orgasmo. Por isso, é compreensível que eu insista que isso é um crime de ódio e não sexual. O que está passando pela mente dele não é sexo, é ódio. É por isso, aliás, que não adianta nada castrar estupradores reincidentes, por mais satisfatória que essa ideia possa parecer para alguns de nós. O problema é que isso não os deterá, nem fisicamente nem emocionalmente. O estupro sem dúvida é um crime de ódio. E, se você corta as bolas de alguém, terá apenas um homem com muita raiva.”
John Douglas e Mark Olshaker
Esse é o tom desse livro mega pesado.
Na história o agente da FBI narra sua carreira, como logo no início se dedicou a estudar serial killers, buscando ferramentas para melhorar a investigação e julgamento desse tipo de crime tão fora da curva sobre o que se conhece sobre o ser humano.
Conforme o livro passa, ele mostra como procurou desenvolver-se tanto teoricamente como empiricamente para criar a prática chamada de profiler, na qual, analisando cenas de crime e vitimologia, observa-se um perfil do criminoso por estatística. Esse perfil pode ser etário, de gênero, de condição financeira, atividade laboral, raça e até mesmo deficiências físicas.
O livro mostra que o autor entrevistou diversos assassinos seriais na carreira para desenvolver seu estudo. Todos dos mais famosos.
No final, há relatos bem fortes e informações bem pesadas. Mas, apesar de detalhes administrativos do FBI completamente desinteressantes e relatos da vida pessoal do autor que em nada servem, o livro é bem inteligente ao narrar os fatos e mantém nosso interesse do começo ao fim.
Recomendo.
Vamos à série de David Fincher.
A primeira temporada tem 10 episódios e já há renovação confirmada por parte da Netflix. Isso é muito bom.
Há muitas diferenças entre livro e série e percebe-se que o autor pegou apenas a ideia principal para desenvolver algo televisivo. Isso é justo, porque a linguagem do livro é seca e fática. Uma série de televisão precisa do apelo dramático.
Isso certamente foi feito em Mindhunter. As entrevistas feitas com o serial killer Ed Kemper são excelentes pela atuação e drama atingidos.
Um pequeno pedaço do que é relatado no livro é citado, de modo que seguindo esse formato, a série tem tudo para ser bem longeva.
O elenco está bem e finalmente fizeram o favor de investir em uma trilha sonora. O povo anda esquecendo de colocar boas músicas nas séries e filmes. A cena final de um dos episódios arrepia com Psycho Killer.
Recomendo livro e série.
FDL
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