domingo, 28 de julho de 2019

As Ondas – Virginia Woolf

as ondas virginia woolf

“— É o primeiro dia das férias de verão — disse Susan. — Mas o dia ainda se mostra embrulhado como num pacote.Não o examinarei antes de descer do trem à noite. Não me permitirei cheirá-la antes de respirar o frio ar verde dos campos. Esses, porém, já não são os campos do colégio; não são as sebes do colégio; os homens nesses campos fazem coisas reais; enchem carroças com feno de verdade; essas são vacas de verdade, não as vacas do colégio. Mas o cheiro de desinfetante dos corredores e o cheiro de giz das salas de aula ainda se entranha em minhas narinas. A aparência vítrea, lustrosa dos assoalhos ainda se imprime em meus olhos. Preciso aguardar campos e sebes, bosques e campos e encostas em declive na via férrea, salpicadas de arbustos de tojo, e caminhões e estradas e túneis e jardins de subúrbio com mulheres estendendo roupa lavada, e depois novamente campos e crianças balançando-se nos portões, a fim de recobrir e enterrar profundamente o colégio que odiei.”

Virginia Woolf

Esse foi o livro que eu selecionei par o mês de julho no desafio de 12 livros para 2019. E ele fez definitivamente com que eu repensasse esse desafio. Eu escolhi os livros no final do ano passado tendo em consideração as obras que eu já tinha na prateleira e também autores que eu precisava de um estímulo diferente, do contrário acabaria não lendo.

O problema é que eu não pesquisei direito e acabei selecionando um livro muito difícil para começar com Virginia Woolf. De todo modo, vamos lá.

As ondas é um livro escrito em fluxo de consciência, com monólogos sobrepostos de diversos personagens, que têm personalidades diferentes.

Não há enredo, conforme eles vão falando, observamos que eles narram as próprias vidas, desde o nascimento até a morte. Esse vai e vem do enredo lembra o tempo inteiro as ondas do mar.

Claro que esses monólogos são extremamente complexos e muitas vezes confusos para mim. Eles falam de suas perturbações, anseios e descrevem muito a natureza.

Acho que eu precisava de outro tipo de leitura nesse momento e senti que acabei não aproveitando tudo que esse livro teria a me oferecer. Um dia, com outro tipo de bagagem e talvez em outra conjuntura da vida eu relerei esse livro e aposto que terei uma experiência melhor.

FDL

quinta-feira, 25 de julho de 2019

Chernobyl

chernobyl

Não é o tipo de série que eu costumo ver, mas acabei ficando curioso depois de toda a polêmica que começou a cercar essa produção.

São cinco episódios lançados pela Netflix, muito bem produzidos e com interpretação perfeita.

Essa história apesar de ser muito famosa, um dos maiores desastres ambientais da história, carece de detalhes, diante do regime fechado que vigorava na União Soviética.

A série Chernobyl veio para preencher lacunas. Claro que não temos garantias de que a série retrata os fatos fielmente, afinal, é uma obra de ficção. Mas em tempos de destruição ambiental crescente, sabermos o que somos capazes de fazer com o planeta é o tema do dia.

Além disso, fica claro, mais uma vez, como é fácil destruirmos tudo que foi construído ao longo da história. É a fragilidade da nossa vida aparecendo novamente para mostrar que não mudou nada.

Essa série é imperdível e muito forte. Não me arrependi em nada de ter dado uma chance.

FDL

quinta-feira, 18 de julho de 2019

No Coração do Ouro

no coração do ouro

“Uma profunda investigação sobre o escândalo que abalou os Estados Unidos e o mundo do esporte em 2017: nesse ano, uma série de abusos sexuais envolvendo Larry Nassar, o médico osteopata da equipe de ginástica olímpica feminina americana, veio à tona. Enquanto as vítimas dão detalhes sobre o que aconteceu a elas, detalhes dos crimes são revelados, assim como o encobrimento de todos eles.”

É um documentário muito bem produzido que a HBO trouxe recentemente.

Esse é um esporte que eu acompanho muito e acredito que o mundo inteiro ficou perplexo quando esse escândalo apareceu, porque o suposto método americano de treino de atletas era visto como referência.

Os relatos são dramáticos feitos por diversas atletas que sofreram a violência sexual. Além disso, causa muita surpresa verificar como essa situação durou anos sem que ninguém fizesse nada, além de não levarem a sério algumas denúncias ocorridas por algumas meninas.

De todas as tragédias devemos tirar lições. Aqui é a de que devemos ouvir mais os jovens e que os adultos podem até possuir autoridade em diversos momentos, mas devem ser acompanhados, porque os desvios sempre ocorrem por parte deles.

Recomendo muito esse documentário.

FDL

quarta-feira, 17 de julho de 2019

Dentro da mente do criminoso

dentro-da-mente-do-criminoso_80185065A Netflix trouxe também esses dias essa série em quatro episódios que investiga as causas de crimes violentos, que se tornam notórios no mundo todo.

Há uma divisão por episódio, em assassinos em série, sequestros, líderes de seitas e senhores do crime.

Sinceramente não achei dos melhores. Há uma discussão bem rasa sobre casos famosos com alguns depoimentos de especialistas.

Tudo tem bastante cara de oportunismo e não traz nada de novo ao que já se sabe.

De todo modo, serve de lição para aprendermos a filtrar o massivo conteúdo em documentário sobre crimes reais que apareceram nos últimos anos.

FDL

domingo, 14 de julho de 2019

Olhos Que Condenam

olhos que condenam

Dificilmente esse ano alguma série vai superar essa no quesito tristeza. Revolta também.

O tema erro judiciário está na moda e agora começamos a ter mais séries dramatizadas inspiradas nesses acontecimentos.

Sinopse que cacei no Google:

“Na noite de 19 de abril de 1989, um grupo de jovens negros foi ao Central Park, em Nova York. Enquanto alguns corriam e gritavam com pessoas que estavam pela região, outros só queriam se reunir com amigos. Policiais foram chamados e a maioria ficou retida. Em outra parte do parque, uma mulher, Patricia Meili, foi agredida e estuprada. Ela foi encontrada horas depois gravemente ferida. Quando os policiais se deram conta dos dois acontecimentos criaram uma narrativa que faria dessas duas histórias uma só.

Cerca de 30 jovens foram levados à delegacia e, entre eles, alguns passaram por interrogatórios: Kevin Richardson, Raymond Santana, Antron McCray e Yusef Salaam. A ideia era culpá-los pelo estupro. Foram mais de 40 horas de questionamentos, insinuações, acusações e agressões. Os quatro, três negros e um latino, não tiveram pausas para comer, irem ao banheiro ou contatarem alguém. Tudo foi realizado sem a presença de um responsável, apesar de se tratar de menores de idade. Eles não se conheciam, mas os investigadores os pressionaram e jogaram uns contra os outros de forma que eles começaram se acusar. Na cabeça deles, naquele momento, a única maneira de voltarem para casa era apontar um culpado e mentir sobre o que teria acontecido naquela noite.”

São apenas quatro episódios, mas assim que vi o primeiro, recheado de cenas de tortura física e psicológica, de técnicas de interrogatório ultrapassadas, de preconceitos e visões elitistas sobre crime, fiquei um pouco mal e não estava no clima para ver o resto, porque sabia que viria chumbo grosso.

E veio. Depois de alguns dias assisti aos episódios restantes e não tem romantização, tampouco lição de moral. Apenas vemos um triste retrato de como o judiciário americano acabou com a vida de cinco adolescentes (e suas famílias) por puro preconceito.

Os atores estavam todos excelentes e não há o que dizer sobre essa série.

Vale também um especial que a própria Netflix tem com entrevistas do elenco e dos verdadeiros protagonistas da história realizadas pela Oprah. É de arrepiar ouvir os relatos.

Recomendo muito.

FDL

sábado, 13 de julho de 2019

Fahrenheit 451 – Ray Bradbury

fahrenheit 451

“- Para mim, ela não é nada; ela não deveria ter livros. A responsabilidade era dela, ela deveria ter pensado nisso. Eu a odeio. Ela o deixou perturbado, e se você continuar assim, vamos acabar na rua da amargura, sem casa, sem trabalho, sem nada.

- Você não estava lá, você não viu – disse ele. Deve haver alguma coisa nos livros, coisas que não podemos imaginar, para levar uma mulher a ficar numa casa em chamas; tem de haver alguma coisa. Ninguém se mata assim a troco de nada.

- Ela era fraca da ideia.”

Ray Bradbury

Escolhi esse livro para o mês de junho no desafio de 12 livros para 2019. Não poderia ter selecionado obra melhor.

Trata-se de mais uma distopia, na qual o governo proíbe os livros e a função dos bombeiros agora é a de destruir qualquer livro mocozado por alguma resistência.

Essa é justamente a profissão do personagem principal, Montag. Sua paz ignorante é perturbada após encontrar na rua algumas vezes com uma menina que lhe faz perguntas inconvenientes, que o tiram do sossego.

Após o desaparecimento da menina e de uma situação em que uma mulher prefere morrer queimada junto a seus livros após ser encontrada, Montag cria uma curiosidade pelo conteúdo dos livros e do porquê deles incomodarem tanto.

Com isso, um movimento de resistência é por ele descoberto.

Esse livro caiu como uma luva para o momento político em que vivemos, já que se tentam suprimir das escolas disciplinas de senso crítico e busca-se cada vez mais um discurso massificado por uso das fake news.

Já me senti incomodado com a proximidade do Conto da Aia com a nossa realidade. Nesse caso então, é evidente que esse tipo de estratégia é muito bem pensado.

Gostei muito também do seguinte trecho:

“- Por sorte, esquisitos como ela são raros. Sabemos como podar a maioria deles quando ainda são brotos, no começo. Não se pode construir uma casa sem pregos e madeira. Se você não quiser que se construa uma casa, esconda os pregos e a madeira. Se não quiser um homem politicamente infeliz, não lhe de os dois lados de uma questão para resolver; dê-lhe apenas um. Melhor ainda, não lhe dê nenhum. Deixe que ele se esqueça de que há uma coisa como a guerra. Se o governo é ineficiente, despótico e ávido por impostos, melhor que ele seja tudo isso do que as pessoas se preocuparem com isso. Paz, Montag.”

Parece que estamos vendo isso em algum lugar:

“Encha as pessoas com dados incombustíveis, entupa-as tanto com “fatos” que elas se sintam empanzinadas, mas absolutamente “brilhantes” quanto a informações. Assim, elas imaginarão que estão pensando, terão uma sensação de movimento, sem sair do lugar”.

Há também dois filmes, que no futuro ainda vou ver.

FDL

domingo, 7 de julho de 2019

How To Get Away With Murder: 5ª Temporada

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Ano passado mencionei o sentimento de que a série deveria terminar logo. Acertei. Com o fim dessa temporada, a próxima será a derradeira.

A temporada começa com um flashback da cena do casamento de Connor e Oliver em que há um assassinato na frente do bebê de Laurel.

Isso tudo dá a indicar que um personagem importante iria morrer, mas a série caiu na armadilha novamente de trazer personagens novos e mata-los, com o intuito de encher linguiça, criar suspense e andar.

Não foi uma temporada ruim, mas a série andou se arrastando. O personagem Gabriel é muito chato e fui uma infeliz opção traze-lo, porque, ao que parece, deve ser importante no futuro.

De todo modo, com certeza a temporada final trará histórias mais interessantes, porque são definitivas.

Vejamos como essa série, que foi muito importante por todos esses anos, terminará sua já complicada e fantasiosa história.

FDL

segunda-feira, 1 de julho de 2019

Shippados

shippados

Uma das coisas boas da era do streaming é a possibilidade de séries como essa. Se nos últimos anos Alexandre Machado e Fernanda Young amargaram seus trabalhos com baixas audiências, no Globo Play eles enfrentam terreno fértil com o seu público fiel e menos pasteurizado.

Shippados traz a história de Enzo e Rita, que se conhecem por acidente em um dia de encontros desastrosos. Acontece que os dois são problemáticos e cheios de traumas, um dos motivos de, apesar de tentarem tanto, não conseguem dar certo no amor.

Tatá Werneck e Eduardo Sterblicth fizeram muito bem os papeis que foram dados a eles. São engraçados de verdade, além de terem um talento único, não imitam ninguém.

O elenco de coadjuvantes também foi sensacional. São nomes do humor que eu gosto muito: Luis Lobianco, Clarice Falcão, Júlia Rabello e Rafael Queiroga.

O texto dos autores continua debochado, despretensioso e muito ligado às questões do dia-dia, de “gente como a gente”. Isso que dá a graça.

São poucos episódios e eu destaco aquele em que todos estão viajando o carro quebra.

Vale mencionar também a trilha sonora, com muitas músicas da banda Vanguart e outras no mesmo estilo. A que toca na abertura fica na cabeça e tem o mesmo clima leve da série.

Espero que a série volte, porque foi uma excelente surpresa da temporada.

FDL