sábado, 30 de dezembro de 2017

Tieta do Agreste – Jorge Amado

“Tieta deixa a pergunta sem resposta, dirige-se ao quarto. Perpétua a observa de costas, andando, o passo firme, as ancas em meneio, indiferente à opinião dos demais, recorda-se do pai na força da idade. Cabrita louca, violento bode, os dois da mesma raça caprina e demoníaca, comprazendo-se em pasto de iniquidades.”

Jorge Amado

tieta do agreste livro

Tinha que ter um livro brasileiro nesse ano e a última vez que li algo do Jorge Amado foi quando era adolescente, sem me impressionar muito. Como os tempos são outros e a novela reprisou nesse ano, Tieta do Agreste foi escolhido para encerrar as leituras de 2017.

Jorge Amado escreveu esse livro nos anos 70, em forma de folhetim. Ele já era bem consagrado e logo em seguida já houve disputas para adaptação de livro e novela. Foi uma obra aguardada e que gozou de seu prestígio quando ainda era fresca.

Na história, a pequena e miserável cidade de Santana do Agreste, nos “cafundós da Bahia”, não tem nada que a movimente, a não ser as fofocas que correm o dia inteiro. Mas a paz está prestes a mudar por dois motivos.

O primeiro deles é o retorno de Antonieta das Esteves, Tieta, que, vinte anos antes, foi escorraçada de lá a golpes de pau pelo próprio pai, por ter se deitado com um homem e ficado falada. Porém, Tieta agora é milionária, esqueceu as mágoas do passado e ajuda a todos da família de longe, sem dar muitas informações sobre sua vida. Com sua chegada, os interesseiros, verdadeiros amigos, xeretas e hipócritas vão cruzando o caminho da mulher, que para alguns é uma santa, para outros, uma quenga.

O outro acontecimento é a possível chegada de uma grande fábrica no Mangue Seco, uma praia paradisíaca e pouco habitada da região. O problema é que se trata de uma indústria altamente poluidora, que destruirá a parte linda da região, tal qual matas e peixes. A cidade se divide entre aqueles que querem o progresso a qualquer custo, cansados da pasmaceira e abandono do local. Por outro lado, há o que preferem manter Agreste vazia e pobre, a ter de vê-la destruída.

O romance é extremamente longo, com mais de 600 páginas que variam entre narrações sobre a história e digressões do próprio autor no exercício da metalinguagem. Em alguns momentos é bem cansativo.

Tudo isso acontece porque de fato Tieta existiu. Jorge Amado se inspirou em uma verdadeira cafetina que conheceu para compor o romance.

O destaque do livro certamente é o conjunto de coadjuvantes que formam uma Santana do Agreste que parece ser um personagem só.

Destaco a inteligente, solitária e intocada sarará Carmosina, melhor amiga de Tieta e funcionária dos Correios. Também a famosa, feiosa, materialista carola Perpétua. O moleque safado na puberdade Peto. O safado formado Osnar. A querida e bondosa quenga velha Zuleica Cinderela, enfim, vários tipos que são muito bons de acompanhar.

O livro, como não poderia deixar de ser, passa longe das hipocrisias e eufemismos. Sendo assim, a sexualidade é bem chula, algo esperado numa região assim. Segue a sabedoria popular:

“ – Tu vai ser padre, pois fique logo sabendo que padre sem catinga de mulher não presta. Como há de entender o povo se não sabe fazer menino? Andou um desses no arraial, de nome Abdias, não se deu com ninguém, as mulheres tinham medo dele, a igreja ficou vazia. Já no tempo do padre Felisberto, que viveu no Saco uns cinco anos, por causa do reumatismo, um padre direito com comadre e sete filhos, a devoção era grande, até nós, de Mangue Seco, vinha pra missa, para ouvir ele falar, cada sermão mais desenvolvido, contando como o céu é bonito, com música e festa todos os dias. Não era como o outro que, por desconhecer mulher, vivia no inferno, só sabia da maldade. Padre que não cheira a xibiu, cheira a cu, não presta.”

Muito bom observar também a habilidade e qualidade da escrita do Jorge Amado. A oralidade nos diálogos, sobretudo com as pessoas de diferentes origens e culturas é tão bem explorada no texto, que nos sentimos na situação acompanhando o que falam:

“... Pirica comenta a morte do velho, após dar a notícia:

– Indagorinha trouxe e levei ele no barco. Ia tão contente que até me deu um agrado.”

Coisa mais linda esse “Indagorinha”. É extrato de Brasil.

Há várias características interessantes nessa história. Sobretudo há um aspecto animalesco em Tieta quando ela resgata suas origens. De lá ela saiu um bicho sem instruções, para aprender reflexões, sentimentos e valores somente em outro local. Por isso, as descrições que envolvem Tieta e como ela vê os outros sempre envolvem animais, sobretudo os caprinos, que formaram a identidade sexual dela. Nisso eu destaco o trecho que escolhi de epígrafe nesse post.

No final, Tieta do Agreste foi uma agradável leitura, uma aula de cultura brasileira, que é tão rica e diversa. Às vezes podemos ter a tendência de achar que cultura é apenas o que a gente gosta. Ledo engano.

Agora, eu só li esse livro depois de ter visto a novela. Sim, vi uma novela em 2017.

Tieta – Tv Globo, (1989-1990)

tieta novela

Eu não tenho o hábito de ver novelas. Nem há preconceitos ou coisa do tipo. O problema é a duração, porque eu acredito ser impossível não enjoar no meio, ou em capítulos diários a história se manter viva e interessante.

A novela Tieta foi reprisada esse ano pelo canal Viva e minha mãe é assídua telespectadora do canal. Por isso, sempre passando alguma coisa, eu via algo aqui, algo lá e, quando percebi, me apaixonei por essa novela e acompanhava sempre.

Não posso dizer que vi todos os capítulos, seria uma grande mentira. Mas novela é assim, assistindo por amostragem você entende tudo. Claro que sempre tem uma mãe mal-humorada para responder as nossas perguntas no dia que vemos.

A novela é claramente inspirada no livro apenas. Embora quase na totalidade os personagens sejam os mesmos, haja inúmeras histórias aproveitadas, até mesmo diálogos, impossível uma novela ser idêntica a um livro. Mas não é que foi melhor?

A putaria é mais light que no livro, mas ainda assim é considerada uma das novelas mais sexuais da televisão brasileira, com nudez, insinuação de sexo anal, orgias, estupro, pedofilia, enfim, o negócio não foi leve.

Para romantizar a história, desenvolver alguns personagens, o que é necessário no formato de novela, há diversas mudanças e quando lemos o livro, entendemos as razões dela. Há um coronel mais presente e forte, mas é um pedófilo que compra meninas para ter seu harém. Há uma misteriosa mulher de branco que “abusa” sexualmente dos homens. Resultado? Vários deles vagam pela noite para serem “atacados” por ela.

A personagem Perpétua é bem mais vilã e guarda um mistério dentro de uma caixa branca. Insinua-se claramente que é o “dito-cujo do falecido”.

Entre outras situações, a novela Tieta é bem engraçada, com excelentes atuações de Joana Fomm, José Mayer, Paulo Betti, Armando Bógus, Miriam Pires, Lília Cabral, Bemvindo Sequeira e, óbvio, Betty Faria, que é a cara da Tieta. Não tem como ser outra.

Há muitas inclusões, com chantagens, mistérios, romances complexos, enfim, tudo aquilo que uma novela tem. Mas o tom de deboche e os termos nordestinos como “digue”, “calundu”, “desarvorado”, “xibiu” e outros, são de matar de rir.

Não posso deixar de dizer que quero muito um dia poder experimentar a frigideira de maturi.

A trilha sonora me acompanhou nesse final de ano para entrar no clima. Vai minha preferida:

Fica o registro de algo bem-humorado. Jamais iria ao ar na televisão de hoje, com tempos mais prudentes e respeitadores de direitos, mas que em vários momentos não deixa de ser puritano e hipócrita.

De todo modo, recomendo livro e novela Tieta para sempre! O filme não vi e não estou curioso. Quem sabe no futuro?

FDL

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Investigação Discovery – Novembro e Dezembro

Não tem jeito, continuo vendo esses documentários de forma intensa. Comento as temporadas que acabaram nos últimos dois meses.

Segredos Bem Casados (Married With Secrets) – 1ª Temporada

segredos bem casados

Gostei muito dessa sequência. São 08 episódios que tratam de crimes relacionados a casais em que há mentiras e vidas duplas.

Eu fico impressionado com a quantidade de famílias paralelas, traições obsessões, que terminam em morte.

Destaco o episódio do professor universitário que simplesmente jogou a vida fora ao se apaixonar por uma prostituta. Além desse, o do policial que resolveu ter um caso extraconjugal com uma colega de delegacia – péssima ideia.

Há uma segunda temporada, que em breve deve estrear no ID. Acompanharei se ainda estiver nessa fase.

A Caixa de Pandora (Pandora’s Box: Unleashing Evil) – 1ª Temporada

caixa de pandora

Assisti despretensiosamente, achando ser aqueles programas da emissora que são bem caricatos, com interpretações forçadas. Nada disso. Essa série de crimes reais é uma das mais fortes que eu vi no canal até agora.

O foco dessa série é de mostrar como depois de delitos aparentemente simples, iniciada uma investigação criteriosa, foram descobertos crimes bizarros e fortes.

Destaco sem dúvida o primeiro episódio, Dungeon of Dread, que mostra o caso dos serial killers Leonard Lake e Charles Ng. Já havia lido sobre eles no livro da Ilana Casoy e fui reconhecendo conforme o episódio passava. Esse caso é impressionante pela agonia que sentimos apenas em ouvir as descrições das terríveis torturas físicas e psicológicas que esses assassinos causaram em suas vítimas.

Também foi interessante o caso de uma simples morte de uma esposa por overdose em um quarto de hotel, que se revelou bem mais sinistro conforme o passado era investigado.

O último também foi muito bom, que mostrou uma mulher psicopata com uma das mentes geniais para o crime, a mais impressionante que eu já vi, matando o namorado e criando todos os tipos de fraudes para lucrar e escapar da punição.

A segunda temporada começou no canal americano há pouco tempo. Logo deve voltar por aqui. Acompanharei também.

Quebra-Cabeça Criminal (Shadow of Doubt) – Temporadas 1 e 2

quebra-cabeça criminal

A primeira temporada teve 06 episódios e a segunda 10.

Os crimes nesse seriado desenvolvem casos em que houve muita dificuldade na investigação, seja por lapsos temporais, falta de esmero em alguns locais e, como ocorre muito, inteligência de alguns criminosos, que uma hora acabam falhando e são pegos.

Destaco o primeiro episódio, que foi um caso brutal de estupro e assassinato, envolvendo uma problemática estudante de Ensino Médio, líder de torcida.

Os casos são interessantes e prendem. Ainda não sei se haverá mais. Mas gostei também.

Vidas de Fé e Crime (Sinister Ministers: Collared) 1ª Temporada

vidas de fé e crime

São apenas três episódios, que mostram padres, pastores, enfim, sacerdotes, com vidas duplas que esconderam até que tragédias ocorreram.

Obviamente os motivos variam em apenas dois recorrentes temas: dinheiro e sexo. O que move o mundo e retira as pessoas do eixo.

Não é dos melhores e as histórias são um pouco cansativas. De todo jeito, não parece que haverá mais histórias.

Castelo dos Horrores (The Murder Castle)

castelo dos horrores

Esse especial em três episódios foi insistentemente anunciado pelo canal para os dias de Halloween. Trata-se da história do Dr. Holmes, que construiu um hotel cheio de armadilhas para matar diversas mulheres, tornando-se um dos mais antigos serial killers conhecidos, final do século XIX.

Achei lento e cansativo. Como o formato é todo em dramatização, já peca pela qualidade dos atores e da história. Não consegui ver tudo e achei muito chato.

Prometeram demais e criaram expectativa. Erro.

Jovens Desaparecidos (Last Seen Alive)

jovens desaparecidos

São 06 episódios que mostram famílias desesperadas atrás de pessoas que fugiram ou sumiram sem explicação.

Se não me engano e não estou com saco de me certificar, todos os episódios passam-se no Canadá.

Além disso, há a ajuda de especialistas em encontrar pessoas desaparecidas, o que supostamente dá nova luz a casos, já que em alguns deles já passou muito tempo desde a última vez que foram vistos.

Em vários casos há famílias desestruturadas, problemas psicológicos e envolvimento com drogas e prostituição.

Não fez muito minha cabeça e só terminei de ver todos os episódios por motivos de TOC mesmo. É cansativo e dramático. Fora que tem muita aparência de armado.

Bill Cosby: An American Scandal

bill crosby

Foi um especial em apenas um episódio, contando a trajetória do ator e humorista que se envolveu em um grande escândalo sexual, sendo acusado de abusos e estupros por diversas mulheres. De referência como ator, Bill Cosby se tornou em um criminoso.

Eu já havia lido notícias a respeito desse caso e programas como o Saturday Night Live fez muita chacota do estuprador. Mas não tinha noção de certos detalhes do caso.

É uma história bem nojenta.

O documentário mostra vítimas narrando a violência sofrida e também revela detalhes do caso.

O problema é que ainda não acabou tudo, com condenações e tudo que tem direito. A impressão é de que vemos algo desatualizado. Mesmo assim, vale a pena ver.

Bom, acho que está bem para 02 meses, não? Há outros em andamento e mais a estrear. Fica para um próximo post.

FDL

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Corra!

corraFilme: Corra! (Get Out)
Nota: 9,5
Elenco: Daniel Kaluuya, Allison Williams (A Marnie de Girls), Bradley Whitford, Catherine Keener
Ano: 2017
Direção: Jordan Peele (também escreveu)

Último filme do ano. Já começo a me preparar para o vindouro Globo de Ouro no começo de janeiro.

Já estava curioso com esse filme desde que li diversas críticas mencionando que era uma obra tensa e bem diferente do que costuma aparecer no estilo. Valeu também trazer atores nem tão conhecidos assim.

De fato é bem diferente e tem uma tensão que não consigo explicar. A partir de hoje é o filme que denomina thriller psicológico para mim.

“Chris (Daniel Kaluuya) é jovem negro que está prestes a conhecer a família de sua namorada caucasiana Rose (Allison Williams). A princípio, ele acredita que o comportamento excessivamente amoroso por parte da família dela é uma tentativa de lidar com o relacionamento de Rose com um rapaz negro, mas, com o tempo, Chris percebe que a família esconde algo muito mais perturbador.”

As cenas de racismo são muito boas. Mostra de forma bem clara as pessoas pseudo-corretas, que utilizam diversas formas de criticar o racismo de modo condescendente, ou falando mais do que precisavam. Tudo isso soa falso, porque, de fato, é falso.

Além disso, a violência final é tensa, brutal, visceral. Esse filme mexe com a gente tanto no comportamento, como na parte psicológica, quanto nas imagens.

Realmente um dos melhores do ano e espero que leve algum prêmio na temporada que está chegando.

FDL

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Whitney Cummings – I’m Your Girlfriend

whitney hbo

Apareceu esse stand up esses dias na HBO e resolvi ver. O que eu conhecia da Whitney até hoje era a saudosa série 2 Broke Girls, que tinha de melhor o texto, dela. Além disso, já tinha visto o piloto da comédia que tinha o nome dela, mas lembro pouco, apenas que não era ruim.

Esperava algum tipo de humor bem escroto, ao estilo da supracitada série.

Escroto realmente é, mas o engraçado é bem médio. Em vários momentos eu via a tentativa dela de apelar para ser engraçada, mas não rolava.

Claro que há passagens boas, sobretudo quando ela interage com a plateia. Mas infelizmente não me conquistou não.

Fica para uma próxima, Whitney

FDL

domingo, 17 de dezembro de 2017

Black Hole – Charles Burns

black hole

Parece que não tem jeito, entrei no mundo das hqs. Esse livro me interessou pela sinopse e também depois de folheá-lo na livraria. A arte dos desenhos, os traçados, são bem interessantes.

A história, pelo que li, foi compilada, depois de várias publicações de forma avulsa. O universo é o de jovens estudantes que estão contaminados por algum tipo de doença sexualmente transmissível, mas que se manifesta de forma bizarra.

Há uma jovem que desenvolve um rabo, outra que troca de pele como uma cobra. Há um cara em que nasce uma nova boca no pescoço, além de vários perebentos e esquisitos.

Acima de tudo, essa hq mostra jovens que estão perdidos em uma vida livre. Gozam de liberdade sexual, utilizam drogas à vontade, dialogam sobre o assunto que querem e, mesmo assim, não se encontram no mundo.

A parte sexual é bem explícita, tal qual a violência. A história nos prende e, apesar de se tratar de um livro com várias páginas, acabei lendo tudo de uma vez.

Não foi a melhor leitura da minha vida, mas não deixou de ser interessante.

Recomendo.

FDL

sábado, 16 de dezembro de 2017

Masterchef Profissionais – 2ª Temporada

masterchef profissionais 22

Essa temporada do Masterchef Profissionais foi bem melhor que a primeira. Houve uma disputa mais honesta, sem questões pessoais ou de fora da cozinha.

Os próprios jurados estavam mais calmos. Até achei que babaram ovo demais para os participantes. Mas melhor assim.

Eles participaram de casamentos, provas visuais, animais exóticos, culinária de países distantes, enfim, houve de tudo novamente. Realmente não há mais a mesma empolgação e inspiração de antes, mas desde que a produção continue selecionando participantes interessantes, o programa continua bom.

masterchef profissionais 2

O campeão dessa temporada foi o cozinheiro Pablo, que não era o meu preferido, mas gostava mais dele do que do outro finalista, Francisco.

As duas participantes de quem mais gostava eram a arretada Irina e a Lubyanka, que passou a temporada inteira misturando inglês e português. Também teve o malucão Ravi, que merecia muito ter ganho também.

Valeu, continua sendo uma boa opção das terças-feiras.

FDL

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Exathlon Brasil

exathlon-brasil

Se teve algo na televisão que marcou esse final de ano, certamente foi o Exathlon Brasil.

Foi um reality show exibido pela Band que mostrou 20 participantes em um local praiano paradisíaco na República Dominicana. O desafio era realizar provas de destreza física, convivendo em dois times em situação de restrição de alimentação, higiene e conforto, em acampamentos na praia.

Os times eram divididos entre Heróis e Guerreiros. Heróis são atletas e profissionais já consagrados e conhecidos, entre eles, os medalhistas olímpicos Maurren Maggi e Giba. Além deles, destaco o surfista Pedro Scooby, o patinador Marcel Stürmer e a ginasta Daniele Hypolito.

Já o time de guerreiros é formado por pessoas que se inscreveram no programa, atletas amadores ou profissionais em início de carreira, que têm paixão por aventuras.exathlon elenco

O programa começou em setembro e foi diário, sendo que em alguns dias havia duas exibições! Foi uma porrada de conteúdo.

Havia disputas sempre em duelos, que somavam pontos e davam direitos a alimentos especiais, acampamento melhor, contatos limitados com a família e claro, fugir de eliminações semanais.

O clima era de intensa competitividade, com provocações, vibrações e atletas que se dedicavam muito, apesar das dificuldades que passavam.

O programa teve problemas. A audiência no início foi ruim, melhorando discretamente no final. O atleta Giba chegou a desistir e houve boatos de maus tratos e até de gente doente. A direção fez ajustes e confesso que não perdi um. A adrenalina de torcer todo dia pelos atletas preferidos, sem lenga-lenga de reality show foi muito bom.

No final, o patinador Marcel Stürmer foi o campeão, merecidamente. Mas o programa final foi esquisito, sem a presença o apresentador Ernesto Lacombe, jornalista vindo da Globo, que fez um excelente trabalho no Exathlon.

Destaco também o aproveitamento das franquias internacionais. Por isso houve diversas disputas entre participantes do Brasil contra os do México.

Havia muito o que falar e esse programa rendeu bastante, sobretudo com lições sobre saber perder e saber ganhar. Respeitar os limites do próprio corpo foi o segredo, além de manter a cabeça sã.

Espero que volte em uma nova temporada, mas reconheço que as chances são baixas, pois a Band é muito amadora e perde as oportunidades boas que tem.

Fica na memória como um exemplo de bom reality show.

FDL

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

De Volta Para Casa

de volta para casaFilme: De Volta para Casa (Home Again)
Nota: 7
Elenco: Reese Witherspoon, Michael Sheen, Candice Bergen, Pico Alexander, Jon Rudnitsky
Ano: 2017
Direção: Hallie Meyers-Shyer

A Reese está em crédito comigo nesse ano, desde Pequenas Grandes Mentiras. Por isso, topei ver esse filme com a Pheebs, que chorou no trailer (?).

É mais uma comédia boba, idealizada e açucarada. Feito para mulheres mesmo, pelo menos aquelas que curtem esses filmes. Tem seu valor, cenas divertidas e é uma opção leve para assistir.

Não sei por quanto tempo vou lembrar que vi esse filme, mas fica o registro. Não é ruim.

Histórias com mulheres na casa dos 40 anos e se redescobrindo após casamentos/relacionamentos ruins é comum no momento de uma nova fase de empoderamento feminino.

De todo jeito, não é uma discussão muito profunda não, só mais um filme que segue a onda.

Mas recomendo sim.

FDL

domingo, 10 de dezembro de 2017

TOC

tocFilme: TOC: Transtornada Obsessiva Compulsiva
Nota: 6
Elenco: Tatá Werneck, Luis Lobianco, Vera Holtz, Ingrid Guimarães, Bruno Gagliasso, Daniel Furlan
Ano: 2017
Direção: Paulinho Caruso, Teodoro Poppovic

Resolvi aproveitar a chance e ver uma comédia nacional. Às vezes há preconceito contra elas. Algumas são realmente engraçadas e uma boa opção de divertimento em casa.

Não foi o caso do filme novo da Tatá Werneck. Eu gosto muito dela, acho uma das mais engraçadas da geração, pelo jeito autêntico e completamente maluco. Mas esse filme é bem ruim.

Há muitas cenas non sense, que são a cara dela, mas o filme não tem nexo nenhum e em vários momentos é confuso, sem propósito e a cada piada que vemos e não rimos, morre um pouco nossa vontade de gostar desse filme.

Não foi dessa vez. O excesso de putaria e palavrão a cada diálogo não me pareceram naturais e sim mais uma tentativa de atrair a audiência. Isso não basta.

Fica para a próxima.

FDL

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Assassinato no Expresso do Oriente

expresso oriente 1Filme: Assassinato no Expresso do Oriente (Murder on the Orient Express)
Nota: 9
Elenco: Kenneth Branagh, Johnny Depp, Penélope Cruz,
Michelle Pfeiffer
, Judi Dench, Olivia Colman, Willem Dafoe, Josh Gad
Ano: 2017
Direção: Kenneth Branagh

Acredito que esse tenha sido meu filme mais aguardado do ano. Primeiro que é mais uma versão de um livro que foi dos responsáveis pela minha paixão em ler. Além disso, o elenco e a proposta foram bem ousados: somente atores bem consagrados e uma visão tanto na história quanto visual, que misturou elementos modernos com o ar clássico da literatura de Agatha Christie.

Só pelo trailer já fiquei curioso. Eles colocaram uma música de Imagine Dragons, com imagens em filtro todo modernoso. Algumas pessoas, sobretudo os fãs mais puristas, detestaram a ideia, tanto que no filme a música não toca. Eu já gostei. É somente mais uma visão, não interfere na verossimilhança. Além do mais, essa foi uma das minhas músicas preferidas no ano.

Quanto ao filme, que saudades dava em estar em uma sala de cinema na ansiedade por um belo suspense. Se queriam efeitos especiais, já que somente isso é importante hoje, também teve.

É fácil de perceber as mudanças feitas na história para que o grande público comprasse a ideia, literalmente. Cinema é bilheteria. Vimos o que aconteceu com a trilogia Millennnium, que até indicação ao Oscar teve, mas cadê as continuações, que não foram tão rentáveis?

Desse modo, reforço que não dá para ser tão purista com relação à história original. Há diversas mudanças periféricas. Uma etnia trocada ali, um perfil físico de personagem lá e supressões. Até aí tudo bem.

Minha única crítica foi com relação às alterações na personalidade de Poirot.

Foi complicado retirar da cabeça a imagem do personagem, que é um dos meus preferidos na vida, da figura do genial ator David Suchet, que consagrou Hercule Poirot por décadas na televisão inglesa. Mas estava de mente aberta e até gostei muito da interpretação do ator Kenneth Brannagh.

Porém, houve traços adicionados que a meu ver eram desnecessários e passaram uma ideia de um Poirot que não existe. Sobretudo com relação às cenas finais e ele entregando-se a uma possível morte, ou relembrando um antigo amor, ou até mesmo em algumas cenas de vulnerabilidade que não combinavam com ele. Minha única crítica ao filme.

expresso oriente 2

Fora isso, eu vivo para ver atores com personagens misteriosos, fazendo olhar de suspense do tipo “sei demais e desconfio de todos”. Claro que as cenas de flashbacks são a cereja do bolo.

Esse livro, que é um dos meus preferidos na literatura, precisava ser relido antes de ir ao cinema (na estreia, claro).

Eis.

Assassinato no Expresso do Oriente - Agatha Christie

“ – Minha vida foi ameaçada M. Poirot. Mas sou dos homens que sabem cuidar de si. – Retirou uma pequena pistola automática do bolso do casaco, mostrou-a e guardou-a novamente. – Não sou o tipo de homem que pode ser apanhado dormindo. Mas quero estar duplamente seguro disso. Creio que o senhor é o homem indicado para o meu dinheiro, M. Poirot. E, lembre-se, muito dinheiro.

Poirot olhou-o pensativamente por alguns minutos. Seu rosto não dizia absolutamente nada. Ratchett não poderia adivinhar o que lhe passava pelo pensamento.

- Lamento, Monsieur – disse com convicção -, mas tenho sido muito feliz na minha profissão. Ganhei o suficiente para satisfazer tanto meus desejos como meus caprichos. E agora só aceito casos que... me interessam.

- O senhor tem muito bons nervos – disse Ratchett -, mas será que vinte mil dólares não o tentariam?

- Absolutamente.

- Se o senhor está barganhando por mais, não conseguirá. Sei quanto as coisas valem exatamente.

- Eu também, M. Ratchett.

- O que há de errado com a minha oferta?

Poirot ergueu-se.

- Se me desculpar a observação pessoa, eu não gosto da sua cara, M. Ratchett – dizendo isso, foi deixando o carro-restaurante.”

Agatha Christie

livro expresso orienteEsse livro é lido de uma vez só. Nem chega a ser exageradamente curto, mas é totalmente viciante e cativante.

O mistério se passa quase que inteiramente no trem conhecido como Expresso do Oriente, que ia da Turquia até a Inglaterra (ainda existe, mas em trechos menores).

O período é o entre guerras, às vésperas da segunda. Diversas pessoas de alta classe social viajam no trem que está estranhamente lotado para essa época do ano. O detetive belga Hercule Poirot precisa voltar a Londres para uma emergência profissional e acaba embarcando em cima da hora.

No local, um bizarro homem chamado Ratchett procura pelo detetive, temendo pela sua vida (diálogo epigrafado). Porém, ele é brutalmente assassinado a facadas de uma forma misteriosa, ficando evidente que o assassino está dentro do trem, pois ele está preso em uma nevasca.

O ambiente claustrofóbico é o ponto principal no suspense. Fora isso, ele é um “clássico” Agatha Christie: personagens elitizados, suspense psicológico, sala fechada, todos são suspeitos e todos mentem, além de estar nos detalhes o deslize do assassino.

As cenas finais são minhas preferidas. Hercule Poirot reúne todo o elenco em uma sala (os que não foram assassinados durante a história) e revela o assassino, não sem antes demonstrar passo a passo a linha de raciocínio que o fez chegar à conclusão.

Esse tipo de livro criou minha paixão por ler e essa releitura em 2017 era o que eu precisava nesse finalzinho.

Recomendo Agatha Christie e Poirot eternamente.

FDL

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Cuidado com o Slenderman

slendermanFilme: Cuidado com o Slenderman (Beware The Slenderman)
Nota: 9
Ano: 2016
Direção: Irene Taylor Brodsky

Esse documentário estava na minha lista há algum tempo para ver na HBO. Chegou a hora.

“Nos anos 2000, um concurso na Internet encoraja pessoas a criarem um monstro fictício. Assim nasce o Slenderman, homem altíssimo, de braços longos e tentáculos nas costas. Ele não tem rosto, não fala uma palavra sequer, mas ataca criancinhas. Em 2014, uma história real desafia a ficção: duas garotas de doze anos de idade acreditam que o Slenderman pode ameaçar suas famílias caso elas não matem uma colega de sala. As duas entram numa floresta e esfaqueiam a amiga dezenas de vezes, antes de deixá-la para morrer. O documentário investiga a história particular das agressoras e o poder das lendas da Internet entre os adolescentes e pré-adolescentes.”

Assistir a isso não é muito fácil não. É pesado e direto. Mostra uma violência por parte dessas meninas que em alguns momentos pensamos ser obra de ficção.

Esse documentário mostra que ainda temos muito a evoluir em questão de crime e castigo, sobretudo quando há a questão de distúrbios mentais envolvidos. Isso ocorrendo com crianças então dá uma sensação grande de desesperança.

Agora, com valor material, sem dúvidas Cuidado com o Slenderman deve ser visto por todos, sobretudo por pais que simplesmente abandonam seus filhos com tablets e computadores achando que assim eles não enchem o saco.

Essa história ainda tem julgamentos por vir e quero acompanhar para saber o que acontecerá com essas meninas de verdade.

É pesado e necessário.

FDL

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Negação

negaçãoFilme: Negação (Denial)
Nota: 9
Elenco: Rachel Weisz, Tom Wilkinson, Timothy Spall (Rabicho)
Ano: 2016
Direção: Mick Jackson

Estava escolhendo algo da HBO para ver e essa sinopse me chamou a atenção:

“Deborah E. Lipstadt (Rachel Weisz) é uma conceituada pesquisadora que, em seu livro, ataca veementemente o historiador David Irving (Timothy Spall), que prega que o Holocausto não existiu e é uma invenção dos judeus para lucrar mais. Julgando-se prejudicado pelo que foi publicado, Irving entra com um processo por difamação contra Deborah. Só que, pelas leis britânicas, em casos do tipo é a ré quem precisa provar a veracidade da acusação. Logo ela se vê em uma disputa judicial que, mais do que envolver dois estudiosos da História, pode colocar em dúvida a morte de milhares de judeus durante a Segunda Guerra Mundial.”

Gostei muito dessa proposta, até depois vi que tem um livro, mas este ficará para depois, porque com leituras estou sobrecarregado. Vale ressaltar que é inspirado em fatos.

A interpretação da Rachel Weisz está impecável, como sempre. A do Rabicho também, embora forcem no maniqueísmo, sobretudo nas cenas de tribunal.

Não que eu queira relativizar, mas acho que mocinhos e vilões ficaram marcados demais. De todo modo, a discussão travada nesse filme foi muito importante para não dar argumentos para os negacionistas crescerem, mas o mundo de agora mostra que sempre há espaço para ódio e rancor.

O filme é muito bom. Ter o sistema judiciário inglês e atores ingleses deixam tudo mais solene e agradável de ver.

Destaco uma conversa dela com o advogado e ele menciona que nem sempre o que parece ser certo, o que sentimos ser certo, é o certo de verdade. Gostei disso.

Recomendo muito esse filme, sem saber se foi sucesso de bilheteria e crítica.

FDL

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

O Padrasto

o padrastoFilme: O Padrasto (The Stepfather)
Nota: 7
Elenco: Penn Badgley, Dylan Walsh
Ano: 2009
Direção: Nelson McCormick

Olha lá o Corujão me fazendo parar para ver um filme. Talvez tenha sido aquela preguiça de ir dormir sem o arguile ter apagado completamente, mas, começamos, ficamos curiosos e terminamos concluindo: valeu a pena?

Esse filme é um remake, no estilo daquele Paranoia, feito alguns anos antes. Penn Badgley é um jovem problemático, que começa a desconfiar que o novo marido da sua mãe não é quem diz ser e tem um comportamento estranho.

Há a namorada bonita, as cenas tensas, o final previsível, tal qual as atuações. Mas não chega a ser ruim, apenas descartável. Valeu a pena escrever aqui sobre ele, porque certamente já vou esquecer desse filme em breve.

Acho legais os remakes que dão uma nova roupagem a sucessos do passado, mas eles precisam trazer algo de interessante, senão fica evidente a falta de inspiração.

De todo jeito, adolescentes devem gostar.

FDL

sábado, 18 de novembro de 2017

Com a Bola Toda

dodgeballFilme: Com a Bola Toda (Dodgeball: A True Underdog Story)
Nota: 8,5
Elenco: Vince Vaughn, Ben Stiller, Justin Long e várias participações especiais
Ano: 2004
Direção: Rawson Marshall Thurber

Qual filme selecionar quando temos uma cervejinha gelada, uns petiscos e vontade de dar risada? Isso mesmo, qualquer comédia dos anos 2000. Mas dessa vez escolhi a ideal para rever.

Esse filme é bizarro, preconceituoso, machista, violento, absurdo e, mesmo assim, muito engraçado, sem me ofender.

Com a Bola Toda é o filme em que o Bem Stiller está no seu melhor. Eu passo mal só de lembrar da dancinha do time dele entrando em campo imitando najas.

Várias piadas que ficaram na minha cabeça por anos e que viram referências são lembradas. Esse filme é muito bom para relembrar.

Recomendo para quem gosta de ser feliz.

FDL

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Que Horas Ela Volta?

que horas ela voltaFilme: Que Horas Ela Volta?
Nota: 9,5
Elenco: Regina Casé (qualquer outra pessoa do filme não interessa)
Ano: 2015
Direção: Anna Muylaert

Foi um filme muito comentado em 2015, mas eu não estava no clima para ver isso e sentia que não era o momento. Eu sabia do que se tratava porque o trailer é bem evidente com o ponto da história.

Regina Casé interpreta a empregada doméstica Val, que mora no serviço e é “como da família”, sendo tratada com educação e respeito sempre. Val deixou a família no nordeste para tentar a vida em São Paulo e acabou perdendo o contato com a filha, com quem tem uma relação difícil.

O negócio é que Val sente-se muito grata pelo seu quartinho, que até televisão tem! Possui atitude extremamente subserviente e acredita que no mundo há dois tipos de pessoas: patrões e empregados.

O acontecimento que sacode sua vida é a vinda de sua filha, Jéssica, para São Paulo. A garota vem prestar Fuvest e passa uns dias com a mãe.

Val fica eufórica em tentar restabelecer a relação com a filha, que será bem recebida pelos patrões, que fizeram questão de comprar um colchonete para ela ficar no quarto com a mãe.

Não sabemos muito sobre a vida de Jéssica em sua cidade, mas ela demonstra ser estudiosa e ter personalidade. Ela não assimila essa divisão de pessoas que a mãe tem como absoluta. Quando se comporta como uma hóspede e não a filha da empregada, a própria patroa se incomoda.

Esse filme é cheio de cenas que demonstram essa visão de distinção entre patrões e empregados, uma realidade que é um fato. Nós mesmos em alguns momentos nos pegamos achando a menina entrona e folgada. Só o final do filme dá um belo tapa na nossa cara, mostrando como é fácil despersonalizarmos aqueles que não têm poder.

Não tenho o hábito de dar spoilers, mas confesso que a cena final na piscina e o jogo de café estão entre os momentos mais bonitos do cinema na minha opinião. Que filme!

Confesso também que nunca fui muito fã da Regina Casé, sobretudo por não concordar com o que era feito no programa dela na Globo. Mas, que atriz! Não tem o que dizer!

Esse filme ficou muito tempo na minha cabeça, até por isso demorei pra fazer esse post. Não conseguirei me desprender dele por um tempo e já fiz minha mãe assistir.

Recomendo muito, com certa vergonha de ter demorado tanto para ver.

FDL

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

O Último Jantar

last superFilme: O Último Jantar (The Last Supper)
Nota: 9
Elenco: Cameron Diaz, Courtney B. Vance e mais uma galera aí dos anos 90
Ano: 1995
Direção: Stacy Title

Que grata surpresa foi esse filme! Estava aproveitando as novidades das gravações e streaming que a tecnologia me proporcionou e acabei topando com essa sinopse, que me chamou a atenção. Apesar de ser fã assumido do cinema dos anos 90, nunca tinha ouvido falar de O Último Jantar. Enfim, eis a sinopse:

“Um dos cinco moradores de uma casa em Iowa convida para jantar um homem que lhe deu uma carona, mas à noite sofre uma reviravolta quando o recém-chegado ataca um dos seus anfitriões e acaba sendo morto pelos amigos destes. Após este episódio os 5 concluem, que deixaram o mundo melhor matando-o e passam a, rotineiramente, convidar para jantar pessoas com tendências radicais, sendo que se defenderem argumentos descabidos são envenenadas durante a refeição.”

Até aí, achei que seria mais um suspense clássico dessa época, que por algum motivo não desculpável eu deixei passar. Ledo engano.

O grupo de moradores da casa é de intelectuais, todos estudam diversas ciências humanas e fazem mestrados e outras especializações do tipo. São extremamente orgulhosos de suas inteligências e erudição. São tão orgulhosos que passam à arrogância.

Após matarem o primeiro homem, que era desprezível e violento, um criminoso procurado, o grupo desenvolveu um senso de legitimidade em matar aqueles que achavam não ser bons para o mundo.

Claro que o filme critica essa legitimidade da violência utilizando extremos como metáfora. Isso é o mais legal, porque quando menos percebemos, os jovens estão matando qualquer pessoa que pense diferente deles e suspeitam haver algo de errado.

Em um minuto, os progressistas libertários se tornaram tiranos violentos e preconceituosos. Provaram do próprio veneno, aliás, alegoria pela forma como matavam as vítimas e o que faziam com elas depois no jardim.

No final, é um filme inteligente e fico surpreso por não ser tão conhecido. É uma crítica válida àqueles que por mais intenções nobres tenham, se acham superiores aos outros com suas ideias.

Esse filme acabou sendo um dos meus favoritos nesse ano pela despretensão e como ele me marcou no final, porque eu mesmo me sinto capaz de ser intolerante em vários momentos. Vale a autocrítica para todos.

FDL

sábado, 11 de novembro de 2017

A Garota Na Teia de Aranha – David Lagercrantz

A Garota Na Teia de Aranha“Mas não houve nenhuma reação, nenhum sorriso, nenhum comentário, nada. A garota simplesmente começou a jogar mais depressa, como se quisesse pôr fim àquela humilhação, e por que não? Arvid estava mais do que disposto a abreviar aquele processo o máximo possível e levar a garota para tomar dois ou três drinques em algum bar antes de cair matando sobre ela. Não tinha a intenção de ser especialmente gentil na cama. E provavelmente ela depois ainda lhe agradeceria. Para estar azeda daquele jeito, só podia fazer tempo que ela não transava, e também não devia estar muito acostumada com caras bacanas como ele – e que ainda por cima jogava um xadrez daquele nível. Arvid resolveu se exibir e começou a explicar as teorias avançadas do xadrez; mas sua exibição não levou a nada. Algo parecia estar errado. Arvid começou a enfrentar no jogo uma resistência inesperada que ele não conseguia entender, uma espécie de estagnação, e por muito tempo continuou dizendo a si mesmo que aquilo era só uma impressão passageira, ou então o resultado de jogadas precipitadas. Sem dúvida ainda conseguiria endireitar as coisas se conseguisse se manter concentrado na partida, portanto, mobilizou todo o seu instinto matador. Mas as coisas só pioraram para ele.”

David Lagercrantz

Meu plano era ler esse e também o próximo, mas não rolou. Acredito que eu fui uma das pessoas que sentiu falta da letra do autor original, não conseguindo confiar nesse texto.

Não há nada específico que eu possa criticar, mas só tive a impressão de que essa continuação foi apenas mais um suspense comum, como outro qualquer.

A história em si não é ruim, mas também não andava muito e circulava demais no mesmo lugar. Ainda vou ler o próximo, mas vou esperar um tempo, porque esse livro não chegou nem perto da trilogia original Millennium.

A troca de autor me incomodou bastante e fica perceptível em diversas passagens.

Não deixo de recomendar, mas aviso para não ter expectativas muito altas.

FDL

terça-feira, 31 de outubro de 2017

Investigação Discovery em Setembro e Outubro

Nesses últimos tempos, com a minha incursão nos true crimes, acabei dando mais atenção a esse canal.

Em algumas situações ele é péssimo: não há uma guia decente, não há uma grade fixa, dificilmente você encontra facilidade em ver uma temporada inteira de uma série e também não há um site com melhores explicações sobre o conteúdo. Uma pena o que essas empresas fazem com o Brasil. Jogam o conteúdo de qualquer jeito, porque aqui todo mundo aceita.

Ainda assim, isso não é o pior. Toda a programação é dublada. Os depoimentos em documentários criminais são sofridos. Diversos canais disponibilizam a opção de áudio original com legendas em português. Não é o caso do ID. Nada de legendas. Logo, só assisto com áudio original quando estou sozinho.

Agora, quando se trata do conteúdo, ele é praticamente todo produzido lá fora e a situação se altera. Utilizando a grande facilidade das gravações programadas, consegui nessas últimas semanas acompanhar algumas séries completas do canal, que são muito interessantes.

O bom é que as séries de documentários são temáticas (e bem específicas, por sinal) e com temporadas curtas. Já comentei recentemente o caso da Casey Anthony, O.J. Simpson e o Anatomia do Crime (esse nacional). Eis os que vi recentemente:

Casos Reais com Maria Elena Salinas

salinas

Certamente foi o seriado de documentários que mais gostei de ver. Maria Elena Salinas é uma jornalista que mostra 13 documentários de crimes polêmicos, com repercussões e apelo emocional ocorridos nos EUA.

Diversos são impressionantes, mas o caso da boate Pulse chamou muita a atenção. Além disso, destaco os casos de erros judiciais que são impressionantes.

O mais importante dessa série é a forma com que Salinas entrevista as pessoas e narra os crimes.

Tomara que haja mais temporadas

Na Cena do Crime com Tony Harris

tony harris

O jornalista Tony Harris investiga crimes ocorridos em comunidades que são impactadas pelos casos. São 06 episódios de homicídios bem diferentes, com um apresentador que se enfia nos casos até saber a fundo tudo o que houve.

Também gostei muito desse jornalista.

Destaco o primeiro episódio, da morte da pequena Jodi Parrack e os efeitos que uma acusação sem provas pode fazer com uma pessoa, sobretudo numa pequena comunidade.

Além disso, chegou a deprimir o episódio final, de Cherelle Baldwin, uma jovem negra que acaba matando o marido abusivo em legítima defesa, mas sofre toda a violência de um sistema hostil e machista para tentar provar sua inocência.

A Morte Me Escolheu

mortemeescolheu

Essa série não é tão boa quanto as outras, mas vale assistir quando se está no clima. São 8 episódios sobre o detetive de homicídios Rod Demery, considerado um dos melhores de seu estado.

Os documentários são narrados pelo próprio Demery, com dramatizações. Há relatos e digressões sobre o homicídio em si, sobre a carreira policial e sobre o estado psicológico do próprio policial, já que diversos casos fazem paralelo com as tragédias pessoais que ele mesmo sofreu.

Todos os crimes envolvem a população negra norte-americana e uma realidade que os filmes não têm interesse em exportar ao mundo.

Até que recomendo, excluindo algumas passagens bem forçadas nos relatos dele.

Me parece que os documentários vieram para ficar na minha vida. Acho que em breve relato sobre outros.

FDL

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Mommy Dead And Dearest

mommy dead dearestEsse especial da HBO estava na minha lista desde o mês passado, quando acompanhei os true crimes. Mas é tanto material, que daria outro mês igualzinho e ainda faltaria tempo.

Mas não poderia deixar de passar esse documentário de que muita gente está falando.

Mostra o crime da morte de Deedee Blanchard, pela sua filiha Gypsey Rose. É um caso tão absurdo e bizarro, que você vai ficando impressionado conforme a história se desenrola, sobretudo no meu caso, que nunca tinha lido nada sobre ele.

Gypsey Rose foi tornada pela mãe Deedee um tipo de celebridade no YouTube, por conta dos seus intensos problemas de saúde, que a impediam até mesmo de andar.

Ocorre que tudo isso não passava de uma farsa. A mãe se aproveitava da atenção que tinha pela exposição, das doações que recebia e submetia a filha a diversas cirurgias e medicamentos, manipulando até mesmo médicos experientes.

O documentário mostra que a Deedee tinha o comportamento descrito na síndrome de Münchhausen por procuração. Até mencionei ter lido um caso parecido no livro O Segredo dos Corpos, nesse ano. Essa síndrome mostra um pai ou uma mãe provocando todo o tipo de doenças e lesões no filho para viver em hospitais e ter atenção com isso.

O problema é que Gypsey por mais que tivesse seu amadurecimento retardado, ele acabou chegando uma hora e a própria internet que a mãe utilizou na sua tortura psicológica foi o instrumento a que a filha recorreu para de alguma forma se libertar, conhecendo um rapaz perturbado e planejando a morte da mãe.

O especial mostra uma entrevista com Gypsey e revela uma pessoa destruída psicologicamente, até demonstrando sinais fortes de manipulação. Fico com a impressão de que como ela cresceu se relacionando assim, não sabe se comunicar de outra forma.

É tudo muito triste em como uma situação dessas passou despercebida mesmo com tanta exposição nas redes sociais. Isso nos leva a pensar novamente naquela questão de que essas plataformas são meios para as pessoas mostrarem muito mais como elas gostariam que suas vidas fossem do que como realmente elas são.

Mommy Dead na Dearest é um documentário amargo e bem pesado de assistir, mas é um grande aprendizado sobre o comportamento das pessoas, por mais doentio que ela possa a se revelar quando investigado além da camada de superficialidade das redes sociais.

FDL

sábado, 28 de outubro de 2017

O Bebê de Rosemary

Chegamos à quarta parte do mês de outubro de filmes + livros de terror. O escolhido da vez é outro clássico, O Bebê de Rosemary, com livro de Ira Levin e filme de Roman Polanski. Comecemos pelo livro:

bebe de rosemary livro“Rosemary disse: ‘Só quero ler este último capítulo’.

‘Hoje não, amor’, ele disse, aproximando-se dela. ‘Você já ficou agitada demais. Isso não faz bem nem a você nem ao bebê.’ Estendeu a mão e ficou esperando que ela lhe entregasse o livro.

‘Não estou agitada1, ela respondeu.

‘Está tremendo toda’, ele disse. ‘Faz cinco minutos que não para de tremes. Vamos, me dê esse livro. Amanhã você termina de ler. ’

‘Guy...’

‘Não’, ele disse. ‘Vamos, estou pedindo, me dê esse livro. ’

Ela disse: ‘Ohh’, e entregou o livro. Guy foi até a estante, se esticou todo e colocou o mais alto que conseguiu alcançar, em cima dos dois volumes do Relatório Kinsey.

‘Amanhã você lê’, repetiu. ‘Já teve emoções demais por hoje, com o enterro e tudo mais’.

Ira Levin

O livro é bem curtinho, você lê em pouco tempo. A história é muito bem escrita e tem um suspense que te prende. Realmente é muito semelhante ao filme, que eu já tinha visto há muitos anos.

Sobretudo a parte final, que revela o suspense, é tem um ar bem sinistro e a gente fica tenso e curioso ao mesmo tempo. Gosto quando um livro provoca esse tipo de sensação e entendo porque a história causou polêmica e burburinho no final dos anos 60.

Talvez não tenha sido o suspense da minha vida, mas como gosto muito do filme, valeu a pena ter mais essa leitura de experiência. Claro que seria a oportunidade perfeita para rever o filme. Simbora.

bebe de rosemary filmeFilme: O Bebê de Rosemary ( Rosemary’s Baby )
Nota: 9,5
Elenco: Mia Farrow, John Cassavetes
Ano: 1968
Direção: Roman Polanski

O filme é um dos meus preferidos nessa categoria. É considerado por muitos um clássico do cinema, sobretudo na categoria suspense.

O trabalho da Mia Farrow é excelente e o clima do final fica ainda melhor com a experiência do audiovisual.

Rever esse filme não mudou em nada as minhas impressões de antes, de um suspense que cresce conforme se desenvolve, sem perder a essência no final.

Continuo recomendando muito esse filmão.

FDL

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Room 104 – 1ª Temporada

room104

Eu estava decidido a não começar nenhuma série nova, mas esse lançamento da HBO chamou a atenção, não teve jeito.

Essa série segue o estilo antologia, mas é ainda mais ousada: a cada episódio há uma história diferente. Em comum há apenas o ambiente, o quarto 104 de um hotel. São épocas diferentes, personagens diferentes, até estilo é mudado. Há episódios de terror, de drama, de suspense. Alguns são centrados em religião, outros em amor e até sexualidade.

Desse jeito pode até parecer que a série não consiga uma identidade, mas é aí que fica o interessante. Tem. Não se sai do quarto em nenhum episódio e, em todos, acaba sendo gerada em quem assiste uma expectativa, nem sempre concretizada, seja por um twist, seja por uma reflexão.

Alguns episódios são meio chatos, mas destaco o primeiro, Ralphie, com um ar bem sobrenatural e cheio de suspense. O final do episódio deixa a gente meio sem saber o que pensar.

Gostei também do segundo, que tem participação do James Van Der Beek, o eterno Dawson. Essa história já é mais focada num suspense com erotização, mas o final surpreende novamente.

Foram muito bons também os episódios dos Missionários e o último também, com o casal de velhinhos, mais focados em histórias de amor.

A série parece que volta ano que vem. Certamente vou continuar vendo.

Recomendo muito.

FDL

sábado, 21 de outubro de 2017

Carrie, A Estranha – Stephen King

“ – Mas quase ninguém descobre que seus atos, na verdade, magoam realmente os outros! Ninguém fica melhor, as pessoas só ficam mais espertas. Quando fica mais esperto, você não para de arrancar asa de mosca, só imagina um motivo melhor para fazer isso. Muita gente está dizendo que tem pena de Carrie White, as meninas principalmente, e isso é uma piada, mas garanto que nenhuma delas sabe o que é ser Carrie White cada segundo de cada dia. E, no fundo, estão pouco ligando.”

Stephen King

carrie livroEis que chegamos à parte três da proposta de outubro: filmes + livros de terror.

Lembro que assisti a esse filme clássico já mais adulto. Por algum motivo passou. Com esse mês, resolvi focar mais em histórias clássicas. Depois da experiência não tão excelente com Louca Obsessão, me pareceu uma boa oportunidade de mudar a impressão que eu tinha com Stephen King. Carrie, a Estranha, o filme, também é dos meus terrores preferidos.

Aí sim, ein, fio? Um dos melhores livros que li esse ano! A história é bem curta e me prendeu do começo ao fim. Rapidinho esse livro é devorável.

Na história, Carrie é uma adolescente esquisita na escola, sofre bullying e agressões frequentemente. Ela tem um comportamento diferente por conta da criação de sua mãe, uma fanática religiosa que a submete a diversos tipos de punições.

O problema não é só esse. O baile se aproxima e mesmo que tardiamente, uma hora não tem jeito, o corpo de Carrie se desenvolve e ela passa a ficar mais adulta. Com isso, seu poder incompreendido começa a aflorar. Ela tem telecinésia.

O final do livro e do filme são clássicos. Deixo pra quem quiser ler e ver.

Claro que com essa deixa eu teria de rever o filme. O original, obviamente!

carrie filmeFilme: Carrie, a Estranha (Carrie)
Nota: 10
Elenco: Sissy Spacek, John Travolta são os que eu conheço mesmo;
Ano: 1976
Direção: Brian De Palma

Muito bom ter a chance de rever esse filme. Ele é de um suspense que vai crescendo e ficando cada vez mais insuportável. Numa mesma história temos dó, carinho e medo de Carrie.

Elenco jovem e história até que ousada para a época. Há mudanças com relação ao livro, mas sem desrespeitar a essência e sem fazer pitacos inúteis. Assim que eu gosto.

Realmente nem tem muito o que dizer desse filme. Um dos meus favoritos.

Recomendo muito.

FDL

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Encadernado Maga & Min

maga e min

Para o dia das crianças passei esse livro na frente. Nunca fui de ler quadrinhos da Disney quando criança, porque assinava Turma da Mônica, que, aliás, contribuiu muito para meus hábitos de leitura.

Mas essas duas vilãs, sobretudo a Min, clássica bruxa má de A Espada Era a Lei, são bem legais e muitas vezes esquecidas.

A Editora Abril está relançando histórias clássicas em livros realmente excepcionais. Capa dura, tamanho grande, papel nobre. Realmente são obras definitivas para quem curte esse tipo de história.

Os quadrinhos são bem divertidos, inocentes e de muito bom humor. Aliás, todas as histórias são como que catalogadas, com ano da publicação original e país. Há diversos quadrinhos dos anos 60 até mais atuais. Uma relíquia mesmo.

Depois de ler em conta-gotas, acabei o livro e o hábito me fez falta. Quem sabe vou atrás de mais livros assim agora? Há vários por aí.

Recomendo nos reconectarmos com a nossa infância às vezes.

FDL

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Sexta-Feira 13

Chegamos à segunda parte do mês de livros + filmes de terror. A primeira experiência foi meio morna, será que melhora?

livro-sexta-feira-13-darksidebooks-capa-dura-702x1024Pego o livro de Sexta-Feira 13 e ele parece vir de uma mesma coleção que o de O Massacre da Serra Elétrica. Quem assina é David Grove.

Também tem várias entrevistas sobre pré-produção, gravações, elenco, curiosidades, enfim, é bem completo com essas informações. Se é que alguém realmente se importa com alguns detalhes realmente irrelevantes:

“O Caso do Apêndice Rompido

Além do operador de cÂmera Robert Brady, que foi demitido durante as filmagens, o outro membro da equipe de Sexta-Feira 13 que deixou Blairston antes do final do filme foi Katherina (Katharine) Vickers. Ela foi contratada para ser tanto cabeleireira quando (sic) maquiadora. Diferente de Brady, Vickers não foi demitida, mas sim sofreu um rompimento do apêndice durante as filmagens, que a incapacitou de continuar e a forçou a deixar o set.”

Depois disso há uma entrevista com a nova cabeleireira, explicando seu trabalho.

Se isso não é enchimento de linguiça, não sei mais o que pode ser.

Fora isso, repito tudo que foi afirmado sobre o já mencionado livro anterior: obra graficamente impecável e com muitas ilustrações, mas realmente fraca de conteúdo.

Com essa, partiu rever filme, porque desse realmente eu não me lembrava de nada.

Sexta-Feira 13Filme: Sexta-Feira 13 (Friday the 13th)
Nota: 7
Elenco: de famoso só o Kevin Bacon
Ano: 1980
Direção: Sean S. Cunningham

Curiosamente, não lembrava de um detalhe importante. O personagem Jason, marcado na cultura do cinema, com a máscara e o facão, não aparece nesse filme. Pelo menos não assim e também não é o assassino.

O Jason famoso acabou aparecendo apenas nas intermináveis sequências.

A história é simples. Vai ocorrer a reabertura de um acampamento onde no passado ocorreu um crime bizarro. Parece tudo bem, até que todos os funcionários do novo empreendimento são caçados um a um e mortos de forma bem violenta.

O filme é bem chato nessa nova fase da minha vida. As cenas de suspense até deixam a gente tenso, mas tem algumas realmente mal feitas e longas demais.

O final, com a luta entre a protagonista e a assassina, é chata. Só a cena da decapitação foi legal.

Ele foi uma tentativa clara de seguir uma fórmula sem tentar copiar demais outras obras semelhantes, mas acabou dando certo e ficou famoso.

Ainda assim, é uma boa opção de filme e um clássico.

FDL

domingo, 8 de outubro de 2017

O Massacre da Serra Elétrica

O Massacre da Serra Elétrica [Arquivos Sangrentos]Começo o mês de outubro me desafiando a conhecer melhor filmes + livros de terror. Vamos ver no que dá.

O primeiro deles é o Massacre da Serra Elétrica.

O livro é de Stefan Jaworzyn, publicado pela editora DarkSide, com uma capa impressionantemente bonita e bem-feita. Fica assustadora, além de ter um material agradável de segurar na mão.

Quanto ao conteúdo, temos um belo problema. É claro que se trata de entrevistas e bastidores da produção do filme, de 1974. Porém, esse livro é um saco. Boa parte dele é de uma entrevista com diretores, produtores e elenco e eles falam das coisas mais desinteressantes possíveis, como o filme anterior do diretor.

Claro que há boas curiosidades, como questões de orçamento, dos perrengues de gravação, do amadorismo da produção que surpreendentemente se tornou um sucesso. Mas certamente não enche o livro, que é valioso mesmo pela beleza na estante e pela riqueza gráfica nas ilustrações.

Dito isso, partiu rever o filme clássico.

massacre filmeFilme: O Massacre da Serra Elétrica (The Texas Chain Saw Massacre)
Nota: 9
Elenco: Gunnar Hansen, que fez o famoso Leatherface se tornou o mais famoso deles.
Ano: 1974
Direção: Tobe Hooper

Esse filme é referência quando se fala dessa fase dos filmes de terror dos anos 70 que viraram cult. Já tinha visto quando adolescente e é bem interessante rever depois de tanto tempo, com novas referências, novos interesses e novas opiniões.

A história mostra cinco jovens fazendo uma viagem de carro juntos, mas chegam a um local esquisito e dão carona a um homem mais esquisito ainda. Quando param na cabana, são caçados e mortos por uma figura bizarra com máscara e comportamento louco.

Há várias cenas de violência, mas muito mais da psicológica. A protagonista passa por severas violências físicas também. Chega a ser cansativo e incômodo. É de aterrorizar aquela mesa de jantar e toda aquela decoração feita com restos humanos (há inspiração no caso do horripilante Ed Gein).

No final, tem toda a emoção que um bom filme de terror tem que ter. Não tem profundidade alguma, mas tem certamente seu valor.

Continuo gostando.

Depois disso, passados alguns dias, eis que vejo na tv a cabo a apresentação de uma das inúmeras continuações. Elas são mencionadas no livro, mas é bem evidente que nenhuma delas atingiu o sucesso do original. O elenco dessa sequência me chamou a atenção e resolvi ver.

massacre retornoFilme: O Massacre da Serra Elétrica – O Retorno (The Return of the Texas Chainsaw Massacre)
Nota: 4
Elenco: Renée Zellweger, Matthew McConaughey (começo de carreira, né? Fazer o quê? Toparam!)
Ano: 1994
Direção: Kim Henkel

Eis que 20 anos depois tiveram uma puta ideia: vamos fazer um filme bem merda? Vamos! Só usar um nome que tem apelo com o público e tirar dinheiro dos trouxas.

Tanto a Renée quanto o Matthew devem se arrepender dessa pérola. Tem tudo de clichê e de mal feito que um filme de terror ruim pode ter. Roteiro preguiçoso, atuações ruins e exageradas, falta de sentido e propósito.

Quase que eu larguei no meio, mas eu queria saber do final, onde certamente a cagada iria feder ainda mais. Dito e feito.

Que vergonha desse filme, meu deus.

FDL

sábado, 30 de setembro de 2017

Arquivos Serial Killers: Louco ou Cruel e Made In Brazil – Ilana Casoy

“Explicou que quem está preso está amaldiçoado, mas que ele ainda pode até ser sento, porque Deus é santo e seus filhos também podem ser. Acha que a pessoa tem que se esforçar para escapar do inferno, ou ela vai ficar atormentada por toda a eternidade. Se sente melhor, agora que é evangélico. Comenta os brutais crimes acontecidos nos Estados Unidos (assassinatos em massa) e nos explica que, na sua visão, esse tipo de crime acontece lá porque é um país de ateus, alvo fácil para o diabo.”

Ilana Casoy

box-arquivos-serial-killers-ilana-casoy05Na quinta e derradeira parte do Setembro true crime pego um box com dois livros. Arquivos Serial Killers, na versão Louco ou Cruel e na Made in Brazil, da Ilana Casoy.

O primeiro livro eu já tinha lido nos longínquos 2009. Até reli minhas anotações e tinha gostado bastante. Com o passar do tempo, minha memória não guardou essa leitura com tantos elogios, mas mesmo assim se trata de uma obra pioneira no tema aqui no Brasil.

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Por isso, com o relançamento bem acabado, obrigatório numa prateleira como a minha, o mês do true crime exigia a releitura e também a leitura da versão dos criminosos nacionais.

Há diversas adições, como novos casos retratados e diversos recursos gráficos, que deixam tudo mais atrativo.

Quanto à versão Louco ou Cruel, faço as pazes com esse tipo de livro. Não me parece superficial ao ponto de dar palpites desconhecidos e vejo uma linguagem próxima da jornalística em vários momentos e até literária em outros. Acredito que na época da faculdade de direito eu apenas enxergava as leituras sob aquele ponto de vista. Ainda que a autora flerte em alguns momentos com teses jurídicas, não é esse o intuito da obra.

Na época em que veio ao Brasil, esse livro nos fez conhecer diversos assassinos, que hoje em dia são considerados até mesmo ídolos da cultura pop, retrato da nossa sociedade doente. Por isso, é extremamente resumido. Dá pra se aprofundar em outras obras que, desde então, foram traduzidas para o nosso idioma.

Ainda assim, há diversos critérios e classificações que os profilers do FBI fazem como ferramenta de identificação dos criminosos seriais. Até a série Criminal Minds, que nem vejo mais, utilizou muito esses termos.

Hoje, falar de serial killers é comum. Descobrem-se vários e o sadismo e violência, infelizmente chocam cada vez menos, mas essa edição definitiva é muito importante e vale a pena conhecer.

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Já na edição brasileira, a obra é diferente. Certamente o tom é mais jornalístico nas narrações, mas certamente psicológico nas entrevistas que a autora fez.

O caso mais impressionante é o do “Vampiro de Niterói”, sem a menor sombra de dúvida. Há uma entrevista feita com ele e chega a dar arrepios a forma com que ele conta sobre seus crimes e verbaliza suas taras.

Mas mesmo assim há outros casos bem fortes no livro. Me parece que nesse Ilana é mais direta nas descrições e não poupa expor as violências sofridas e cometidas. Destaco os casos de Febrônio Índio e do Monstro do Morumbi.

A passagem do crime de Chico Picadinho é bem chata e o resumo da entrevista cheio de informações pouco relevantes. Nessa parte aí me pareceu uma encheçãozinha de linguiça.

No final das contas, esse box não é uma leitura técnica, mas sim um contato do cidadão com acontecimentos aterrorizantes tanto no nosso país quanto fora dele. Cresceu novamente no meu conceito e recomendo a leitura.

FDL