“Explicou que quem está preso está amaldiçoado, mas que ele ainda pode até ser sento, porque Deus é santo e seus filhos também podem ser. Acha que a pessoa tem que se esforçar para escapar do inferno, ou ela vai ficar atormentada por toda a eternidade. Se sente melhor, agora que é evangélico. Comenta os brutais crimes acontecidos nos Estados Unidos (assassinatos em massa) e nos explica que, na sua visão, esse tipo de crime acontece lá porque é um país de ateus, alvo fácil para o diabo.”
Ilana Casoy
Na quinta e derradeira parte do Setembro true crime pego um box com dois livros. Arquivos Serial Killers, na versão Louco ou Cruel e na Made in Brazil, da Ilana Casoy.
O primeiro livro eu já tinha lido nos longínquos 2009. Até reli minhas anotações e tinha gostado bastante. Com o passar do tempo, minha memória não guardou essa leitura com tantos elogios, mas mesmo assim se trata de uma obra pioneira no tema aqui no Brasil.
Por isso, com o relançamento bem acabado, obrigatório numa prateleira como a minha, o mês do true crime exigia a releitura e também a leitura da versão dos criminosos nacionais.
Há diversas adições, como novos casos retratados e diversos recursos gráficos, que deixam tudo mais atrativo.
Quanto à versão Louco ou Cruel, faço as pazes com esse tipo de livro. Não me parece superficial ao ponto de dar palpites desconhecidos e vejo uma linguagem próxima da jornalística em vários momentos e até literária em outros. Acredito que na época da faculdade de direito eu apenas enxergava as leituras sob aquele ponto de vista. Ainda que a autora flerte em alguns momentos com teses jurídicas, não é esse o intuito da obra.
Na época em que veio ao Brasil, esse livro nos fez conhecer diversos assassinos, que hoje em dia são considerados até mesmo ídolos da cultura pop, retrato da nossa sociedade doente. Por isso, é extremamente resumido. Dá pra se aprofundar em outras obras que, desde então, foram traduzidas para o nosso idioma.
Ainda assim, há diversos critérios e classificações que os profilers do FBI fazem como ferramenta de identificação dos criminosos seriais. Até a série Criminal Minds, que nem vejo mais, utilizou muito esses termos.
Hoje, falar de serial killers é comum. Descobrem-se vários e o sadismo e violência, infelizmente chocam cada vez menos, mas essa edição definitiva é muito importante e vale a pena conhecer.
Já na edição brasileira, a obra é diferente. Certamente o tom é mais jornalístico nas narrações, mas certamente psicológico nas entrevistas que a autora fez.
O caso mais impressionante é o do “Vampiro de Niterói”, sem a menor sombra de dúvida. Há uma entrevista feita com ele e chega a dar arrepios a forma com que ele conta sobre seus crimes e verbaliza suas taras.
Mas mesmo assim há outros casos bem fortes no livro. Me parece que nesse Ilana é mais direta nas descrições e não poupa expor as violências sofridas e cometidas. Destaco os casos de Febrônio Índio e do Monstro do Morumbi.
A passagem do crime de Chico Picadinho é bem chata e o resumo da entrevista cheio de informações pouco relevantes. Nessa parte aí me pareceu uma encheçãozinha de linguiça.
No final das contas, esse box não é uma leitura técnica, mas sim um contato do cidadão com acontecimentos aterrorizantes tanto no nosso país quanto fora dele. Cresceu novamente no meu conceito e recomendo a leitura.
FDL
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