sábado, 27 de outubro de 2007

O Cheiro do Ralo

Filme: O Cheiro do Ralo
Nota: 7,5 (no máximo)
Elenco: Selton Melo

Com certeza é um filme incomum, ponto para ele.
Mas fugir do lugar-comum não é sinônimo de qualidade.Sendo assim, vou comentar esse filme de um jeito diferente também, separando em três partes.
Sinopse (na minha opinião, já que o entendimento do enredo do filme é um pouco subjetivo), pontos positivos e pontos negativos.

Sinopse
O filme fala da história de Lourenço, um dono de antiquário que se aproveita do desespero dos outros para comprar seus pertences a preço de banana. A história avança para percebermos que ele trata também as pessoas como coisas, suprimindo em sua história, inclusive, os nomes delas e substituindo-os pela identificação material que a faz lembrar delas (lembrando que o filme é narrado em primeira pessoa).
Isso o leva a se isolar do mundo e criar em si mesmo um mundo que não faz o mínimo sentido, onde encontra em seu pai um fator chave. Tudo se passa sobre o ser humano como uma coisa e a sua vontade de comprá-los.

Pontos Positivos
É um humor único, aquele chamado de maneira errada de "negro", em que eu preferia chamar de "subversivo", "amargo", "insensível" ou até mesmo, "cruel". A atuação do Selton Melo está muito boa, fazendo serem merecidos os prêmios que o ator recebeu. O filme fala sobre a coisificação do ser humano e sobre a falta de humanidade que o dinheiro traz.

Pontos Negativos
Só o Selton Melo se salva, o resto do elenco é de dar dó de tão ruim - eu esperava mais do elenco de um filme que é chamado por muitos de "um marco no cinema nacional".
Não é marco coisa nenhuma.
O filme é chato. Eu sei que muitos filmes com propostas boas são chatos, mas esse passa dos limites.
Existe um excesso de filosofia barata, que não leva o filme a lugar nenhum.
Além de tudo o roteiro é confuso...
Alguns vínculos se tornam excessivamente subjetivos: como o ralo que ele cheira e ao mesmo tempo nega que seja o próprio cheiro dele, mas cheira para chegar perto do seu pai que ele não conheceu, mas mente pra todos que o conheceu enquanto fica jogando um olho de vidro nos outros para observá-los, mentindo que esse olho foi do pai dele que morreu na guerra. Quer mais confusão ou tá difícil?
Não acho que o filme deva ser mastigadinho, mas acho que a confusão tem que ter um propósito, e este sim deve ficar claro, senão apenas o diretor do filme é apto para assisti-lo.
Tudo ficaria bom se o desenvolvimento das questões que eu falei nos pontos posítivos fosse o foco. Não é. O foco é dar esse ar sujo e confuso, prato cheio para o suposto cinema "cult".

FDL

1 comentários:

Mila disse...

bom, fui eu quem indiquei esse filme para você, e confesso que achei mesmo que você iria gostar..

eu concordo que o filme seja confuso, mas acredito que é intencional. porque a confusão com relação à historia do pai do personagem do selton melo, que vc destacou, só começa no meio da trama, depois que ele mesmo se torna meio confuso (ou louco, como queira). ele surta com essa história do olho. Não que ele já não fosse alguem anormal. que achava que podia tratar a todos como coisas...que insistia que o cheiro do ralo n era dele, mas gostava do cheiro do ralo (talvez uma referencia à podridao dele mesmo)...

E também não estou afirmando que ele trata as pessoas como coisas porque é louco, já que ele sempre fez isso e a loucura, na minha opinião, surge ao longo da narrativa....