Prosseguindo com as séries propositalmente atrasadas para os hiatus das mais importantes, vamos agora com Harry's Law.
Quando saiu o upfront da temporada passada, claro que essa foi a minha preferida. Uma atriz do nível da Kathy Bates como a nova advogada de David E. Kelley. Para que não sabe, esse é o criador da melhor série de tribunal de todos os tempos: Boston Legal.
Diante da saudade que Alan Shore e Deny Crane haviam deixado e do já constatado talento do criador da série, era qualidade certa, embora soubéssemos que a série poderia lutar contra uma audiência baixa, por conta do povo burro americano.
Acontece que a audiência foi boa e a série foi renovada para temporada completa na próxima temporada.
O problema foi o conteúdo, foi tudo muito perdido.
A Kathy Bates é ótima e eu até assisti o filme Louca Obsessão por causa dela. Acontece que a personagem Harry é muito estranha e essa complexidade não me convence muito.
Harry é uma respeitada advogada de patentes que um dia enche o saco e pede demissão. Enquanto anda na rua, é atropelada duas vezes, uma por um advogado inexperiente e outra por um estudante com problemas de drogas. Pronto, ela chama sua secretária e, como uma epifania, resolve chamar esse povo todo e montar um escritório na periferia para defender pobre.
Tem um quê de Street Lawyer do John Grisham, mas numa versão mais cínica.Na verdade, nem a própria Harry sabe o que quer, porque embora se apegue ao gueto, simplesmente critica e despreza a vida que eles levam.
A série continua imbatível ao tratar de tabus. Os encerramentos nos tribunais não chegam perto de Boston Legal, mas Kathy Bates fez arrepiar no caso dos albinos da África, que é um caso muito interessante, por sinal.
Em muito lembra Boston Legal e mata um pouco da saudade, mas o elenco de apoio não colabora, como o estudante Malcom, que só faz cara de coitado, ou a retardada da Brittany Snow, que tem uma loja de sapatos junto do escritório (?).
A visão crítica sobre o exercício da advocacia é algo que o autor faz muito bem e isso é algo imperdível na série.
A gente acaba perdendo o interesse e cansando um pouco das histórias de gueto que são muito forçadas. Boston Legal apelava para o bizarro e sempre se mantinha interessante. Aqui, já deu de brigas de gangue, acho que a série pode ser mais do que isso.
O final deu uma guinada para um lado mais interessante, até para o outro advogado. Acho que no final a série deu uma ajeitada no eixo e o David E. Kelley tem respaldo.
Fico contente que uma série dessas, mesmo com uma leve escorregada, tenha recebido mais uma chance. Acho que até posso "promovê-la" à aquelas que acompanho ao vivo. Vamos esperar o que estão trazendo para nós.
FDL
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