sábado, 3 de novembro de 2007

Tropa de Elite

Filme: Tropa de Elite

Nota: 9
Elenco: Malvagner Moura, Caio Junqueira e atores de novela sem muito nome.

Demorou, mas eu assisti. Não foi por falta de vontade, foi realmente uma questão de oportunidade.
Esquecendo, por enquanto, a questão político-social ("O Sistema", como chama o Capitão Nascimento), quero falar do filme em si. Eu esperava ver um filme muito escuro de câmera sambando. Isso aconteceu de forma que não comprometesse a nitidez. Eu gosto do Wagner Moura (V ou W??), ele trabalhou muito bem, mas eu queria fazer um destaque para o ator desconhecido André Ramiro, que interpeta o "aspira" André Matias, um policial (antes e depois de ser do BOPE) enfrentando uma faculdade de Direito. Esse persongem é apático durante o filme, mas quando vemos a sua transformação fica impressionante o talento e a força do filme e do ator. Vamos combinar que ser o mesmo durante o filme todo é bem mais fácil do que passar por todo um processo de tranformação no decorrer da trama. Por isso gostei muito do filme e recomendo.
Agora, voltando para o aspecto que eu tinha reservado, eu não vejo motivos para tantas acusações aqui. Quanto ao filme ser fascista, sem comentários, porque isso é agressão desesperada de quem não tem argumento. Sendo óbvio que esse filme é um retrato de realidade, as apologias ficam na compreensão de cada um, ficando claro que não é um louvor à violência.
Sem dúvida nenhuma a questão primordial aqui é que falar de drogas e da violência que vem com ela, não é simplesmente uma questão de tráfico x polícia. É um problema de classe média alienada que pensa não ter nada com isso quando compra seu pozinho e seu beckizinho.
Não concordo com a tortura e acho que atitudes extremas pedem medidas extremas, mas o Rio de Janeiro não decreta estado de sítio, de emergência ou de sei-lá-o-quê no morro, por isso, não concordo com ações de tortura do BOPE. Se fosse guerra, o negócio é diferente, porque quem vai pro inferno sabe que vai ter de abraçar o capeta.
Outro negócio sensacional já era discutido, mas com "Tropa de Elite" vai se difundir. Como se pode dar armas na mão de caras corruptos, mal pagos e sem preparo nenhum e com estrutura ruindo? Não vai dar certo. Dentro do ilegal, a polícia fica mais organizada que a própria sociedade.
Não sou moralista, mas por questão justamente de valorizar a liberdade de cada um, sou contra a liberação das drogas e sou a favor de punição mais severa aos usuários. Essa é a realidade do Brasil. No dia que a pessoa puder escolher se usa droga ou não, existirão subsídios para uma possível liberação. Enquanto existir essa "inclusão compulsória" no universo das drogas e do tráfico (sobretudo de crianças), não acredito que a descriminalização desse alguma liberdade.
O filme levanta questões complexas: drogas, polícia, ética, violência, favelas, pirataria, choque social e muitos outros. Isso faz com que ele seja uma das melhores coisas que o cinema nacional já tenha feito. Se outros entenderam de forma errada e estão ensacando a cabeça dos desafetos, é um problema de um país com cultura da anti-cultura, não uma questão de censura.

Só uma coisinha. Eles falam que o Matias entra na melhor Faculdade de direito do RJ, espero que as pessoas não pensem que as faculdades sejam assim. Existe todo o tipo de gente lá e o "compromisso social" (acho que é assim que o filme fala) não é dessa forma tão hipócrita. Pelo menos na minha, que é a melhor do Brasil (hehehe).

Acho que é isso.


FDL

2 comentários:

Fernanda disse...

Bom, ja discutimos sobre o filme e vc já sabe o que penso.
Porém, acho sim que o que acontece no morro é uma guerra. E numa guerra vale tudo! Incluindo essa tal tortura.
Os policiais do BOPE são treinados pra guerra.
E como já te falei, o que acontece no morro é algo alheio a cidade do Rio de Janeiro, não no sentido que as pessoas não se importam, mas sim, no sentido que lá existe um outro mundo, outras regras. Portanto, a policia deve agira da mesma forma. Com regras e condutas diferentes das que agem com os civis.

Tá graúdo?

Bjo Otro

victorcruel disse...

É guerra quando as autoridades declaram. Ser uma simples guerra de fato e não de direito mostra que o recurso tá errado: combater um crime com um crime pior é uma coisa muito perigosa.
Por isso eu acho que só podemos exigir que a lei seja respeitada se fizermos isso com o uso dela.

Bejo Otro
Tomo guaraná, suco de caju..