quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Objetos Cortantes – Gillian Flynn

Objetos-Cortantes-Gillian-Flynn-Capa-Livro“Um copo cheio de gelo e uma garrafa de bourbon roubada da cozinha dos fundos, depois subir para beber no quarto. O álcool bateu rápido, provavelmente pelo modo como eu estava bebendo. Minhas orelhas estavam quentes e minha pele parara de queimar. Pensei na palavra na minha nuca. Sumir. Sumir vai eliminar meu sofrimento, eu pensara estupidamente. Sumir vai eliminar meus problemas. Nós seríamos assim tão feios se Marian não tivesse morrido? Outras famílias superam coisas assim. Sofrem e seguem em frente. Ela ainda pairava sobre nós, uma menina loura talvez um pouco bonita demais, talvez um pouco mimada demais. Isso antes de ficar doente, realmente doente.”

Gillian Flynn

 

 

 

Então, depois do sensacional Garota Exemplar, fiquei na dívida e precisava ler mais dessa autora. Temos esse e o Lugares Escuros, que já virou filme também, inclusive. Optei por esse por ser melhor avaliado.

No final posso tentar defender esse livro, mas não gostei. Até li inteiro rapidamente, porque a leitura flui, mas a história não é boa. Não me convenceu em nenhuma parte.

A protagonista é Camille, uma jornalista que tem diversos problemas psicológicos, entre eles, cortar palavras na sua pele. Até foi internada por isso. Tem um grande trauma: a morte de sua irmã na infância e o desprezo de sua mãe, uma poderosa empresária em uma cidade pequena.

A história do livro traz o retorno de Camille à sua cidade a trabalho, investigando a morte violenta de duas meninas adolescentes e as aparentes conexões do caso com sua família.

Há um excesso de dramas interiores que não me inteterssaram. Além disso, não dá pra torcer por essa protagonista fraca, carente, burra, insegura e apática. Isso destrói o livro que já não tem uma proposta tão boa assim.

Não recomendo.

FDL

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

O Lobo de Wall Street

wolf ofFilme: O Lobo de Wall Street (The Wolf of Wall Street)
Nota: 7,5
Elenco: Leonardo DiCaprio, Jonah Hill, Margot Robbie, Matthew McConaughey, Kyle Chandler, Jon Bernthal
Ano: 2013
Direção: Martin Scorsese

 

 

 

 

Foi um dos filmes de temporadas de Oscar que acabei não vendo e resolvi agora em dezembro preencher a lacuna.

A minha falta de empolgação se dá pelo fato de que eu até curto os filmes do Scorsese, mas nunca fico realmente empolgado.

Com O Lobo de Wall Street aconteceu a mesma coisa. Primeiramente é excessivamente longo, sem motivo que justificasse essa necessidade. A gente cansa disso e volta a ter vontade de viver no meio do filme.

Confesso que seriam necessárias cenas de sexo para demonstrar o estilo de vida do personagem, mas me pareceu novamente mais uma tentativa de provocar burburinho do que integrar um todo. Sou fã de putaria em filmes, mas com propósito, senão parece apelação.

Fora isso, trata-se de mais uma obra de cinema que valoriza o trambique, o caminho curto, a misoginia e a manipulação. Mas quem sou eu para pregar bons valores?

Os atores realmente trabalharam bem todos e o filme não chega a ser ruim. Mas confesso que não marcou minha vida.

FDL

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Lavoura de Corpos – Patricia Cornwell

lavoura de corpos patricia cornwell“O Setor de Pesquisa em Deterioração da Universidade do Tennessee era conhecido simplesmente como Lavoura de Corpos, desde que eu me conhecia por gente. Pessoas como eu não pretendiam ser irreverentes ao usar o apelido, pois ninguém mais do que nós respeita mais os mortos, pois trabalhamos com eles e aprendemos a ouvir suas histórias silenciosas. Nosso objetivo é ajudar os vivos.

Com este objetivo, a Lavoura de Corpos foi fundada vinte anos atrás. Os cientistas precisavam saber mais a respeito da hora da morte. Num dia comum, os vários hectares de mata abrigavam dúzias de cadáveres em variados estágios de decomposição. Projetos de pesquisa exigiam minha presença periódica ali havia anos, e, embora eu nunca tivesse me considerado perfeita para determinar a hora de uma morte, havia melhorado bastante.

A Lavoura era propriedade e responsabilidade do Departamento de Antropologia da Universidade, comandado pelo Dr. Lyall Shade, curiosamente situado no porão de um estádio de futebol. Katz e eu descemos às oito e quinze, passando pelos laboratórios de zooarqueologia de moluscos e primatas neotropicais, pelas coleções de saguis e micos, pelos projetos estranhos, identificados apenas por algarismos romanos. Várias portas estavam enfeitadas com cartões humorísticos e citações que me fizeram rir”

Patricia Cornwell

É o volume 5 dos livros que Patricia Cornwell escreveu sobre a médica legista Kay Scarpetta. Confesso que todo ano acabo lendo um e um dia alcanço os lançamentos anuais da escritora.

No presente livro há uma certa continuação da história contada em Desumano e Degradante, em especial o vilão Temple Gault, um serial killer extremamente ousado e inteligente.

A personagem Lucy, sobrinha da legista agora estagia no FBI e desenvolve um sistema de computador que auxilia a polícia na investigação de crimes e parece ter entrado na mira do serial killer por isso.

Além disso, uma morte em uma cidade pequena parece ser nova obra de Gault e a proximidade de Scarpetta com o agente Wesley aumenta à medida que incomoda tanto ela quanto outras pessoas.

Uma menina foi assassinada e isso coloca a cidade em pânico, porque tudo indica ter sido obra de Gault.

Foi um excelente livro que li em dois dias. A capacidade narrativa de Patricia Cornwell é um talento inegável, mesmo que as histórias não tenham tantas novidades assim.

Por isso acabei lendo o livro seguinte e isso fica para o próximo post.

FDL

domingo, 27 de dezembro de 2015

Masterchef em 2015

Foi o ano dos realities de gastronomia. Acabei juntando tudo num post só, porque acabei me empolgando nesse ano.

Masterchef Brasil – 2ª Temporada

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Depois do sucesso de Masterchef no ano passado, a Band caprichou na segunda temporada. Voltaram os mesmos jurados e uma produção ainda melhor, com participantes bem mais talentosos.

A vencedora foi a Isabel, embora eu torcesse pelo Raul. O destaque da temporada foi a chinesa Jiang, que errava no português e tinha uma personalidade alegre.

Os vilões foram Fernando, o estressadinho e Aritana, a participante que faz média. Tinha o colérico Cristiano também, que só sabia ter inimigos, mas aprender se situar e falar a palavra “cozinha” ficou mais complicado.

Masterchef US – 6ª Temporada

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Com toda essa empolgação de Masterchef, acabei vendo o torrent da versão americana e resolvi baixar. Não me arrependi de jeito nenhum.

O destaque é o jurado Gordon Ramsey, em versão mais light.

O programa é todo editadinho e bem mais curto e dinâmico que a versão brasileira. Os pratos parecem ser mil vezes melhores.

A vencedora foi a mexicana Claudia, mas vários participantes também eram interessantes, como a caipira Katrina, a bichinha louca performática Tommy e outros.

Masterchef Brasil Junior – 1ª Temporada

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Agora no final do ano a Band trouxe a versão de crianças cozinheiras. Já tinha visto algumas coisas das versões estrangeiras pela tv a cabo. Eu sei que existem crianças fodas na cozinha no mundo.

No Brasil fiquei surpreso porque as crianças brasileiras demonstraram ser mais maduras, controladas, solidárias e talentosas que os adultos.

O vencedor foi Lorenzo, mas eu preferia a Sofia ou a Ivana.

A própria Ivana ganhou as redes sociais, tal qual a participante Aisha.

Gostei muito e se tiver outra edição kids eu vou assistir.

Agora, somente um adendo final: na semana do natal, a Band fez um especial do programa. Chamaram de desafio das temporadas, no qual alguns participantes da primeira temporada competiram contra alguns da segunda.

O propósito da partida era ganhar mais dinheiro com a audiência doar para caridade (aham) e descobrir quem mandava mesmo e pronto.

Quem tinha saudades dos chefs educados na estribaria, eles voltaram. Coitado do Mohamad.

O negócio foi que isso me rendeu uma das maiores situações de vergonha alheia que eu passei na vida. O participante Lucas da segunda temporada tinha conquistado a chef Paola. Ela lhe ofereceu um estágio no restaurante dela no dia da eliminação dele.

O problema é que o carinha não foi lá e não deu satisfação. Pior ainda, foi trabalhar com outra cozinheira concorrente. Imaginem o que ela falou para ele nesse reencontro. Fica aqui esse momento lindo:

 

FDL

sábado, 26 de dezembro de 2015

A Peste – Albert Camus

a peste - camus“— Sabe o que devíamos fazer em prol da amizade?

— O que quiser — respondeu Rieux.

— Tomar um banho de mar. Mesmo para um futuro santo, é um prazer digno.

Rieux sorria.

— com nossos salvo-condutos, podemos ir até o cais.

Afinal, é bobagem viver só na peste. Na realidade, um homem deve lutar pelas vítimas. Mas, se deixa de gostar de todo o resto, de que serve lutar?

— Tem razão — disse Rieux. — Vamos.”

Albert Camus

 

 

Depois da curta, porém interessante experiência em ler O Estrangeiro, achei que mais um livro de Camus cairia bem. Não lembro direito, mas quando pesquisei vi em algum lugar que é a grande obra do autor: A Peste.

O livro retrata uma cidade que sofre com uma epidemia que leva à morte uma boa parte da sua população. Com isso, o local é sitiado e as relações interpessoais mudam.

Durante toda a obra há diversas digressões, sobretudo por Rieux, o médico do local e também narrador da história. A natureza humana é colocada em observação o tempo todo.

O que gosto mais é de ficar surpreso. Quando esperamos a selvageria, vemos na cidade surgir um forte espírito de cooperação e solidariedade. Diversos personagens, de diversos modos, refletem sobre seus passados no momento de xeque e redescobrem o sentido da vida. Alguns ainda recebem a chance de colocar isso em prática, outros não.

A obra é mais longa e O Estrangeiro e de leitura mais densa também. Por isso acabei lendo metade no começo do ano e só terminei agora no final. Mas vale a pena, porque são boas reflexões e personagens interessantes.

Valeu a pena a leitura.

FDL

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Season Finale: The X Factor – 12ª Temporada

x factor s12

Acabou! E com esse final de ano atribulado só consegui postar sobre isso agora.

Foi uma temporada um pouco melhor que a passada, certamente. Mas também é certo que os tempos áureos do reality show já se foram.

O painel de jurados, para começar, foi maluco nesse ano. Se gostamos da Mel B no ano passado, ela deu o fora e veio a Rita Ora, que tinha acabado de sair da versão também britânica do The Voice. Claramente uma guerra de egos entre as emissoras.

Além disso, depois de 300 anos Louis Walsh também foi convidado a se retirar e, em seu lugar, entrou Nick Grimshaw, um radialista popular por lá.

Nenhum jurado deixou a desejar esse ano, temos de ser justos.

Outra grande mudança foi a saída do antigo apresentador: Dermot O’Leary, que era muito bom, mas pediu pra sair por motivos não sabidos. Em seu lugar entraram a apresentadora Caroline Flack e o participante de outra edição Olly Murs.

Ambos foram muito bem, são carismáticos. Só que Olly deu uma bela mancada ao vivo anunciando uma eliminação na hora errada. Teve jogo de cintura e soube rir da situação.

Quanto ao talento, não foi muito diferente do que costuma acontecer. A vencedora foi Louisa Johnson, uma cantora de 17 anos com aparência de 30 e voz de 50, que irá muito provavelmente desaparecer depois do lançamento do primeiro e único single. Isso sempre acontece com esse tipo de vencedora.

Entre os destaques, gostei muito dos participantes que ficaram com o segundo lugar: Reggie and Bollie. Eles são originalmente de Gana e cantam as músicas num estilo alegre e africano. Esses sim eu acho que poderiam vingar no mundo da música. Teremos de esperar.

 

Houve outros destaques, como as quatro irmãs filipinas 4th Impact, o australiano James Michael Moore e tantos outros.

Lamento que o programa ainda tenha escolhas musicais preguiçosas. Ninguém aguenta mais jovens berrando Whitney Houstou e Mariah Carey. O tempo do soul dos anos 70 também já foi. Poderiam modernizar, usar mais um rock’n’roll, mas as escolhas são, como disse, preguiçosas e isso tem deixado o X Factor cada vez menos interessante. Não sei até quando eu irei acompanhar.

FDL

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Antes da Meia Noite

depois da meia noiteFilme: Antes da Meia Noite (Before Midnight)
Nota: 10
Elenco: Ethan Hawke, Julie Delpy
Ano: 2013
Direção: Richard Linklater

 

 

 

 

 

Esse filme é um daqueles que eu juraria para mim mesmo que estaria na sala de cinema na pré-estreia. Acabou não acontecendo e só agora eu assisti. Esse é o caso de alguns filmes/séries/livros que eu guardo para um momento que eu estiver bem para poder aproveitar melhor a experiência.

Pode acontecer pior. Nosso estado de espírito influencia e muito. Por isso, poderia estragar algo tão bom na minha memória por impressões de um momento inadequado.

O fato é que a hora de assistir a Antes da Meia Noite chegou.

Agora vemos Jesse e Celine juntos há um tempo, formando uma família desde os fatos ocorridos em Antes do Pôr do Sol.

O que essa sequência cinematográfica tem de melhor se repetiu na terceira obra: a naturalidade e qualidade dos diálogos. Tudo parece extremamente simples e espontâneo. A gente fica com a impressão de que está reencontrando amigos que não via há alguns anos.

Gostei muito da inserção de novos personagens. Sobretudo os da terceira idade.

Diante de toda essa análise da vida a dois, já tinham sido percorridos a juventude e a crise dos 30. Nesse filme estamos diante de uma crise no relacionamento que é muito comum: onde fica a individualidade?

Acredito que colocaram os personagens idosos justamente porque ficará complicado explorar a relação dos dois na velhice.

Nem sempre Antes da Meia Noite é agradável de assistir, nem sempre gostamos dos personagens que aparecem, nem sempre as relações amorosas envolvem apenas amor. Outros sentimentos fazem parte do ser humano e eles são todos explorados por essa direção genial. Isso tudo faz esse ser um dos meus filmes preferidos em muito tempo.

Recomendo esse, os outros e qualquer coisa que a Julie Delpy faça.

FDL

domingo, 20 de dezembro de 2015

O Estrangeiro – Albert Camus

ESTRANGEIRO_ CAPA-3H.inddSentou-se na cama e explicou-me que tinham andado a investigar a minha vida privada. Tinham descoberto que a minha mãe morrera recentemente no asilo. Procedera-se então a um inquérito em Marengo. Os investigadores tinham sabido que eu “dera provas de insensibilidade” no dia do enterro. “Veja se compreende, disse o advogado, custa-me um bocado perguntar-lhe isto. Mas é muito importante. E será um grande argumento para a acusação, se eu não conseguir dar resposta”. Queria que eu o ajudasse. Perguntou-me se eu, nesse dia, tinha tido pena da minha mãe. Esta pergunta muito me espantou e parecia-me que não era capaz de a fazer a alguém.

Não obstante, respondi que perdera um pouco o hábito de me interrogar a mim mesmo e que era difícil dar-lhe uma resposta.

É claro que gostava da minha mãe, mas isso não queria dizer nada. Todos os seres saudáveis tinham, em certas ocasiões, desejado mais ou menos, a morte das pessoas que amavam. Aqui, o advogado cortou-me a palavra e mostrou-se muito agitado.

Albert Camus

Sempre tive vontade de ler alguma coisa do Camus. Ele é muito elogiado por casar bem tanto a parte filosófica quanto a parte de ficção das suas obras. Autores assim são melhor compreendidos e a leitura é mais agradável do que somente engrandecedora.

Esse livro é curtinho e a parte principal envolve a forma como o protagonista Meursault vê o mundo.

Dois acontecimentos nesse livro são importantes: a morte da mãe de Meursault no início do livro com o consequente funeral e o julgamento do personagem por matar um homem em uma praia.

A história se passa na Argélia colonial e a forma como os costumes é retratada eu acho curiosas, principalmente as características étnicas dos personagens.

Meursault é um homem que não vê sentido em nada na vida. Não se importa com sentimentos e convenções pré-estabelecidas. O personagem não se preocupa em agir e reagir de determinada forma somente porque a sociedade espera assim dele.

Isso o faz sobreviver bem até ser julgado.

o estrangeiro 2

O Estrangeiro é um exemplo clássico nas aulas de criminologia, porque Meursault é julgado pelo que é, não pelo que fez. O motivo pelo qual ele mata o homem na praia não é muito claro – ele diz que o sol e o calor o influenciaram. O problema é sua falta de remorso.

O protagonista é julgado o tempo inteiro por ser frio, sobretudo por não ter chorado ou sofrido como se esperava com a morte da mãe, que estava num tipo de asilo.

A pena de Meursault é determinada por seu perigo como pessoa, não pelo crime que cometeu.

Hoje em dia pode parecer que esse tipo de coisa está superada, mas não está. Constantemente vemos “especialistas” em comportamento humano chamando os outros de psicopatas. Quem está doente, a sociedade ou quem destoa dela?

Vale a pena ler o livro, porque nos traz boas reflexões.

FDL

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Noel Gallagher - Live BBC Radio 2 Concert In London (Full Show) HD

Gênio. 

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

The Jinx: The Life and Deaths of Robert Durst

the jinx

Mais uma indicação de Lica e Renatinha. É praticamente um segundo round de Serial. Você se apega em conhecer casos reais de crimes violentos e não para mais.

Trata-se de um documentário de 06 episódios exibido pela HBO e disponível na HBO-GO. Há um site também criado por eles com diversas informações multimídia: http://www.thejinxhbo.com/

A história desse documentário é enorme e eu vou tentar ser o mais resumido possível, pois cansa digitar demais.

Robert Durst é de uma família milionária de New York, envolvida no ramo imobiliário. Desde os anos 70 o nome deste homem está envolvido em alguns desaparecimentos, homicídios e crimes do tipo. Todavia, com bons advogados e muito dinheiro em volta para ajuda-lo, embora tenha sido preso algumas vezes por breves períodos de tempo, Robert Durst nunca foi condenado.

Andrew Jarecki é um cineasta americano que produziu e dirigiu o filme Entre Segredos e Mentiras (All Good Things) inspirado no caso de Robert Durst. O filme causou impacto na mídia e o inesperado aconteceu: o próprio Robert Durst, que nunca se manifestara sobre as acusações que recaíam sobre ele procurou Andrew para conceder uma entrevista e mostrar os fatos sob sua perspectiva.

O documentário trata exatamente disso, das entrevistas dadas por Durst a Jarecki, sendo que na produção do seriado o diretor recontou toda a história do entrevistado, conversando com pessoas da época, mostrando fotos, enfim, revisitando o caso todo e confrontando com Durst o ocorrido.

Robert Durst fora suspeito do desaparecimento de sua esposa Kathie, em 1982. Ele nunca foi formalmente acusado, muito embora tudo aponte para ele. Ela nunca foi encontrada até hoje e nada se sabe sobre o que ocorreu com ela.

Posteriormente, em 2000, uma grande amiga de Durst fora assassinada na véspera de natal. Susan Berman era seu braço direito no tempo do desaparecimento de Kathie. Dias antes da morte de Susan as investigações contra Durst tinham sido reabertas. Muito embora não pudesse ter sido provado, a suspeita era a de que ele a matou porque ela sabia demais.

Após isso, Durst viveu um tempo como fugitivo, até que o corpo do Sr. Morris Black foi encontrado esquartejado na Baía de Galveston em 2001. Após investigações foi descoberto que Black era vizinho de Durst e tomou conhecimento tanto de sua fortuna quanto da sua situação de foragido.

Em um julgamento impressionante, em 2003, Durst foi absolvido sob a alegação de legítima defesa, alegando que esquartejou o corpo de Black depois por medo de ser descoberto.

Depois desse tempo todo, com o filme, Durst de alguma forma não ficou satisfeito com sua situação e a mim pareceu que quis testar o cineasta nas entrevistas.

Não vou spoilar demais, mas durante a pesquisa do documentário Jarecki encontrou coisas novas e o último episódio é de arrepiar a espinha. Maldade existe, não há discussão.

Robert Durst é uma figura pavorosa. Enquanto ele fala, cheio de tiques nervosos, você observa um cérebro maquinando manipulações e maldades. Esse seriado é uma lição para todos nós.

Com certeza, ainda mais depois de The Jinx, a história de Durst ainda não foi completamente encerrada e agora há mais uma pessoa acompanhando torcendo para que algumas perguntas sejam respondidas.

Recomendo, porque nenhum roteirista de Criminal Minds jamais conseguirá escrever algo assim. A realidade do homem é fascinante: impressiona e amedronta.

FDL

Song One

song oneFilme: Song One (Song One)
Nota: 8
Elenco: Anne Hathaway, Johnny Flynn
Ano: 2014
Direção: Kate Barker-Froyland

 

 

 

 

 

Filme mais no estilo fofo, que acabei assistindo na esperança de ouvir músicas boas.

Não tem como não comparar com Apenas Uma Vez – Once, que também é romântico/dramático embalado no violão.

Nessa história, Anne Hathaway interpreta Franny uma mulher que está viajando a estudos até receber a notícia de que seu irmão sofreu um grave acidente e está em coma. Muito próxima a ele, embora estivessem brigados e há seis meses sem se falar, Franny volta para casa para ficar ao lado do irmão.

O assunto com certeza é o do poder de cura pela música. Franny lê diários do irmão (que tentava carreira musical) e começa a seguir seus passos, para poder trazer a ele no hospital todos os tipos de memórias que pudessem despertar emoções e fazer com que ele saísse do coma.

Nessa busca ela acaba encontrando o músico James Forester, que é famoso e ídolo do irmão dela. Franny se aproxima dele para mostrar o trabalho do irmão e de alguma forma de aproximar dele. Esse contato cria um vínculo afetivo entre ela e o músico que faz o filme ser bem bonito.

Não é o filme mais marcante da minha vida, mas com certeza é simpático. A Anne Hathaway trabalha muito bem e soube passar no ponto certo as emoções.

Quanto às músicas, não me marcaram muito, mas nada é perfeito.

De todo modo eu recomendo.

FDL

Yaqui Delgado Quer Quebrar a Sua Cara – Meg Medina

Yaqui Delgado Quer Quebrar a Sua Cara

“— Perdão. Senhorita Flores. — Ele se recosta na cadeira para explicar. — Talvez ajude se vocês pensarem desta maneira: em um dia qualquer, lidamos com cerca de cinco por cento do corpo estudantil nos dando problema. É um percentual pequeno, correto? Infelizmente, porém, não é um número pequeno de alunos para nossos inspetores e professores ficarem de olho. Em uma escola com dois mil e quinhentos alunos, como a nossa, cerca de cinquenta estão em liberdade condicional ou tiveram outros problemas com a lei. Eles trazem esses problemas consigo para a escola. Fazemos o melhor que podemos, mas às vezes não é o suficiente.

— Quando foi que as escolas viraram um lugar para criminales? — pergunta mamãe, escorregando para o espanhol em uma das palavras. — Ela está aqui para aprender!

Normalmente eu ficaria constrangida por qualquer coisa que mamãe tivesse a dizer, mas é uma pergunta justa

— Temos que dar o benefício da dúvida a todas as crianças e adolescentes e oferecer educação até os dezesseis anos — responde o sr. Flatwell. — Mesmo para os que nos causam problemas.

— Mesmo quando eles agridem outros? — pergunta Lila.

Ele fica em silêncio por um momento, então olha para mim.”

Meg Medina

Quando eu li a sinopse desse livro nos lançamentos ele me interessou. A proposta parecia diferente e fiquei com a sensação de que seria um bom suspense centrado no universo adolescente americano.

Acabei pegando uma promoção do livro e comprei. No dia que chegou eu tirei o plástico e comecei a folhear para saber como era. Não tinha me informado sobre o assunto de forma mais aprofundada.

O resultado é que acabei lendo tudo na mesma madrugada. E olha que para livros eu não tenho uma leitura rápida.

Não era nada do que eu esperava, mas não significa que seja ruim, só não trouxe o que eu suspeitava.

Na verdade, Meg Medina usou Yaqui Delgado para escrever um livro sobre bullying nas escolas. Não tem nada de entretenimento e suspense de diversão. É um retrato de uma realidade complicada nas escolas.

No final acabou sendo uma experiência válida, sobretudo porque a autora nos coloca no meio das mulheres latinas trabalhadoras nos EUA como uma cultura completamente própria e rica.

Os personagens são bons e bem construídos. Do mesmo modo o desfecho, trazendo uma discussão diferente ao bullying.

Dizer que é errado é lindo, que deve ser combatido é mais lindo ainda. Mas o que as escolas devem fazer concretamente para combater? O que os pais devem fazer para primeiramente evitar e no caso de acontecer, interromper?

Não é um livro marcante, mas certamente cumpriu bem o que se propôs a fazer.

FDL

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Shame

shameFilme: Shame (Shame)
Nota: 9
Elenco: Michael Fassbender
Ano: 2011
Direção: Steve McQueen

 

 

 

 

 

O Netflix me deu a ideia de agora no final do ano assistir a alguns filmes que eu me interessei e por motivos diversos acabei deixando para trás. Esse foi o primeiro que apareceu e deu vontade de ver.

Michael Fassbender interpreta um homem chamado Brandon, que parece ter uma vida perfeita: bem sucedido profissionalmente, chama a atenção das mulheres, tem amigos e por aí vaí. O problema dele é um silencioso, constrangedor e secreto vício em sexo.

O que eu achei mais interessante nesse filme é que não se fala essa expressão durante cena alguma. Do mesmo jeito, vemos a luta do protagonista, que poucas palavras falou durante toda a história, em construir algum tipo de afeto genuíno sem as taras do sexo para interferir.

Vemos essa tentativa dele várias vezes, como quando joga o seu notebook da putaria no lixo e tenta construir um relacionamento normal com uma colega de serviço. O problema é que ele não consegue.

Outro aspecto bem explorado é o de sua irmã, Sissy, que é extremamente carente de atenção e carinho, mas de forma diferente. Brandon tenta afastá-la a todo momento por causa de sua condição, sem poder dizer exatamente o motivo.

É um filme tenso, pesado e extremamente cuidadoso em mostrar o tema. Interessante notar que o filme fala de sexo durante o tempo todo, de formas sutis e também agressivas.

Gostei muito, mesmo sabendo que não deve agradar todo tipo de espectador.

FDL

Como Woody Allen Pode Mudar Sua Vida – Éric Vertzbed

woody

“Segundo essa lógica, Woody Allen imagina a possiblidade de fabricar a companheira ideal mediante uma cirurgia que enxertaria o cérebro de uma mulher com uma personalidade maravilhosa no corpo ideal de uma mulher sexy, porém estourada e mesquinha. Mas logo percebemos que essa combinação não lhe convém: ele tem uma necessidade imperiosa de criar alguma falta (chave do desejo, garantia da vitalidade). A perfeição enjoa mais do que o sacia, e ele se apaixona pela segunda mulher saída da cirurgia, a megera desajeitada, a feia geniosa...

Essas dificuldades amorosas também remetem a uma forma de masoquismo, a uma dívida inconsciente, à necessidade de sofrer para se sentir autorizado a desejar. Em Neblina e sombras, quando uma prostituta oferece seus serviços a Kleinman, vivido por Woody Allen, este recua dizendo: “Nunca paguei para fazer amor”. E ouve dela: “Você que pensa.”

Éric Vartzbed

Me deparei com esse livro em uma dessas promoções de sites de vendas. Achei que pudesse tirar algo de bom daí, sobretudo por uma visão aprofundada dos filmes de Woody Allen, que são extremamente complexos.

Acertei. Pouco mais de 70 páginas lidas nas filas de consultas, compromissos e etc. me deram uma nova visão sobre a obra desse gênio.

O autor vai estabelecendo padrões nos filmes de Allen e os encaixa nas filosofias que ele mesmo expõe. Tanto o niilismo quanto a noção de realidade e expectativa são tratados com base em passagens e personagens clássicos do cineasta.

Além disso, o livro trata da visão do diretor nos filmes em relação à religião, política, vida romântica e as relações éticas dos indivíduos.

São abordados quase todos os filmes de Woody Allen e eu não vi todos. Essa frustração de não ter tirado do livro 100% do que eu poderia foi um estímulo a assistir mais obras dele.

No final, é mais uma conversa filosófica com base em bons filmes do que qualquer outra coisa. Vale muito a pena, ainda mais por ser tão pequeno e não dar tempo de enjoar do assunto recorrente.

FDL

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

O Juiz

the judgeFilme: O Juiz (The Judge)
Nota: 9
Elenco: Robert Downey Jr., Robert Duvall, Vera Farmiga, Billy Bob Thornton, Leighton Meester
Ano: 2014
Diração: David Dobkin

 

 

 

 

Esse filme me surpreendeu demais. A presença do Robert Downey Jr. Me levou a crer que seria um filme de tribunal com algumas sacadas irônicas. Como eu já estou de saco cheio de humor pretensioso, acabei deixando pra depois.

Ainda bem que resolvi assistir mesmo assim. Não é nada disso.

Trata-se muito mais do que uma história de tribunal, é um drama familiar com personagens muito bem construídos e alguns deles inspiradores, na verdade.

O Robert Downey Jr. continua com aquele estilo dele, mas está mais leve e o foco é na relação dele com o pai e todas as mágoas que ficaram desde a infância com relação a um homem duro e rígido, mas que seguiu sua intenção de fazer o certo.

Não vou me estender na sinopse, mas digo que vale muito a pena assistir, do começo ao fim.

Não entendi a presença da Leighton Meester nesse filme nem a utilidade dessa personagem que ela fez. Ficou completamente atravessado, mas tudo bem.

Recomendo bastante.

FDL

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Serial Podcast

Serial

Isso foi realmente surpreendente e mais uma prova de que a internet e a era digital são incríveis.

Recebi a indicação de amigos da Renatinha e da Lica sobre um podcast chamado Serial, que tratava de um crime real e era um sucesso nos Estados Unidos.

Eis do que se trata:

Sarah Koenig é uma jornalista americana e acabou se deparando com um caso de homicídio ocorrido em 1999 em Baltimore. Amigos e parentes do condenado não se conformam com a sentença e dizem que o processo foi cheio de furos e que ele é inocente.

A jornalista se interessa pelo caso e passa a investigar de forma independente o que ocorreu, se poderia ter havido um erro judiciário. Só que o caso tem tantos desdobramentos e situações peculiares que ela transformou toda a investigação em um seriado de 12 episódios na forma de podcast.

Durante os áudios há narrações de Sarah, diálogos com os envolvidos, utilização de áudios da época, e muitas digressões.

O caso é o do assassinato da estudante de 18 anos Hae Min Lee, que desapareceu logo após sair da escola em Baltimore, tendo seu corpo sido encontrado dias depois em um parque na cidade. O condenado pela morte foi Adnan Syed, também estudante e ex-namorado da garota.

Sarah faz uma investigação meticulosa sobre tudo o que aconteceu, conversando com testemunhas (várias se deixaram gravar para o podcast), fazendo reconstituições, procurando novos documentos e versões sobre o ocorrido.

O caso é extremamente complexo e tem várias nuances. Eu passaria dias aqui fazendo comentários e dando pitacos.

Essa polêmica toda transformou esse podcast num sucesso, com milhões de ouvintes por episódio.

O que eu mais gostei foi da tentativa de imparcialidade de Sarah. Ela resolveu mexer em tudo de cabeça limpa, sem pré-julgar Adnan, mas tampouco sem defende-lo. A conclusão a que ela chega no final não digo.

O podcast é muito bem produzido, com uma evolução envolvente, trilha sonora incidental e vários fatores sedutores.

Melhor que tudo isso são as digressões dos envolvidos, porque trazem discussões extremamente relevantes ao sistema penal tanto americano quanto mundial. Há sim preconceitos, pressões, falta de transparência, desrespeito às garantias fundamentais.

O podcast foi tão relevante que as novas evidências deram uma chance de reexame do caso de Adnan nas cortes norte-americanas.

Infelizmente não há no momento nenhuma tradução para o português, então precisamos usar todo o nosso inglês profissional aprendido na Escola Friends de Idiomas. Há transcrições que ajudam também os que não possuem o ouvido tão afiado.

Segue o link: http://serialpodcast.org/

Já foi prometida uma segunda temporada, com outra história, que deveria ter estreado esse ano, mas logo sai.

Claro que não posso deixar de registrar aqui uma frustração minha: o SNL já tinha feito esquete sobre Serial e eu acabei não entendendo. Só agora fui atrás e vi de novo, compreendendo como o elenco do SNL é genial.

FDL

Será Que?

what ifFilme: Será Que? (What If)
Nota: 9,5
Elenco: Daniel Radcliffe, Zoe Kazan, Adam Driver
Ano: 2013
Diração: Michael Dowse

 

 

 

 

 

Netflix me sugeriu e eu pensei: “por que não?”.

Achei que seria mais uma comédia cult, com diálogos sagazes, músicas indies no fundo, dramas interiores em protagonistas desajustados e final fofo. Acertei.

Várias músicas boas no fundo, além de uma identidade visual muito diferente e interessante chamam a atenção.

O Daniel Radcliffe faz bem esse tipo de papel e de fato os diálogos são um trunfo num filme como esse:

“- Existe uma quarta opção: seja honesto. Diga a ela como se sente. Pode acabar com a amizade, mas ao menos você agiu como homem e disse o que sente.

- Espera. Desde quando ser homem envolve dizer o que sente? Não recebi o memorando? Me lembro que ser homem era esconder os sentimentos para sempre. Como Bruce Willis. Você nunca viu Bruce Willis expressando sentimentos. O máximo que consegue dele é a melancolia com um sorrisinho.

- Acha que Bruce Willis ficaria feliz apenas sendo amigo?”

Claro que nem tudo é perfeito. O filme cai naquele clichê de filmes românticos de ter um desencontro no final envolvendo viagens, aeroportos e coisas do tipo. Tá perdoado.

No fim, foi um bom filme e superou minhas expectativas.

Recomendo, mesmo não sendo muito meu estilo.

FDL