“Segundo essa lógica, Woody Allen imagina a possiblidade de fabricar a companheira ideal mediante uma cirurgia que enxertaria o cérebro de uma mulher com uma personalidade maravilhosa no corpo ideal de uma mulher sexy, porém estourada e mesquinha. Mas logo percebemos que essa combinação não lhe convém: ele tem uma necessidade imperiosa de criar alguma falta (chave do desejo, garantia da vitalidade). A perfeição enjoa mais do que o sacia, e ele se apaixona pela segunda mulher saída da cirurgia, a megera desajeitada, a feia geniosa...
Essas dificuldades amorosas também remetem a uma forma de masoquismo, a uma dívida inconsciente, à necessidade de sofrer para se sentir autorizado a desejar. Em Neblina e sombras, quando uma prostituta oferece seus serviços a Kleinman, vivido por Woody Allen, este recua dizendo: “Nunca paguei para fazer amor”. E ouve dela: “Você que pensa.”
Éric Vartzbed
Me deparei com esse livro em uma dessas promoções de sites de vendas. Achei que pudesse tirar algo de bom daí, sobretudo por uma visão aprofundada dos filmes de Woody Allen, que são extremamente complexos.
Acertei. Pouco mais de 70 páginas lidas nas filas de consultas, compromissos e etc. me deram uma nova visão sobre a obra desse gênio.
O autor vai estabelecendo padrões nos filmes de Allen e os encaixa nas filosofias que ele mesmo expõe. Tanto o niilismo quanto a noção de realidade e expectativa são tratados com base em passagens e personagens clássicos do cineasta.
Além disso, o livro trata da visão do diretor nos filmes em relação à religião, política, vida romântica e as relações éticas dos indivíduos.
São abordados quase todos os filmes de Woody Allen e eu não vi todos. Essa frustração de não ter tirado do livro 100% do que eu poderia foi um estímulo a assistir mais obras dele.
No final, é mais uma conversa filosófica com base em bons filmes do que qualquer outra coisa. Vale muito a pena, ainda mais por ser tão pequeno e não dar tempo de enjoar do assunto recorrente.
FDL
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