quarta-feira, 23 de julho de 2008

Onde os Fracos Não Têm Vez

ondeosfracos-posterFilme: Onde Os Fracos Não Têm Vez ( No Country For Old People )
Nota: 4
Elenco: Tommy Lee Jones, Javier Bardem ( Beiçola )
Ano: 2008
Direção: Joel Coen e Ethan Coen

Foi o grande campeão do Oscar desse ano, ganhando inclusive melhor filme e melhor direção, aqueles prêmios que ninguém sabe a diferença, então dão para filmes diferentes pra ninguém chorar. Logo, espera-se que tenha sido uma unanimidade, certo? Muito errado.
Na minha humilde, porém fundamentada opinião, esse filme representa tudo que eu mais odeio no cinema atual. Explico.
ondeosfracos-2O ator Javier Bardem ganhou o prêmio de melhor ator coadjuv ante e isso me revoltou. Por que os atores caracterizados têm atuação mais respeitada? Eu considerei o trabalho dele fraco e realmente não passou a essência do personagem, mesmo que essa essência fosse um mistério. Dos concorrentes, eu assisti ao Phillip Seymor Hoffman em Jogos do Poder e é um abismo de diferença a atuação, mesmo com esse ator gostando de personagens caracterizados. Eu acho que esse tipo de coisa afasta a essência dos filmes. Eu digo isso porque o ator pode ser muito respeitado pela crítica, mas todos nós sabemos como é oportunista e armado esse meio, por isso, me acho completamente capaz de dizer que isso foi muito injusto.ondeosfracos-1

Agora, falando do filme em si: trata de uma busca po r um dinheiro proveniente de um crime em um canto isolado dos EUA. A parte boa é que os criadores tentaram tirar uma universalidade dos comportamentos desses homens brutos e ignorantes. Não é preciso estudo ou conhecimentos específicos para entender a essência da vida. A tentativa eu acho ótima, porém fracassou feio. Nenhum personagem foi denso o suficiente para que ficassem claros os motivos que os fizessem agir daquela forma. Talvez o personagem do Tommy Lee Jones, como um xerife aparentemente corrupto. Além disso, as passagens com silêncios intermináveis não dizem nada, ao contrário, somente afastam a nossa atenção. Eu realmente acho que não é só no diálogo que fica a transmissão da informação, mas no resto não rolava nenhuma comunicação. Sem falar que tinham umas conversas sem pé nem cabeça que davam raiva.
Além disso, falta verossimilhança. Me desculpe, mas homens como aqueles começam a filosofar do nada, pessoas com arma no meio da cara refletindo sobre o que é a vida? Me desculpe, mas é demais.
Só pra acrescentar, tem aquele negócio de que como são sábios os veteranos de guerra dos EUA... Nossa, eles viram a morte de perto!!! Grande bobagem, isso sim.
ondeosfracos-3A violência do filme é muito bem feita, principalmente aquele apetrecho que o Beiçola carrega pra lá e pra cá com aquela cara de nada e aquele cabelinho... afff... Chega, vou me irritar mais!
Acho que o filme ganhou porque está na moda você observar coisas confusas e sem sentido e dizer que achou lá algo que presta, te diferencia. Além disso, fica com um tom mais artístico o filme que só mostra pessoas se olhando e não falando nada, ou falando merda. Juntou isso com ator caracterizado.... fechou... Oscar.

Não recomendo, fui um fraco e não tive vez para gostar dessas 2 horas da minha vida jogadas no lixo.

FDL

3 comentários:

Mila disse...

Eu concordo que a atuação do Phillip Seymor Hoffman tenha sido melhor. Ele merecia mais o prêmio, sem dúvida, mas o Javier Barden está excelente nesse filme. E eu não entendo essa sua postura quanto à caracterização do personagem influenciar no prêmio, mas sei lá... talvez eu não tenha entendido bem o que você quis dizer.

Quando ao filme, eu acho que você viajou feio em dizer que o personagem do Tommy Lee Jones é aparentemente corrupto. Nada no filme dá a entender isso. E, além disso, eu acho que a forma como ele age fica muito bem clara por tudo que ele diz refletindo sobre sua carreira policial e sua própria vida, no início e no final do filme.

Já o outro personagem com certa complexidade psicologica, o de Javier Barden, eu não entendi bem. É um psicopata perfeito, daqueles que não conseguimos sentir raiva, mas eu não peguei direito, sabe. Eu acho que num filme onde há dois personagens complexos em destaque deveria haver alguma relação entre eles, ou entre suas inquietações, mas eu não vejo isso nesse filme.

Conversas sem pé nem cabeça?? Desculpe, mas de onde você tirou isso??

Essas dos veteranos de guerra eu tenho que admitir que é foda... sempre o mesmo papo. Quanto à complexidade das reações de pessoas que estão com uma arma na cabeça, eu nao sei se concordo ou não com você. À principio me parece absurdo tanto quanto pra você, mas aí eu penso nos personagens que agem assim. O matador que está atrás do Javier Barden, ele sabe com que tipo de cara está lidando, sabe que sua profissão gera esse tipo de risco e está acostumado a lidar com a morte, não acho que alguém assim se desesperaria naquela situação. A mulher do cara que rouba o dinheiro, uma mulher que perdeu o marido de forma brutal e que acaba de perder a mãe... ela estava tão perdida que pra ela tanto fazia e por isso ela começa a discutir com ele... reação normal, no meu ponto de vista.

Eu acho que você tem um preconceito meio complicado com cinema. Você tem tanto ódio de filmes metidos a intelectuais (os pseudo-cults) que você acaba se revoltando com alguns filmes que eu não caracterizaria como tais só por serem "diferentes" do convencional e não te agradarem, como se um filme diferente que não te agrada fosse um lixo pseudo-cult.

Enfim, eu gostei muito desse filme, mas como ainda não vi todos os que concorreram com ele ao Oscar não posso dizer se acho que ele mereceu ou não.

victorcruel disse...

Só algumas coisas: eu tive a sensação de que o policial seria corrupto por conta da postura dele, e, como ele não foi, eu coloquei o termo aparentemente. Eu deveria ter explicado isso melhor.
Eu não vi uma crítica desse filme que tivesse elogiado os diálogos sem pé nem cabeça. Tinham horas em que eu não sabia do que eles tavam falando.
E um detalhe, eu não disse que o filme era pseudo-cult, só critiquei falhas de que eu não gostei. Não foi falsidade ou pretensão, foi uma tentativa de seguir uma proposta, que no meu ver, não deu certo por pecar no desenvolvimento.
Eu não tenho preconceito com o cinema e não chamo os filmes de pseudo-cult quando eles não me agradam. Muitas vezes eu critico as pessoas pseudo-cult que fazem afirmações prá-feitas sobre obras (nem sempre cinematográficas) só para parecerem intelectuais. Essa é a diferença. Eu sei que eu sou chato e muitas vezes as minhas críticas são relacionadas ao meu gosto, mas quando é assim, eu procuro explicar.

Anônimo disse...

é... eu durmi aos 20 minutos