Filme: The Stanford Prison Experiment
Nota: 10
Elenco: Ezra Miller (é o único que eu conheço, mas o filme já vale pela presença dele)
Ano: 2015
Direção: Kyle Patrick Alvarez
É um filme inspirado em fatos reais, em que o professor de Stanford Philip Zimbardo contrata diversos jovens e simula uma prisão dentro de salas da universidade. O objetivo do estudo é analisar os efeitos do encarceramento tanto nos presos quanto nos guardas. O problema é que a situação foge do controle rapidamente e o projeto tem que ser encerrado antes do tempo.
Antes de falar do assunto do filme em si, não dá para deixar de dizer que o Ezra Miller tem potencial para ser um dos melhores atores da geração dele e deixar sua marca no cinema. É impressionante a entrega e a capacidade desse ator de passar emoções por meio dos personagens, que sempre são desafiadores.
Quanto ao filme, foi excelente e o ano já começou bem. O ator Billy Crudup criou com perfeição um professor Zimbardo que vai se transformando ao longo do filme, inflamado pela relação de poder que se instaura no seu estudo.
Fora isso, nem que seja uma migalha do que é o encarceramento de verdade, vale trazer esse mundo paralelo para a realidade. As pessoas preferem fingir que não existe aquilo tudo, que são seres humanos lá dentro. Um filme como esse mostra como a percepção de mundo muda conforme nossa liberdade é restrita.
Todos os atores são excelentes e não faltou nada.
Eu preciso também destacar um personagem que me deixou muito intrigado: Jesse Fletcher, muito bem interpretado pelo ator Nelsan Ellis.
Esse personagem é chamado como espécie de consultor por Zimbardo porque já esteve preso. Não há muitos detalhes sobre o que fez, como foi sua prisão e o que fazia agora, mas a relação dele com a história é preciosa.
Em determinado momento, eles simulam uma audiência para decidir se os supostos presos podem ou não conseguir livramento condicional. Fletcher faz parte como um dos conselheiros que deliberam sobre isso. Nesse momento ele despeja uma porção de preconceitos, frases feitas, distorções e humilhações nos presos.
O momento que me conquistou nesse filme veio logo depois: ele pede pra sair. Diz que fez com os jovens o que foi feito com ele enquanto preso, para dar mais realidade à experiência do encarceramento. O problema é que gostou da troca de papéis e se tornou o lado que odiava com facilidade.
É bem a situação em que o menino é o pai do homem em Brás Cubas, quando o escravo já livre chicoteia os outros repetindo os mesmos xingamentos que ouvia quando não era livre. Parece que a diferença entre o bom e o mau é uma questão apenas de oportunidade. Sorte de Fletcher que percebeu a armadilha e caiu fora.
Cada cena tem uma reflexão interessante e esse filme é obrigatório a todos, sobretudo a quem se interessa pelo tema criminal.
FDL
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