Não sabia nada sobre essa mulher quando a série foi anunciada. A chamada era de uma comédia sobre uma médica obstetra de descendência indiana e meio gordinha, que é muito carismática e vê a vida como uma comédia romântica. A própria Mindy escreve.
Me interessei. Essas séries feitas por “mulheres inteligentes e independentes de fibra”, tipo Amy Poehler, Tina Fey, Lena Dunham e outras, acabam sendo boas.
O que mais chamou a minha atenção nessa série é que de todas essas mulheres que eu citei, Mindy Kaling certamente é a mais feia. Mas diferentemente do que se esperaria, é a única que não faz humor se auto agredindo, ou ridicularizando a própria imagem. Ao contrário, sua estima é bem alta.
O elenco de apoio da série é muito bom também: dois médicos, um britânico com estilo charmoso e um mais machão que aos poucos vai se mostrando. Há um enfermeiro exagerado, acho que é o único personagem que eu não gosto.
A série falhou um pouquinho também com relação às amigas da Mindy. A original acabou saindo da série e depois apareceram várias, mas sem nenhuma deixar uma marca.
Agora, a capacidade cômica dessa mulher me impressionou muito. Ela tem o texto afiado e faz referências à cultura americana como ninguém. Além disso, Mindy deve ser daquelas pessoas que você mal conhece e já é sua amiga. Na série ela aproveitou isso muito bem.
Destaco uma cena que ela chega em casa pensando sobre a vida e começa a acariciar um gato que pula no colo dela, mas depois toma um susto porque não tem gato e coloca o bicho pra correr. No final da temporada houve uma cena muito engraçada de uma briga numa festa de faculdade.
O tipo de personagem que é Mindy fica bem claro no episódio em que ela vai fazer um tratamento com pedras quentes e tem vergonha de admitir, dando um nome falso: Chloe Silverado.
Houve várias participações especiais, revelando que pode estar começando como protagonista de série, mas Mindy já é conhecida no meio: Seth Rogen, Chloë Sevigny, Bill Hader, Ed Helms e talvez mais alguém que eu tenha esquecido agora.
Não foi um sucesso de audiência, mas a FOX apostou na série e a renovou bem cedo, antes dos anúncios oficiais de maio. Volta nesse ano.
Foi a melhor estreia em comédia da temporada, sem a menor sombra de dúvida. Sempre dá vontade de ver mais um episódio quando ele acaba.
“I WAS A dreadful guest writer on Saturday Night Live. Not like, destructively bad or anything, just a useless, friendly extra body in the SNL offices eating hamburgers for free, like Wimpy from Popeye.”
Quando estava do meio pro final da série, soube que Mindy já tinha publicado um livro, contando sobre começou sua carreira. Fiquei curioso sobre o caminho que uma mulher como ela, sem ter a aparência de uma Julia Roberts, tem que percorrer para chegar onde chegou.
O livro dela ainda não chegou no Brasil, mas pelas internets da vida você encontra.
É outra forma de se divertir, lendo esse livro. Ela conta sua infância, adolescência e juventude, além do começo de sua vida profissional.
O carisma que ela tem sempre foi a seu favor, o que não significa que ela não tenha encontrado muitas dificuldades para começar sua carreira de roteirista, ficando famosa e premiada em The Office.
Ela narra as coisas como se fosse um blog, do jeito que ela pensa sem seguir história. Um dos capítulos malucos chama: “Revenge Fantasies While Jogging”, ou “The Day I Stopped Eating Cupcakes” e “Types of Women in Romantic Comedies Who Are Not Real”.
Mindy Kaling é uma mulher moderna: independente, inteligente e engraçada, mas sem perder seu lado romântico, feminino e doce.
Já sou fã, ainda mais por ela elogiar a Sarah Silverman no livro dela.
Recomendo tudo: livro e série.
FDL