domingo, 6 de janeiro de 2019

A Vidente – Lars Kepler

“Apesar de a chuva continuar a cair torrencialmente, pelas copas das árvores só passam pingos dispersos que caem no chão.

A viatura de comando, um grande furgão branco, está parada, sob uma chuva intensa, no terreiro de cascalho entre os edifícios do Centro Birgitta. Dentro do veículo há uma central de comunicações e, em volta de uma mesa com mapas e computadores, está sentado um grupo de homens e mulheres.

As conversas sobre a investigação criminal em curso interrompem-se quando surge a comunicação sobre um rapazinho raptado. Foram montadas barreiras na estrada 330 e na ponte sobre o Indal, em Kävsta, e mais a norte, na estrada 86. A princípio, os colegas estão seguros de poderem deter o carro, mas depois faz-se silêncio. Durante dez minutos não há qualquer comunicação, até que o rádio começa novamente a crepitar e uma colega com voz ofegante informa:

– Desapareceu, o carro desapareceu… Devia estar aqui, mas não aparece… Fechámos a porcaria das estradas todas que há, mas ele desapareceu, simplesmente… Não sei o que hei de fazer. A mãe da criança está dentro do meu carro, vou tentar falar com ela…

Os polícias ouviram a comunicação em silêncio. Estão agora debruçados sobre o mapa em cima da mesa, e Bosse Norling segue com o dedo o percurso da estrada 86.”

Lars Kepler

Eu achei que jamais faria esse post na vida. Mas eis que aparece a situação. Depois de muitos anos e um abandono sem explicação por parte da editora Íntrinseca, a obra do casal de escritores sueco Lars Kepler ganhou uma nova editora, a Alfaguara.

Ocorre que mais uma vez sem darem satisfações, simplesmente pularam a terceira publicação da história, A Vidente, que ficou perdida em algum limbo editorial.

Ainda bem que a obra foi publicada em Portugal e eu acabei tendo acesso à versão digital. Não sei se toparia ler em inglês. De todo modo, para seguir com a leitura, fui direto para o epub.

Eis a sinopse:

Por todo o mundo, sempre que a Polícia se depara com casos particularmente difíceis, recorre a médiuns e espíritas. No entanto, em nenhum documento figura a colaboração de um médium para a resolução de um crime.

Flora Hansen diz-se espírita e garante ser capaz de falar com os mortos. Certo dia, ouve na rádio uma notícia sobre o caso de uma jovem assassinada num centro de acolhimento de menores e, na tentativa de ganhar um dinheiro extra, decide telefonar para a Polícia dizendo que o espírito da morta entrou em contacto com ela. No entanto, os resultados da investigação técnica atribuem a autoria do crime a outra das internas, uma jovem sensivelmente da mesma idade, que desde então está a monte.

O comissário da Polícia Joona Linna resiste à versão oficial e inicia uma investigação por sua própria conta. Mas cada nova resposta parece apenas conduzir a um novo enigma e a mais um beco sem saída.

E ninguém se dispõe a ouvir a vidente, embora ela fale com os mortos.

Comecei a desconfiar do porquê de ninguém querer publicar esse livro por aqui. De longe não é tão bom quanto O Hipnotista e O Pesadelo. A narrativa é caótica e confusa, com personagens que não se conectam de forma verossímil. Além disso, logo no começo perdemos interesse na solução do caso, que é arrastado.

Agora, vou dar uma chance aos escritores e vou ler O Homem de Areia, mas espero mesmo não sofrer outra decepção.

FDL

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