Ele falava coisas grandes mas ela prestava atenção nas coisas insignificantes como ela própria. Assim registrou um portão enferrujado, retorcido, rangente e descascado que abria o caminho para uma série de casinhas iguais na vila. Vira isso do ônibus. A vila além do número 106 tinha uma plaqueta onde estava escrito o nome das casas. Chamava-se “Nascer do Sol”. Bonito o nome que também augurava coisas boas.
Clarice Lispector
Esse livro é muito importante para mim. Era obrigatório no vestibular da USP quando eu me preparava para a prova e cheguei a responder questões muito complexas sobre ele quando caiu em uma oportunidade.
O fato é que enquanto estudava esse livro eu sinto que foi meu auge na vida em compreensão literária. Eu tinha uma excelente professora, que infelizmente não está mais entre nós, que trazia tantas reflexões e tantas explicações sobre esse texto, que em vários momentos eu me desligava da realidade.
Muito da minha formação intelectual vem desse livro, da forma como essa escritora expunha seus pensamentos e sobretudo seus sentimentos.
Eis que para minha surpresa, recentemente a editora Rocco relançou a obra, em edição de aniversário, com acabamento fantástico em capa dura, jacket transparente e vários manuscritos originais que Clarice deixou.
Além disso, essa edição traz vários textos de apoio para expandir ainda mais a experiência do que é a Hora da Estrela.
Como essa releitura foi importante. Em vários momentos ficamos perturbados com lembranças de um passado que nem parecia tão distante assim. Também encontramos novas percepções depois de lermos a história com nova bagagem adquirida ao longo dos anos.
Agora, acima de tudo, reler esse livro fez com que eu me reconectasse com partes boas minha de antigamente, que eu julgava estarem presentes, mas não estavam mais não.
Releia um livro importante para você, esse é meu conselho.
Nem tem o que dizer sobre a obra, tudo e muito mais foi dito. Continua sendo um dos meus livros preferidos de toda a vida.
FDL
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