“ ‘O que aconteceu naquelas horas com todos vocês?”, os policiais perguntaram. Revelem os seus sergredos, com quem, como e por que, entre as dez da noite e as seis da manhã. Os mesmos policiais que dispersavam nossas festas, mas nos levavam para casa em vez de ligar para nossos pais; que namoravam nossas amigas e bebiam cerveja com nossos pais e irmãos. Mas aqueles segredos, os policiais não guardariam. Nem no bar, nem na cama, nem nesta cidade.
Quando a equipe da polícia estadual chegou para ajudar, era tarde demais. Já tínhamos definido nossas teorias, já acreditávamos no que precisávamos acreditar.
A linha oficial de investigação: a última vez que Corinne existiu para todos que a conheceram foi pouco depois da entrada no parque de diversões, e de lá ela desapareceu.
Mas, na verdade, não. Havia mais coisa além disso. Uma peça de cada um de nós que mantivemos escondida.
Para Daniel, ela desapareceu do lado de fora do parque, atrás da bilheteria.
Para Jackson, no estacionamento das cavernas.
E, para mim, ela sumiu em uma curva da estrada sinuosa, no caminho de volta para Cooley Ridge.
Éramos uma cidade cheia de medo, em busca de respostas. Mas também éramos uma cidade cheia de mentirosos.”
Megan Miranda
Terminando o mês de abril, continuo com os thrillers. Todas as Garotas Desaparecidas certamente não foi o melhor do ano. Também não foi ruim.
Na história, uma mulher de 28 anos chamada Nicollete volta à sua pequena cidade natal para tratar da venda de sua casa de infância. Para isso, precisa tratar de assuntos que preferia fingir ignorar quando foi embora: a doença mental de seu pai, a relação ruim com seu irmão depois da morte de sua mãe e, acima de tudo, o desaparecimento de Corinne, sua melhor amiga, 10 anos antes.
O problema é que com sua volta novas histórias em uma cidade fofoqueira parecem surgir. Do mesmo modo, novas suspeitas e também um novo desaparecimento.
O que tem de mais diferente nesse livro é a forma de contar. Ele é narrado de trás para frente de forma diferente. Seleciona-se uma parte da história e volta-se no tempo. Para quem assistiu a séries como Damages e How To Get Away With Murder, é exatamente essa linguagem. Nunca tinha visto em romances de suspense.
O desfecho da história e a forma de sustentar o suspense é que não foram das melhores. A protagonista não é daquelas por quem nós acabamos nos apegando muito e, se a história é contada assim, obviamente que partes importantes de clímax são contadas no final. Por isso, pensando na lógica, não faz sentido a apatia da personagem nos dias finais, que foram as páginas iniciais do livro.
Ainda assim foi uma boa experiência e mesmo não sendo o melhor livro do mundo eu recomendo.
Destaco também o trecho epigrafado na página de introdução da terceira parte do livro. Tirei foto. Gostei da frase.
FDL
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