sábado, 21 de abril de 2018

Foco Inicial – Patricia Cornwell

foco inicial“Peguei a pistola Glock nove milímetros na gaveta do escritório e examinei todos os cômodos, em todos os pisos. Entrei em cada um deles com a pistola firmemente apontada, segurando-a com as duas mãos, enquanto o coração batia forte. Carrie Grethen tornara-se para mim um monstro dotado de poderes sobrenaturais. Comecei a imaginar que ela seria capaz de driblar qualquer sistema de segurança e surgir das trevas assim que eu me sentisse segura e baixasse a guarda. Nos dois pavimentos de minha casa de pedra não havia sinal de presença humana, exceto a minha. Levei um cálice de borgonha tinto para o quarto e vesti o robe. Telefonei para Wesley e senti um arrepio de medo quando ninguém atendeu. Tentei novamente, por volta da meia-noite, e mesmo assim não consegui falar com ele.

"Meu Deus", falei em voz alta, sozinha no quarto. A luz suave do abajur formava sombras de cômodas e mesas antigas lixadas até recuperarem o cinzento do carvalho antigo, pois eu apreciava as ranhuras e marcas de uso formadas ao longo do tempo. As cortinas em rosa pastel balançavam, agitadas pelo ar que saía dos orifícios de ventilação. Meu descontrole emocional crescia com qualquer movimento, mesmo eu sabendo racionalmente sua causa A cada momento que passava, o medo ampliava o controle sobre minha mente, por mais que eu tentasse sufocar as imagens de um passado que compartilhava com Carrie Grethen. Ansiava pelo telefonema de Benton. Tentava me convencer de que estava tudo bem e eu só precisava dormir. Li alguns poemas de Seamus Heaney e cochilei no meio de The Spoonbait. O telefone tocou às 2h20 da madrugada, e meu livro caiu no chão. "Scarpetta", resmunguei ao aparelho, enquanto meu coração disparava como sempre ocorria quando me acordavam de supetão. "Sou eu, Kay", disse Benton. "Desculpe eu ligar tão tarde, mas achei que você poderia ter tentado falar comigo. A secretária eletrônica parou de funcionar por algum motivo, e eu saí para comer alguma coisa e depois caminhei na praia por mais de duas horas. Precisava pensar um pouco. Calculo que você já saiba da novidade."

"Sim." Eu já estava completamente desperta.”

Patricia Cornwell

Quem diria que já estou no nono livro da Dra. Kay Scarpetta? Bom, infelizmente esse foi até agora o pior da série.

Kay envolve-se na investigação da morte de vítimas assassinadas em misteriosos incêndios e o caso parece cada vez mais se aproximar de Carrie Grethen, psicopata inimiga sua e de sua sobrinha Lucy, que em livros anteriores já matou muita gente e está internada em uma clínica psiquiátrica.

Foco Inicial trata da investigação dos incêndios e também da caçada a Carrie, mas também tem um grande impacto na vida da própria legista, que precisará ser forte para suportar efeitos que os crimes perigosos causam na sua intimidade.

O livro tem passagens que eu sinto já ter lido antes, além de muitos trechos técnicos sem sentido. Faltou um pouco de substância nessa história, que me pareceu aquilo que muita gente chama de suspense burocrático.

Pelo que eu vi por aí, os fãs da escritora também não consideram ser esse seu melhor trabalho. Bola para frente, não vivemos apenas de trabalhos grandiosos.

Que os próximos livros sejam bons ao ponto de recuperar o prestígio que essa autora tem. Espero um dia alcançar essa quantidade insana de livros publicados por Patricia Cornwell.

FDL

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