“Charlie sempre aparentava ter facas à mão. Às vezes ele levava Mary, Lynne e Pat para a mata e fazia com que elas se posicionassem em frente a uma árvore. Então ele dava alguns passos para trás e atirava a faca para espetá-la na árvore logo acima das cabeças delas, como algum número de circo. Isso as amedrontava, mas Charile explicou que era um meio de testar se elas realmente confiavam nele. Se elas desviassem, significava que não confiavam. Elas, então, tentavam permanecer completamente imóveis e quando faziam isso Charlie sempre lhes dizia o quanto eram maravilhosas. Aquele tipo de elogio vindo dele fazia o risco valer a pena”.
Jeff Guinn
O quarto livro do true crime foi um desafio. É bem longo e detalhado. Mas não por isso ele é ruim. Essa história tem tanto a dizer e divagar que ele ainda poderia ter o dobro de páginas e continuar se mantendo interessante.
A biografia de Manson lançada recentemente, escrita pelo jornalista Jeff Guinn não é o primeiro livro a tratar do caso. O primeiro chama-se Helter Skelter, de Vincent Bugliosi, promotor do caso. Deste livro também saiu o filme de 2004 e um dos anos 70.
Esse outro livro é esgotado no Brasil há muitos anos e não encontrei. Por isso mesmo, não revi o filme de 2004, que lembro ter gostado muito na época. Essa história ainda tem coisa para render. Mas ressalto que Helter Skelter trata apenas de uma fase: os crimes ocorridos que levaram à prisão de Manson e seus seguidores. Já esse é uma biografia do homem.
Manson, de Jeff Guinn acaba sendo complexo porque para entender essa pessoa e sua personalidade, foi necessário inserir o leitor no contexto cultural do mundo naquela época, sobretudo os anos 60.
Por isso, muito se fala do cenário musical do tempo, do movimento hippie, da política, da segregação, enfim, é também de algum modo uma aula de história.
Eu já conhecia um pouco da história de Manson, porque o nome dele sempre aparece nas listas dos mais terríveis serial killers conhecidos. Além disso, já tinha visto o filme Helter Skelter em 2004. Mas nada me preparou para essa leitura, que está certamente entre as melhores desse ano.
Impossível resumir a história de Charles Manson e de seus seguidores, tampouco compreender o porquê de tudo ter acontecido. Há momentos em que parece trata-se de ficção, tamanho absurdo que foi o ocorrido.
A história desse homem e de seus atos cruéis é cheia de violência física e psicológica, além de uma personalidade extremamente genial e poderosa, infelizmente para o mal.
O poder de manipulação de Charles, além do que ele foi capaz de fazer e mandar fazerem por ele em alguns momentos me impressionou. Não é uma leitura fácil o tempo inteiro, muito menos confortável. Mas é de um aprendizado sobre o homem e o mundo muito importante.
Agora fico na expectativa de ler Helter Skelter, que todos dizem ser ainda melhor.
Recomendado.
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