terça-feira, 30 de abril de 2013

A Caça

acaçaFilme: A Caça (Jagten)
Nota: 9,5
Elenco: Mads Mikkelsen (que voltou a aparecer com a versão em série do Hannibal). Não conheço os outros atores dinamarqueses.
Ano: 2012 (mas está nos cinemas agora no Brasil)
Direção: Thomas Vinterberg

 

 

 

 

É uma produção dinamarquesa, muito bem recebida pela crítica, que acabou sendo levada ao mundo todo.

Trata-se da história de um professor do jardim de infância, Lucas, que tem uma vida solitária depois de seu divórcio, mas tem uma aluna, Klara, que gosta muito dele. Essa menina é de um lar de constantes brigas e não tem muita atenção dos pais.

Um dia, após ser repreendida pelo professor, Klara diz à diretora da escola que viu o pinto do professor. A partir daí, a vida de toda a comunidade muda, mostrando de verdade o que é a punição por um crime: a exclusão da sociedade.

O filme é extremamente esperto, porque evolui de forma natural, mostrando lados azedos da sociedade e as consequências disso.

Uma parte parece principal, mas pra mim é secundária, que é questão da forma a se investigar um crime como esse, que além de mexer com um assunto desconfortável a todos, gera consequências nefastas e indeléveis ao acusado e, por isso, carece ainda mais de toda a certeza do mundo. Mas como?

O ponto pra mim é mostrar como a sociedade sempre está pronta para a acusar, punir, linchar, excluir. É aquela sensação que temos de acusar os outros, assim, de alguma forma somos melhores ou limpos. Mas somos? Claro que não.

Essa gana por punição, essa curiosidade sádica por cavar maldades, induz terceiros, de forma descontrolada.

A gente repara que a história se transforma no ponto em que não é dada a possibilidade a Lucas de se defender, porque parte-se do pressuposto de que crianças não mentem. Claro que mentem! Claro que imaginam! Claro que abusam para terem atenção!

Como se o filme não fosse rico o suficiente, ainda, no finalzinho nos deparamos com a situação do absolvido criminalmente. A vida dele volta a ser a mesma? Claro que não. A sociedade às vezes o aceita de volta, mas a cena final mostra que ele sempre será julgado e sempre estará vulnerável a mais agressões, mesmo sendo tão inocente ou não tão inocente quanto todo o resto da população.

Aliás, de inocente mesmo o filme só mostrou a coitada da cachorrinha, que acabou pagando o pato em uma das cenas mais tristes que eu vejo em muito tempo no cinema.

Destaco, por fim, a relação de Lucas com o filho, que me surpreendeu na cena após o pai ser preso. Deixo para quem quiser assistir ainda, mesmo com todos os spoilers.

Recomendo muitíssimo. É desconfortável, mas real e necessário.

FDL

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