domingo, 14 de maio de 2017

Eurovision 2017

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A edição da competição musical desse ano foi a terceira que eu vi e achei que foi a mais fraca até agora. Isso observando tanto as músicas, quanto a produção e a repercussão como um todo.

Mesmo assim, meses antes de haver o show propriamente dito as músicas são divulgadas e a gente já vai salvando e ouvindo as preferidas.

Nesse ano eu gostei mesmo de uma: Hey Mamma, de Sunstroke Project, da Moldávia.

 

Essa música é bem animada e divertida, com uma refrão grudento e umas passagens de sax legais. Gosto de músicas pra cima assim.

De resto eu não adorei nada, mas gostei bastante da música vencedora: Amar Pelos Dois, de Salvador Sobral, representando Portugal.

 

Tanto ele quanto a música são esquisitos, mas isso não é necessariamente uma coisa ruim. É original e ele canta com bastante emoção. Mas para mim é algo que funciona assistindo ao vivo. Não ouço na playlist não.

Importante eu achei a vitória do país na competição, porque nunca havia acontecido de Portugal ganhar e, além disso, os portugueses não abrem mão de cantar no seu próprio idioma, coisa bem rara no Eurovision. Isso quebra a ideia de que para ganhar o cara tem que se apresentar em inglês.

Posso destacar também algumas apresentações interessantes, que mereceram boas colocações por não serem mais do mesmo. Uma delas é o estilo cigano do representante da Hungria:

 

Os romenos, que fizeram um Yodel:

 

Belarus também trouxe uma música que tenho ouvido bastante na playlist, com um estilo bem agradável:

 

Por fim, o croata Jacques Houdek cantou uma música muito bonita, na qual ele faz duas vozes bem diferentes:

 

No final, há muitas baladas repetitivas, muitas músicas com toque eletrônico ou então fórmulas batidas que parecem não funcionar mais.

O programa é longo, com duas semifinais e depois uma final que dura várias horas. Bom mesmo é o suspense da votação país a país para eleger o melhor. Nesse ano pelo menos não houve decepção com a escolha do vencedor.

Que no ano que vem Portugal ofereça um show um pouco melhor do que a Ucrânia foi capaz de fazer.

Continuo fã do programa e acho difícil agora deixar de ver. Virou evento sazonal.

FDL

sexta-feira, 12 de maio de 2017

Broadchurch – 3ª temporada

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A terceira temporada de Broadchurch e última acabou. Com isso se encerra uma das melhores produções britânicas no gênero policial que eu já vi.

Depois de duas temporadas bem interligadas no assunto da morte do menino Danny, a terceira trouxe uma história diferente: o estupro de Trish, muito bem interpretada pela atriz Julie Hesmondhalgh.

David Tennant e Olivia Colman continuaram na série com os detetives Hardy e Miller, mas dessa vez o foco é a investigação desse crime.

A família de Danny ainda esteve presente e, claro, mais chata do que nunca. Dessa vez a mãe superou um pouco os chiliques e passou a ser um tipo de conselheira a pessoas que passam por dramas, pessoais. Acaba ajudando Trish.

O pai de Danny é que ficou mais chato ainda e toda essa parte da série foi completamente descartável, junto com o padre, que ficou sem ter o que dizer ali.

Entre os coadjuvantes eu gostei muito da história da jornalista, que esteve sempre deixada de lado nas outras temporadas e teve uma boa jogada nessa última, que mostrou os malefícios da nova geração, que acha saber tudo apenas por dominar melhor as novas tecnologias. Esse embate ético foi muito bom.

A história principal, de Trish, é uma fórmula das histórias de suspense. Você sabe que haverá mistérios que são entrelaçados para darem voltas no próprio rabo, criando vários suspeitos e uma única resposta improvável no final, que nada tem a ver com o resto.

Mesmo assim a gente assiste, porque são bons personagens, boas narrativas e bem interpretadas.

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Achei que a escolha da atriz seria apenas uma sutileza sobre o estereótipo da vítima de estupro. Mas já devia ter aprendido com os britânicos. Na cena em que Trish briga com sua amiga por ter transado com o marido dela, ela ouve: “não entendo por que com tantas mulheres na festa, alguém iria escolher estuprar justo você”.

A dor da personagem ao ouvir isso, até mesmo como um segundo estupro, foi no ponto e mostrou ainda mais toda a carga que aquela mulher tinha de carregar quando a pequena e fofoqueira cidade descobrisse o que ocorreu e começasse a julgá-la.

Acabou a série, infelizmente. Porque teria gás para contar muita coisa. Mas de todo jeito deixou sua marca e abre espaço para novas produções boas aparecerem.

Excelente série!

FDL

sexta-feira, 5 de maio de 2017

13 Reasons Why

13 Reasons Why

Essa série fez muito barulho quando o Netflix lançou e pela sinopse me interessou. Estou meio que sem ver nada do universo jovem e confesso que gosto. Além disso, prometia trazer à discussão um assunto bastante incômodo para as pessoas, quanto mais adolescentes: suicídio.

Depois disso ainda vi que era inspirada em um livro, cuja capa eu já tinha visto por aí e até folheei na livraria, mas acabei perdendo o interesse porque tinha lido o Lista Negra, que apesar de diferente, traz o universo do drama e bullying dentro das escolas.

De fato a história dessa série lembra muito o que houve em Lista Negra, mas, por incrível que pareça, é menos trágico o que ocorre.

A história é da adolescente Hannah Baker, que é nova na escola e durante todo o ano acaba sofrendo todo o tipo de agressões dos outros alunos que supostamente seriam seus amigos ou possíveis interesses amorosos.

Toda essa violência faz com que Hannah decida se matar, mas não sem antes gravar 13 fitas narrando os porquês de sua atitude derradeira, dedicando cada uma delas aos responsáveis pelo seu sofrimento.

A série aproveitou a premissa e trouxe 13 episódios em uma narrativa excessivamente lenta. Isso fez com que Hannah e o protagonista Clay, que ouve as fitas durante toda a série, acabem tendo uma história cansativa.

Quanto ao elenco, achei os atores promissores e todos trabalharam bem, com exceção de um ou outro.

A série é boa, mas acredito que o roteiro deixou a desejar em diversos momentos. As explicações dadas para serem verossímeis as atitudes centrais acabam sendo justificativas esfarrapadas para a história que não estava fechada. Uma delas é o motivo para Clay levar tanto tempo para ouvir todas as fitas, já que a série não poderia ter 13 episódios correndo todos em um único dia.

O personagem Tony é misterioso para mim também. Ele não está nas fitas, sabe do que ocorreu, mas mesmo assim não foi capaz de impedir o suicídio de Hannah. Achei falho e mal contado.

Os episódios finais são excessivamente fortes, com cenas de estupro, agressões físicas e o próprio suicídio, que foi mostrado de forma bem crua e direta.

13 Reasons Why sofreu pesadas críticas nos EUA, com pais preocupados com o incentivo ao suicídio de crianças problemáticas e até com um glamour com relação ao tema. Por conta disso, quando eu assisti, o Netflix já havia feito uma alteração: adicionaram um novo episódio em forma de depoimentos, com atores, produtores e diretores falando sobre a violência nas escolas e dando mais informações sobre ajuda a adolescentes com pensamentos suicidas.

Eu acredito que a série tem falhas como ficção mesmo. Já nesse assunto não vejo essa posição. Acredito que os assuntos devem ser tratados para serem conhecidos e os problemas superados. Existe um bloqueio de comunicação entre pais e adolescentes que a série mostra. Quem sabe filhos e pais assistindo a essa série juntos pode haver alguma evolução. Pelo menos os jovens que eu vi comentando viram fidelidade na realidade das escolas americanas.

Por outro lado, de fato acredito que a série tenha falhado em dois aspectos. O primeiro deles é em deixar claro que apenas Hannah não teve apoio da escola quando recorreu a ela pedindo ajuda depois da violência. Não são todas assim e o jovem não pode ter a ideia de desamparo, porque isso contribuiu com o suicídio de Hannah.

Nesse aspecto houve uma correção no final com a adição do episódio que eu mencionei acima.

Outro erro da série foi não deixar clara a parte psicológica de Hannah, se ela sofreu uma depressão, se tinha outro distúrbio psicológico. Passa a falsa ideia de que suicídio ocorre com frequência com pessoas sem distúrbios psicológicos. Não sou da área, mas acho que a própria série poderia ter informado mais sobre isso.

No final, a experiência foi válida para conhecer esse assunto e ter a oportunidade de debater sobre o tema.

Haverá uma nova temporada no ano que vem e sinceramente não entendo o motivo. As pontas soltas deveriam ter sido aparadas nessa primeira temporada mesmo, porque elas não sustentam mais 13 episódios, afinal, haverá uma nova história? Enfim, só nos resta esperar para ver o que ocorrerá.

Entre o povo que se diz mais “erudito” e “intelectual” ficou na moda esculhambar a série. Peço licença e divirjo. Tem falhas, mas tem sim seu valor.

FDL

segunda-feira, 24 de abril de 2017

The Good Fight – 1ª Temporada

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Finalmente passou a série derivada de The Good Wife. Estava curioso, porque nunca tive experiências boas com séries assim. CSI, Criminal Minds, Bones e Friends que o digam.

A protagonista, Alicia, não esteve presente, mas o que deu certo em The Good Fight foi que a original era tão boa, tinha coadjuvantes tão excelentes, que eles sustentaram uma nova série com facilidade.

Christine Baranski e Cush Jumbo estavam excelentes, houve a chegada da ainda verde Rose Leslie. Entre os personagens novos destaco Adrian, interpretado por Delroy Lindo.

Nessa série, a personagem Maia Rindell é filha do milionário Henry, que é preso depois de aplicar um golpe bilionário em investidores, entre eles, Diane Lockhart, que estava prestes a se aposentar.

Diane fica sem grana nenhuma e precisa voltar a trabalhar, mas seu antigo escritório lhe fecha as portas e ela sai literalmente atrás de emprego, sendo aceita pelo escritório de advogados negros de Adrian, onde trabalha a já conhecida Lucca.

A história da série envolve o escritório de Adrian e Diane e todo o esquema do golpe da família Rindell.

Só que como o universo é o mesmo, vários personagens voltaram a aparecer. Aparentemente escolheram a dedo as melhores participações de The Good Wife, destacando agora os atores Carrie Preston e Matthew Perry, que protagonizaram cenas geniais.

A série fez a lição de casa e teve apenas 10 episódios, quantidade suficiente para não enjoar quem assiste nem deixar preguiçoso quem cria. Foi renovada e ano que vem está de volta, com promessa de novos nomes retornando.

Espero ansiosamente e já considero The Good Fight uma das melhores séries do ano.

FDL

domingo, 23 de abril de 2017

Girls – 6ª Temporada: Series Finale

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Acabei de assistir à temporada final de Girls e fiquei muito impressionado com a qualidade.

Esse nunca foi a minha série preferida, mas acabava acompanhando porque ela era única e não tinha a mesmice das outras, sobretudo com o tema que ela explora.

Acontece que com o anúncio do final da série parece que a Lena Dunham correu atrás e caprichou bem nas temporadas finais. Essa ainda superou a outra.

A 6ª temporada faz com que as personagens mergulhem de vez na vida adulta, principalmente a protagonista, Hannah, que fica grávida após um sexo casual e decide seguir em frente tem ter o filho.

Os personagens Ray, Jessa e Shoshanna continuam excelentes, mas poderiam ter aparecido mais na série.

O final foi interessante, já que os encerramentos foram no penúltimo episódio, acabando com as histórias que ainda precisavam ser contadas. Para o derradeiro ficou um pouco do que seria a nova vida de Hannah: o nascimento do bebê não a faria mudar de repente, assumir as responsabilidades com um chamado biológico – isso viria com o tempo.

Quero destacar também a trilha sonora nessa temporada. No primeiro episódio um belo resgate da música She’s So High, de Tal Bachman, a cara dos anos 90. Além disso, tem uma cena bem bonita em um episódio posterior com o Ray, tocando a música Weathered, de Jack Garratt, que está salva no meu Spotify.

 

A série cumpriu seu papel e acabou sem ficar vazia. Deixou sua marca e espero que todos os participantes sigam com sucesso nas respectivas carreiras.

FDL

sexta-feira, 7 de abril de 2017

Series Finale: Bones

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Finalmente a série acabou. Foi a despedida da Dra. Temperance Brennan e do Agente Seeley Booth, depois de 245 episódios, da série que estreou em 2005, totalizando 12 temporadas.

Infelizmente eu parei de assistir na 9ª temporada, em 2013. Não deu mais para mim.

A série deveria ter sido encerrada antes. Era muito episódio para uma história que não se sustentava mais. É uma pena que os americanos não aprendam a lição e insistam em fazer isso com tantas séries boas.

Mas o fato é que nas primeiras temporadas Bones foi uma das minhas séries preferidas. Eu lembro de ficar ansioso esperando a legenda sair e acompanhando a data da estreia.

Por isso eu quis assistir a esse episódio final para ver o encerramento. Minha decepção só aumentou.

Percebi que agora o Hodgins andava em uma cadeira de rodas, ou seja, a tática de fazer os personagens centrais serem vítimas dos mais diferentes tipos de atentados não mudou. O próprio episódio final mostra um novo vilão explodindo todo o Jeffersonian, deixando Bones com uma lesão cerebral que pode a impedir de fazer seu trabalho.

Por fim houve várias referências a personagens que tinham saído e houve mudanças para os casais e personagens centrais. Mas infelizmente não teve tanta emoção não.

A série acabou e ninguém nem ligou para ela, essa é a verdade.

Que isso sirva de lição, porque uma ideia boa e uma série de sucesso não pode ser destruída assim apenas por propósitos comerciais.

Mas fica o registro de uma série da qual eu jamais vou esquecer. Que os excelentes atores, agora livres, façam novos bons personagens.

FDL

quarta-feira, 5 de abril de 2017

Minissérie: Big Little Lies

big little lies

Terminei nessa semana de assistir naquele maravilhoso site da HBO GO (not) a essa série que marcou o ano com certeza. Foram 07 excelentes episódios muito ricos.

Eu conheci essa história com o anúncio da série e, como seria do David E. Kelley, prontamente me preparei para assistir. Acontece que é inspirada em um livro de sucesso, que li no mês passado e fiquei muito impressionado.

O livro Pequenas Grandes Mentiras acabou sendo superior à série. Só que dessa vez não esperava que isso fosse acontecer, porque David E. Kelley tinha a faca e o queijo na mão para elevar a história.

A série continuou sendo excelente. Apenas não fez frente ao livro.

Em uma coisa pelo menos houve superação: a personagem Madeline. A atriz Reese Witherspoon estava excelente nesse papel, que parece ter sido feito para ela, aliás, porque Madeline é complexa e dramática, mas muito engraçada e interessante de assistir.

Por outro lado, Shailene Woodley não fez muito pela personagem Jane, que já não era a melhor delas, mas também não conseguiu crescer. Era de cansar todo episódio ver aquela mulher correndo na praia.

Nicole Kidman já fez cenas de muita putaria. A personagem Celeste foi muito mais tensa e complexa assistindo. Ficou mais forte e contundente a parte que falava de violência doméstica. A atuação de Nicole ajudou muito, com uma mulher o tempo todo tensa e travada.

Há várias diferenças colocadas na série. Algumas delas são compreensíveis, como a acertada decisão de mudar o perfil racial de alguns personagens para ficar mais representativo. Por outro lado, não entendi o caso extraconjugal de Madeline, muito menos o desfecho, que ficou sem propósito.

De todo jeito, essa série é um retrato muito crítico da opressão social contra a mulher. Se engana quem pensa ser apenas um grupo de mulheres brigando na porta da escola de seus filhos. Há aceitação da mulher que deve ser perfeita, da bem-sucedida na carreira, da que cuida apenas do filho, da relação feminina com seu filho fruto de estupro, enfim, há muita coisa acontecendo por aqui.

Aliás, outro fato que me fez gostar de Madeline é ela ter colocado Jane sob suas asas. Porque com exceção dela e Celeste, todos os conservadores moradores da região oprimem a mulher solteira, jovem e não rica que tem um filho ali, como se fosse inferior aos outros.

Outra personagem muito bem vista foi Renata, interpretada pela excelente Laura Dern. Ela é afetada e impaciente, cheia de raiva e stress. É um retrato da mulher de negócios atual, sobre quem continuam recaindo deveres que poderiam ser dos maridos. Apenas achei que faltou a exploração da traição de seu marido com a babá, porque no livro foi uma boa resposta à arrogância dela.

No livro eu já tinha elogiado as perfeitas fofocas nos finais dos capítulos. Na série fica melhor ainda, porque vemos como pessoas fofoqueiras mudam as visões dos acontecimentos com base na sua maldade.

O capítulo final foi completamente corrido. Deveria ter mais um episódio, que focasse apenas na festa e no que ocorreu após. O mistério do pai de Ziggy e o que aconteceu depois com Jane não ficou muito claro.

De todo modo, mesmo com algumas críticas, foi uma excelente minissérie. Se eu não tivesse lido o livro teria achado perfeita. Faz parte a chatice em ver defeitos.

Recomendo muitíssimo e é um destaques do ano, com certeza.

FDL

sexta-feira, 31 de março de 2017

A Dama Oculta – Ethel Lina White

livro a dama oculta

“Eu entendi certo?”, perguntou. “A srta. Froy é uma completa estranha para você?”

“Isso mesmo”

“E, mesmo assim, está quase enlouquecendo por causa dela. Você deve ser a pessoa menos egoísta do mundo. Sério, é quase antinatural.”

“Na verdade é o contrário disso”, admitiu Iris, com sinceridade. “Isso é que é engraçado. Não consigo me entender nem um pouco.”

Ethel Lina White

Encerro o mês de livros que viraram filmes do Hitchcock com o que achei menos interessante.

Aliás, o problema para mim não foi com a história em si, que me chamou bastante a atenção. O negócio é que a narrativa é muito confusa para mim. Há algumas rupturas e outras passagens que me deixaram perdido.

Alguns pontos desse livro sequer ficaram claros para mim.

No entanto, me simpatizei com a protagonista, Iris. Ela é afetada, porém inteligente e decidida. Gosto da postura dela de enfrentar aqueles homens, sem desistir de suas ideias e posicionamentos.

O mistério do final era bem evidente, muito embora os motivos não fiquem claros.

O começo dessa história enrola demais e não acrescenta em nada ao que vemos depois. Com certeza não tenho vontade de reler um dia.

Assim encerro a minha proposta de março. Gostaria de ter lido mais um, mas quem sabe faço um mês da repescagem ou então mais um mês de Hitchcock no futuro? Quem sabe?

Agora, vamos ao filme, que não tinha visto ainda.

filme a dama ocultaFilme: A Dama Oculta (The Lady Vanishes)
Nota: 7,5
Elenco: Margaret Lockwood, Michael Redgrave, Dame May Whitty
Ano: 1938
Direção: Alfred Hitchcock

 

 

 

 

 

Certamente o filme é melhor que o livro e faz diversas mudanças na história. Em comum há a protagonista, que perde sua amiga no trem de forma misteriosa e é tomada como louca. O pano de fundo de espionagem também está por lá, mas é muito mais explorado.

Algumas cenas são teatrais e as atuações são bem exageradas. É muito bom comparar o estilo de filmes daquela época com como é feito agora.

Mesmo assim foi o filme mais fraco do Hitchcock que eu já vi até hoje. Só evidentemente está longe de ser ruim.

De todo modo, encerramos mais um capítulo.

FDL

domingo, 26 de março de 2017

Janela Indiscreta – Cornell Woolrich

janela indiscreta livro“Eu não sabia seus nomes. Nunca ouvira suas vozes. Estritamente falando, não os conhecia nem de vista, pois seus rostos eram pequenos demais para adquirirem feições identificáveis àquela distância. No entanto, eu podia construir um cronograma de suas idas e vindas, de seus hábitos e atividades cotidianas. Eram moradores das janelas à minha volta.

Claro, acho que era um pouco parecido com bisbilhotice, poderia até ser confundido com a concentração febril de um voyeur. Isso não era culpa minha, não era essa a questão. A questão era que, justamente naquela ocasião, meus movimentos estava severamente limitados...”

Cornell Woolrich

 

 

 

 

Chegamos finalmente na parte 04 do mês de Hitchcock.

Janela Indiscreta foi um dos filmes preferidos meus que eu vi dele até hoje. Quanto ao livro...

Bom, fiquei surpreso quando ele chegou aqui em casa e descobri que não é um romance inteiro, trata-se de um conto de Cornell Woolrich. Até aí tudo bem. Dependendo do resultado eu leria os contos seguintes.

O conto não é tão bom quanto o filme. Definitivamente.

A história é semelhante no ponto principal: o personagem sem poder levantar que investiga um assassinato apenas observando o vizinho pela janela. De resto, nada a ver.

Neste conto ele não tem uma namorada e sim o secretário, ou empregado, não é tão clara assim a relação dos dois. Além disso, o final é confuso. Não sei se fui perdendo a atenção na leitura ou é corrido mesmo.

Não chega a ser ruim, mas não tem comparação com o filme Janela Indiscreta do Hitchcock.

De todo jeito, não me senti tão interessado assim em ler os outros contos do livrinho, mas quem sabe no futuro?

O próximo livro de obra do Hitchcock é A Dama Oculta. Até lá.

FDL

sexta-feira, 24 de março de 2017

Psicose – Robert Bloch

psicose“Não podia ouvir nada além do barulho da água e o banheiro começou a se encher de vapor.

Foi por isso que não percebeu a porta abrir, nem o som de passos. Logo que as cortinas do chuveiro se abriram, o vapor obscureceu o rosto.

Então ela viu – um rosto, espiando entre as cortinas, flutuando como uma máscara. Um lenço escondia os cabelos e os olhos vidrados a observavam, inumanos. Mas não era uma máscara, não podia ser. Uma camada de pó dava à pele uma brancura de cadáver; havia duas manchas de ruge nas maçãs do rosto. Não era uma máscara. Era o rosto de uma velha louca.

Mary começou a gritar. A cortina se abriu mais e uma mão apareceu, empunhando uma faca de açougueiro. E foi a faca que, no momento seguinte, cortou o seu grito.

E a sua cabeça.”

Robert Bloch

Foi muito legal a experiência de ler em um livro uma das cenas mais famosas do cinema. Ela que inspirou aquela passagem que hoje em dia está gravada na cabeça de todo mundo que viu o filme ou alguma referência a ele.

A parte 4 do mês de Hitchcock é o livro que inspirou seu filme mais famoso: Psicose. Até agora foi o melhor deles.

Trata-se de mais um livro curto e dinâmico. Como eram bons esses livros que não enrolavam a gente com bobagens!

A edição está fantástica. Talvez seja uma das melhores que a editora Darkside tenha lançado. Se fosse em tamanho grande, diria que é o livro mais bonito que já coloquei na minha estante. Há diversas imagens, fotografias, artes gráficas temáticas, enfim, é uma edição limitada para guardar para sempre.

O livro conta a história de Norman Bates, um homem solitário que cuida sozinho do deserto Bates Motel e tem uma relação conflituosa e doentia com sua mãe, que envolve dominação e violência.

A ação do livro envolve o desaparecimento de Mary Crane, que fugia com um dinheiro roubado para tentar uma nova vida com seu noivo. Porém, ela cruza a vida de Norman e sua mãe, de alguma forma desequilibrando a já frágil relação naquela casa, o que faz ocorrer uma tragédia.

Os capítulos desse livro alternam o protagonismo de personagens, sendo vários focados em Norman, mas outros em Mary, Lila, Arbogast e Sam. Isso mostra a tremenda habilidade do autor Robert Bloch em utilizar referenciais e discursos diferentes para contar a fazer andar a história.

Gostaria muito de ter lido esse livro antes de conhecer o filme e ter visto o final. Como seria bom descobrir o mistério por meio de uma leitura!

Ainda assim, sabendo o que acontece, diversos trechos são interessantes, como esse que eu separei:

“Tarde de sábado, Norman faz a barba. Ele só fazia uma vez por semana, sempre aos sábados.

Norman não gostava de se barbear por causa do espelho. Havia linhas curvas nele. Todos os espelhos pareciam ondas que ferem sua vista.

Talvez o problema fossem os seus olhos. Sim, era isso, pois ele lembrava como gostava de se olhar no espelho quando menino. Gostava de ficar em frente ao espelho, sem roupas. Certa vez a Mãe o surpreendeu e deu-lhe uma pancada na cabeça com a grande escova de cabelo, de cabo de prata. Ela bateu com força, e doeu. A Mãe lhe disse que aquilo era muito feio, olhar-se daquela maneira.”

Esse livro é do ano de 1959 e trata de assuntos extremamente pesados e incômodos a quem é mais conservador. Certamente é de se imaginar o barulho que o combo com o filme causaram.

A facilidade de ler e passar o tempo faz Psicose ser raro. Já terminei com vontade de ler de novo. Um dia ainda certamente o farei.

Acho legal notar também que a famosa cena do chuveiro, da qual já falei, não é a única que deixa a gente em transe com o suspense. A cena final também é demais, com a personagem Lila:

Não há fantasmas, Lila disse a si mesma. Franziu a testa ao perceber que tinha sido necessário negar para si. E, no entanto, ela podia sentir uma presença viva ali.”

Esse pequeno parágrafo, aliás, resume a obra, que trata da forte presença viva de uma pessoa morta, que não é um fantasma.

A explicação do capítulo final também é muito boa, porque ultrapassa a simples exploração de um personagem “doido” e dá fundamento e profundidade com todo um histórico da personalidade dessa pessoa.

psicose 2

Agora, eu já tinha visto esse filme há muitos anos. Lembrava de muita coisa. Até na mesma época vi aquele remake inútil que prefiro nem comentar. Por isso, mesmo fora dos meus planos, eu tive que ver novamente esse filme. Logo, partiu Netflix.

psicose filmeFilme: Psicose (Psycho)
Nota: 10
Elenco: Anthony Perkins, Vera Miles, Janet Leigh
Ano: 1960
Direção: Alfred Hitchcock

 

 

 

 

 

Você pega a história genial que eu já falei e une a isso um ávido diretor querendo fazer um grande sucesso, você tem um clássico do cinema.

Como é bom rever esse filme incrível, com todo esse clima de tensão e mistério.

Já na abertura você escuta a trilha sonora que é explorada por todo mundo quando quer fazer clima de suspense. Um dos pontos altos, aliás, no filme é o uso dos sons em geral.

Atuação de Anthony Perkins é impressionante. Você sente saudades de um tempo que não viveu. Isso porque quando comparamos o que era cinema antes e agora, dá até raiva.

Quando podemos ir ao cinema e ver em cartaz um bom filme de suspense e não mais um reboot, remake ou prequel de super-herói? Difícil, viu.

Enfim, graças ao Netflix podemos ver esse clássico e sem pagar 40 temers na pipoca.

Continuemos com os livros clássicos de Hitchcock em março. A parte 4 já vem e é Janela Indiscreta.

FDL