sexta-feira, 16 de novembro de 2018

A Metamorfose – Franz Kafka

“Ao ouvir as palavras da mãe, Gregor percebeu que a falta de qualquer contato humano imediato, junto com a vida monótona cercada pela família ao longo daqueles dois meses, devia ter confundido seu entendimento, porque de outro modo ele não poderia explicar a si mesmo como, com toda a seriedade, ele pudera ficar tão entusiasmado com a ideia de ter seu quarto esvaziado.”

Franz Kafka

a metamorfoseVamos ao livro de novembro no desafio de 2018?

É o mais curto de todos, mas não necessariamente o mais raso. Só que como a leitura foi rápida, acabei lendo também O Processo, que vem no próximo post.

“Nesta obra, Kafka descreve um caixeiro viajante de nome de Gregor Samsa que abandona as suas vontades e desejos para sustentar a família e pagar a dívida dos pais. Numa certa manhã, Gregor acorda metamorfoseado num inseto monstruoso. Kafka descreve este inseto como algo parecido com uma barata gigante. Nos primeiros momentos, o livro descreve as dificuldades iniciais de Gregor na nova forma. Uma ironia presente neste trecho do livro é que Gregor não se preocupa com sua transformação, mas sim como o facto de estar atrasado para o trabalho.

Quando Gregor, após muitas dificuldades, consegue abrir a porta, todos se assustam, inclusive o gerente, que sai a correr. Samsa avança contra ele, forçando-o a entrar de volta no quarto. Após esse episódio, Gregor é demitido, sua família o rejeita e sua única companhia é ele mesmo. Apenas em alguns momentos a irmã mostra certa compaixão por ele.

No decorrer da história, o autor narra as angústias de Gregor, que sem conseguir fazer nada, ouve sua família discutindo entre si como se sustentar, já que a sua única renda havia ido embora. Nisso, Gregor sente uma forte angústia por não poder fazer nada, nem opinar sobre o que fazer. Nesses tempos, Grete vê os rastros de Gregor nas paredes e no teto do seu quarto, então percebe que Grégor tem falta de espaço, assim, ela e sua mãe vão tirar os móveis do quarto dele. O problema é que o inseto foge do quarto, mas ao sair, depara-se com seu pai que o ataca com maçãs, e uma delas penetra as suas costas, causando tanta dor que o faz desmaiar.

No final das contas os Samsa, (sem contar com a opinião de Gregor, claro) decidem alugar um quarto para ter alguma fonte de renda. O quarto é alugado por três inquilinos, que vivem na casa por um tempo. Num certo dia, Ana esquece uma fresta da porta, que ligava a sala ao quarto de Gregor, aberta. Na hora da jantar, Grete tocava o seu violino para os inquilinos. Gregor, do seu quarto, ouve e fica tão encantado com o som que segue em direção à sala de jantar. Nos primeiros momentos, ninguém o percebe, mas após alguns segundos um dos inquilinos o vê e grita. Sr. Samsa tenta afastar os inquilinos de modo que não vejam o inseto e ao mesmo tempo fazer com que a criatura volte para o seu quarto. Depois desse incidente, Grete, a única que ainda via Gregor como seu irmão e não como um monstro horroroso que atormentava a sua família, perde toda a compaixão e chega à conclusão que eles devem se livrar dele.

No passar do tempo, o autor fala várias vezes sobre a maçã apodrecendo em suas costas, o que é retratado com um sentido simbólico como o ódio de sua família por ele. Depois de certo período, a maçã causa a morte de Gregor. Logo depois de Ana acabar de limpar o quarto do falecido, a família sai da casa feliz. Já não pensavam na morte de Gregor e viam uma certa esperança num futuro próximo, em que poderiam comprar uma casa mais confortável.

Também se mostra interessante que, durante a história, Kafka mostra três períodos da relação da família perante Gregor. No primeiro, ela sente medo; no segundo aceita-o, mas esconde-o do mundo; já no terceiro, odeia-o, vê ele como um peso desnecessário e quer livrar-se dele.”

Esse livro é de um incômodo indescritível. Conforme a história vai passando e a família de Gregor vai sentindo cada vez mais repugnância pelo seu estado, nós vamos percebendo como o ser humano pode ser ruim e abjeto. Não os animais.

A Metamorfose já é considerado um clássico e a leitura, apesar de breve, é bem intensa e densa. Não podemos ler esse livro quando estamos em qualquer estado de espírito não.

Tenho certeza que vai para a lista de releituras. Me parece ser daquele tipo de livro que cada vez que lemos conseguimos tirar algo a mais dele.

Recomendo muito.

FDL

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