quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

O Dilema

o dilema

“Então assim que são os litígios, pensou Samantha. Talvez ela começasse a compreender. Essa era a onda, a euforia, o narcótico que levava os advogados de tribunal à beira da loucura. Essa era a emoção que Donovan procurava quando se recusou a fazer um acordo. Essa era a overdose de testosterona que inspirava homens como seu pai a correr o mundo procurando a quem processar”.

O Dilema – John Grisham

Não tem começo de ano sem ler mais um livro do John Grisham. Tá virando especial do Roberto Carlos.

O Dilema foi lançado no Brasil em 2015. O original chama-se Gray Mountain e é de 2014.

Esse livro conta a história de Samantha, uma jovem advogada com poucos anos de carreira que trabalha em um gigante escritório em New York, com uma função enfadonha de revisar contratos imobiliários.

No entanto, a crise dos imóveis pega sua empresa e, para não ser demitida, ela recebe uma proposta: trabalhar pro bono em uma ONG por um ano e não perder seus benefícios de empregada, com a possibilidade de a crise passar nesse tempo e ela recuperar seu emprego.

Com uma vida dedicada praticamente por completo ao escritório, Samantha fica sem chão e resolve conhecer a ONG, que fica na cidade de Brady, na Virgínia, região dos Apalaches.

A história do livro é essa transformação de Samantha, que conhece uma ONG apenas com advogadas mulheres que atendem gratuitamente a população pobre, que é massacrada por grandes corporações e um poder público omisso.

Além disso, Samantha conhece o advogado Donovan, que luta sozinho contra a exploração dos trabalhadores e do meio ambiente cometido pelas grandes empresas do carvão, que detonam tudo em busca de lucros.

A beleza da história está num acordar de Samantha para uma advocacia que faz sentido, que realmente traz a paz para quem precisa, mesmo que às custas de muito sofrimento e perigo.

Esse livro me lembrou um pouco um dos primeiros do John Grisham que eu li, O Advogado.

A história é interessante e o livro tem pouca barriga, com exceção de algumas longas passagens com informações específicas sobre a extração do carvão nos Apalaches.

Com certeza é mais uma homenagem de John Grisham à profissão do advogado, que pode ser muito odiado por alguns, mas tem sua função essencial em uma sociedade sadia.

A escrita de Grisham só melhora. Além disso, ele sabe explorar os perfis típicos de americanos, principalmente influenciados pela regionalidade. Isso faz a obra ficar mais rica.

Destaco um trecho interessante do livro, num diálogo entre duas mulheres, uma mais experiente e outra incipiente nos dramas da vida:

“Dizem que uma mulher se casa com um homem acreditando que pode muda-lo, e ela não consegue. Um homem se casa com uma mulher acreditando que ela não mudará, e ela muda. Nós mudamos.”

Recomendo esse livro. Não é o melhor nem o pior, mas demonstra uma fase inspirada do autor.

FDL

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