“— Eu perguntei... a senhorita foi até a casa de campo do doutor Bjurman em Stallarholmen com a intenção de atirar em Carl-Magnus Lundin?
— Não, o que o senhor disse foi: "Vamos tentar esclarecer os motivos pelos quais a senhorita foi até Stallarholmen atirar em Carl-Magnus Lundin". Não era uma pergunta. Era uma afirmação antecipando uma resposta. Eu não sou responsável pelas suas afirmações.
— Não seja impertinente. Responda à pergunta.
— Não.
Silêncio.
— Como assim, não?
— Essa é a resposta à pergunta.
O procurador Ekstrõm suspirou. Ia ser um dia longo. Lisbeth Salander o fitou, esperando o resto.”
Stieg Larsson
O ano de 2016 foi longo. Diante das minhas circunstâncias, me recuperando de cirurgia e desanimado com as novidades em filmes e séries, decidi no começo do ano que seria a oportunidade perfeita para finalmente terminar de ler a trilogia Millennium.
Assisti aos filmes suecos em 2009, depois vi o filme americano em 2011 e li o primeiro livro, Os Homens Que Não Amavam as Mulheres, em 2012. Estava devendo a mim mesmo terminar de ler essa que com certeza é minha série de livros preferida.
Acabei deixando de lado por um hábito muito ruim que eu tenho, de achar que devo estar bem para ler livros importantes para mim, ou ver filmes assim, e por aí vai. Acontece que o ser humano é eternamente insatisfeito, então esses momentos nunca chegam.
Como são livros longos, não me comprometi a terminar de uma vez e ia lendo aos poucos, quando estava inspirado. Comecei em fevereiro e terminei os dois livros agora.
Outro lado bom é que a história dos dois livros é uma só. Tudo interligado e não há nem mesmo uma ruptura tão clara nas narrativas. Funcionou bem como esses finais de temporadas de séries com cliffgangers.
A história é excelente. Stieg Larsson criou um suspense muito inteligente e interessante. Não só isso, criou personagens assim também. Lisbeth Salander é uma pessoa que já considero pacas. Dá vontade de ser amigo do Michael, da Erica, enfim.
O último livro tem uma considerável barriga. É bem monótona a parte em que são contados os primórdios da agência policial corrupta e do passado de Zalachenko. Parei um tempo aí e acabei demorando uns meses pra me animar e voltar.
Agora, o final desse mesmo livro é genial. O trecho que selecionei é do julgamento de Lisbeth Salander, que já tinha me interessado demais. Era pelo que eu mais ansiava. Pena que o autor não dedicou tantas páginas assim ao tribunal.
Apenas os filmes suecos retrataram a história toda. O americano, embora seja melhor, não passou do primeiro filme e dificilmente passará, mesmo com a indicação ao Oscar da atriz Roney Mara pela Lisbeth Salander.
Por isso, já sabia do desfecho da história, que tem algumas diferenças entre livro e filme, mas nada muito relevante. O final no livro foi mais tenso ainda.
Estou com vontade de ver os filmes suecos novamente, para depois comentar por aqui, com as ideias mais frescas sobre essa história.
Preciso ressaltar a sensibilidade desse autor, que deu poder às mulheres de forma muito corajosa, seja nas tramas paralelas com Erica, seja nas figuras das policiais femininas, como na própria história do primeiro livro como um todo. É uma exaltação às mulheres fortes.
Agora, recentemente foi lançado o quarto livro da história, mas escrito por uma outra pessoa, já que infelizmente o autor Stieg Larsson faleceu antes mesmo de aproveitar o sucesso de sua complexa obra. Quanto a essa continuação autorizada, pesquisei sobre ela e notei críticas divididas. Obviamente que vou ler e tentar gostar.
Recomendo muito. Me sinto na verdade culpado de terminar de ler esses livros apenas em 2016, sendo tão fã. Mas a vida é a que a gente tem, não a que a gente quer.
FDL
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