Finalmente me rendi e vou fazer o post da série drama que eu mais gostei na história. Curiosamente, só fui assistir depois de ter sido cancelada. E não sabia nada sobre ela, somente que era de tribunal.
No entanto, Boston Legal acabou se revelando a melhor dramédia já exibida e um elenco com a melhor química que eu já vi.
A história é simples. Crane Pool and Schimdt é um escritório de advocacia e a cada episódio temos os advogados batalhando nos casos e nas suas vidas pessoais. Tá, o que tem demais nisso? A forma.
Boston Legal tem uma narrativa irônica e crítica. Há um forte senso de humor e conteúdo político. Além disso, sempre há casos tabus ou incomuns em pauta.
O elenco sempre muda quase que completo a cada temporada. Dizem que foi um dos pontos negativos da série. Por mais que eu sinta falta de quem sai, acho isso legal, porque sempre há um clima de novidade. A gente não cansa de olhar pra cara das mesmas pessoas.
A estrela do programa é o advogado Allan Shore (James Spader). Allan é o mais talentoso advogado e tem fama de fazer qualquer coisa pra ganhar. Sempre insulta juízes, desafia os chefes, ironiza a política do país e faz você ficar ou boquiaberto ou emocionado nas alegações finais. Só que é um homem com um coração gigante, que sofre em ter a dura tarefa de por várias vezes defender interesses que não são os seus.
Allan tem um melhor amigo, o Denny Crane (William Shatner), sócio fundador do escritório. Denny é uma lenda. Só que está ficando velho e gagá, mas sem perder a personalidade excêntrica. É conservador, tarado, adora armas e luta durante toda a série contra a inexorável força corrosiva do destino.
Os dois amigos no final de cada episódio fumam um charuto e bebem um scotch na sacada da sala principal do escritório refletindo sobre a vida, sobre o direito, sobre política e, por algumas vezes, sobre a própria série. Isso mesmo, há muitos efeitos de metalinguagem, por exemplo o Allan falar: “Por favor, excelência, vamos logo, o episódio está acabando e eu ainda nem fui pra sacada” ou “Não discuta comigo, você é só um figurante”, ou “Nossa, não te vejo desde a temporada passada, quando você nos abandonou pra tentar carreira no cinema”.
Há outros personagens incríveis. Shriley Schimidt (Candice Bergen), outra sócia, que representa a beleza da mulher moderna quando atinge a idade madura. Todos são apaixonados por ela, que demonstra sempre ser um ser superior a eles, que a colocam num pedestal. Jerry Esperson, um advogado brilhante, mas com uma doença que o impede de ter relações sociais sadias.
Katie Loyd, Denise Bauer, Brad Chase, Bethany (a advogada anã) são outros.
Os juízes também são personagens importantes, já que estão em todos os episódios e são muito explorados pelo seu lado humano.
Você assiste a apenas um episódio e já sai cantarolando a música de abertura (é o ringtone do meu celular, claro). Depois de um tempo, a gente sente que é daquele escritório e que o Allan, a Kate, o Denny, são amigos nossos.
A capacidade de criar histórias instigantes e personagens complexos é imbatível. O senso de humor com que se trataram temas sérios e cheios de preocupações é genial. A capacidade de influencias as pessoas é inesquecível. Por isso que Boston Legal deixa saudade.
Acabou porque exige maturidade, coisa que a tv aberta americana não está pronta para aceitar (no final da série, obviamente, há um episódio que critica séries com audiência entre os mais velhos sendo canceladas). Todavia, aqui houve respeito. A série foi devidamente finalizada e teve um series finale memorável.
Que a esperança de mais programas assim não morra.