A Culpa é do Fidel

Filme: A Culpa é do Fidel ( La faute à Fidel )
Nota: 9
Elenco: não conheço ninguém
Ano: 2006
Direção: Julie Gravas

Geralmente as histórias políticas são tratadas muito à seco, sem sensibilidade. Ou então os momentos mais introspectivos dos personagens são mal explorados ou bregas. Esse filme não cai no geralmente.

Trata-se de uma história de uma família que muda drásticamente por conta da absorção maior dos ideais socialistas do pai e da mãe e de sua maior participação política. O ano é de 1970. O contexto histórico é a eleição de Salvador Allende.

Para as crianças, sobretudo para a menina Anna, essa mudança não foi fácil de engolir. Comidas simples, fim das aulas de religião, mudança de uma casa com jardim e quintal para um apartamento visitado por barbudos, proibição de obras da Disney e constantes viagens e desentendimentos de seus pais.

A menina procura entender o porquê dessa mudança e assim, chega a parte brilhante do filme: tentar explicar o que é o socialismo. Mas não a decoreba taxativa. Mas entender o socialismo como modo de viver, como ideologia. Isso não é tão simples. Pelo menos deveria ser e é o que Anna tenta entender.

O genial é que por não ser inflamada por ideais alheios e por não se preocupar com as alcunhas que receberia depois, faz questionamentos "neutros", diria eu.

Destaque para quando ela não entende a diferença entre espírito coletivo e ser uma ovelha num rebanho e cobra uma resposta dos pais, que não sabem definir bem para ela. O que seriam eles? O ideal socialista concebido então é de rebanhar as pessoas ou de trazer o espírito coletivo? A resposta eu não sei, mas o filme é altamente recomendável só por trazer essa questão.

Em um post não dá pra analisar tudo. Tem outros pontos bons. Mas isso fica pra mesa de bar, com provolone à milanesa e a Heineken.

FDL