Filme: Um Sonho de Liberdade (The Shawshank Redemption)
Nota: 10
Elenco: Tim Robbins, Morgan Freeman
Ano: 1994
Direção: Frank Darabont
Foi indicado a diversos Oscars, incluindo melhor filme e melhor ator (Morgan Freeman), mas era 1995 e foi o ano de Tom Hanks e seu Forrest Gump. Recentemente foi eleito o filme mais injustiçado pelo Oscar na história.
Eu sei que é muito tarde para ver esse filme. Deveria ter assistido antes mesmo de começar a faculdade de direito. Acontece que algumas coisas na vida são assim. Nós nos deparamos com o filme quando tem que ser e esse foi o momento, mesmo já tendo ele em minha lista de próximos há alguns anos.
É difícil começar a elogiar Um Sonho de Liberdade, porque ele trata de tantas coisas que eu fico até perdido. Mas posso começar falando que o principal nesse filme é a institucionalização e seus efeitos.
Começamos com o impressionante personagem feito pelo Tim Robbins, Dufresne, que acaba de chegar na cadeia e começa a assimilar todo aquele novo universo, mas de um jeito diferente, ele é um cara diferente. Além disso, ele se aproxima de Red (Freeman), um veterano respeitado na cadeia.
Um Sonho de Liberdade mostra nuances de como funciona o poder na cadeia, tal qual a relação dos presos com os funcionários e diretores.
O personagem Dufresne é um gênio e um homem que faz parte de uma minoria: pessoas que não são selecionadas normalmente pelo sistema para irem presas. No entanto, acabou sendo enviado para a prisão, mesmo jurando sua inocência. Ocorre que por mais que ele tenha sido engolido pelo cárcere, ele não chegou a ser completamente dominado, nunca perdendo as esperanças de conquistar sua liberdade e influenciando de alguma forma todos a sua volta: presos, carcereiros e até o diretor.
Já o personagem Red é um homem preso há muito tempo e com ele tem algo que eu destaco muito nesse filme: é retratada a hipocrisia dos critérios para dar condicional a alguém. No Brasil ainda há esse tipo de coisa também, como se pudéssemos exigir um comportamento do preso, sendo que a institucionalização promove outra.
A fala de Red na última audiência é de arrepiar. Só digo isso.
Quando o assunto é o lado de fora, a gente pode ver até com certa amargura o título Um Sonho de Liberdade, tradução daqui. Por conta da institucionalização os indivíduos ficam sem espaço, sem função e lutam para recuperar a identidade que um dia lhes foi apagada no cárcere.
Com relação a isso temos a emocionante cena do Brooks, o preso idoso que é solto depois de passar a vida toda no presídio e sem conseguir viver do lado de fora, comete suicídio, mas não sem antes tentar deixar algum tipo de marca.
O final do filme é emocionante e de uma certa forma mágico, porque traz um senso de justiça, mesmo quando sabemos da fria realidade.
É muito bom vermos filmes que mostram alguma coisa de como funciona a prisão, porque nossa realidade é muito distante e dá perspectiva de até onde o ser humano pode ir e o quanto de nossas supostas escolhas estão condicionadas ao meio em que vivemos.
Recomendo muito.
FDL