| “Todo mundo quer fugir, Karl. Num determinado momento da vida todo mundo pensa em desaparecer. A vida é sempre melhor na praia ou nas montanhas. Os problemas podem ser deixados para trás. Faz parte da nossa natureza. Somos o produto de imigrantes que deixaram condições de vida miseráveis e vieram para cá à procura de uma vida melhor. E continuaram em movimento para o Oeste, fazendo as malas e saindo, sempre à procura do pote de ouro. Agora, não têm mais para onde ir”. John Grisham – O Sócio |
E a maratona John Grisham continua. Esse livro é interessante por vários motivos. Vamos começar com o assunto.
O Sócio é um retrato que Grisham faz sobre o mundo dos advogados fraudulentos e corruptos. Os famosos crimes de colarinho branco. Quando comentei O Homem que fazia Chover, mencionei a ralé dos advogados. Aqui não, estamos falando de golpes sofisticados.
Além disso, a história tem boa parte das passagens ambientadas no Brasil. Agora é aquele momento que nós brasileiros ficamos revoltados com aquela visão simplista e preconceituosa que os americanos têm das nossas afáveis terras tupiniquins, certo? Errado.
O John Grisham não é bobo e fez a lição de casa. Ele até agradece seus consultores no final. Também tenho que ressaltar o fato e o autor ser fã do Brasil. Dizem que já veio várias vezes para cá.
O nosso país é ressaltado de forma detalhada, sem pecar, além de não fugir das típicas cidades brasileiras, com descrições bem fieis. Ponta Porã, Rio de Janeiro, São Paulo e outras, são mostradas como são. Nada daquele papo de macacos e sucuris atrás das pessoas na rua.
No enredo de O Sócio, temos como protagonista Patrick Lanigan, um advogado infeliz na profissão e no casamento, que observa uma brecha no sistema, completamente corrupto. Com isso, Patrick simula a própria morte e foge para o Brasil com 90 milhões roubados de seus sócios.
O livro se desenvolve com o encontro de Patrick vivo, 5 anos depois do golpe. Com isso há questões com o seguro de vida, com a viúva milionária, com a vida de brasileiro e com o enfrentamento da prisão pelo FBI e a busca dos donos do dinheiro, que não se importam com sua prisão, mas sim com a restituição do que lhes foi tomado.
O final foi um pouco óbvio, devo ressaltar. Estava esperando que aquilo acontecesse. Também é meio inverossímil que uma história assim possa acontecer, mas o suspense é genial e imperdível. Você devora o livro em poucos dias, porque os mistérios são revelados aos poucos e de forma muito bem concatenada.
Nem precisava do parágrafo acima, porque todos os livros do Grisham são assim: um pouco romantizados e meio surreais, mas de uma criatividade e técnica de suspense que são inigualáveis, e fazem com que o cara seja um gênio.
O Sócio acabou sendo um dos meus livros preferidos. Espero que um dia vire filme e faça com que mais pessoas tenham acesso a essa história.