quinta-feira, 27 de julho de 2017

Misery – Louca Obsessão – Stephen King

misery - stephen king“Mas personagens de história NÃO! Deus leva a gente quando chega a hora e um escritor é Deus para as pessoas da história, ele cria elas assim como Deus criou a gente e ninguém sabe onde Deus está nem tem como fazer Ele explicar nada, sim, tudo bem, mas escute o que eu vou dizer, seu coisa feia, e escute bem: no caso de Misery, Deus está com as duas pernas quebradas e Deus está na MINHA casa comendo da MINHA comida... e...”

“Ele viu que ela mal prestava atenção. Era a segunda vez em que ela não demonstrava menor interesse nos truques do ofício que fascinariam toda uma turma de aspirantes a escritor. Ele achava que o motivo era bem simples. Annie Wilkes era a plateia perfeita, uma mulher que adorava as histórias sem se importar nem um pouco com a mecânica por trás dos panos. Ela era a encarnação do estereótipo vitoriano do Leitor Fiel. Ela não queria saber de bíblias e índices, pois para ela Misery e os personagens que a rodeavam eram perfeitamente reais. Índices não queria dizer nada para ela. Se ele tivesse falado do censo populacional de Little Dunthorpe, talvez ela tivesse se interessado”

Stephen King

Esse livro foi um enrosco esse ano. Comecei a ler em abril, mas depois de contratempos e compromissos, tive que suspender essas leituras para focar em outros assuntos. Acabei retornando apenas no começo desses mês, mas não muito empolgado com o andamento.

O filme dos anos 90, Louca Obsessão, é um dos meus preferidos e acabei lendo esse livro, que foi meu primeiro Stephen King, por causa disso.

Nunca escondi que não sou fã dele. Acho irregular. Embora tenha gostado muito de algumas produções inspiradas em livros dele, outras foram realmente péssimas.

Só que sempre esperamos o mais recorrente: nenhum filme chega aos pés do livro. Raramente ocorrem exceções e com Misery – Louca Obsessão ocorreu exatamente isso.

A história é excelente, muito parecida com o filme.

A obra mostra Paul Sheldon, um famoso escritor de livros de mulherzinha que cansou de sua protagonista, Misery, a matando em seu último trabalho e escrevendo um novo, com o que considera recuperar o prazer na profissão.

Quando está indo entregar seu manuscrito à editora, o autor sofre um acidente de carro na neve, sendo socorrido por Annie Wilkes, uma suposta enfermeira, que diz ser sua fã número um. Acontece que ao acordar em uma cama, sem poder se mover após os machucados, Paul começa a perceber que algo não vai bem com Annie, cuja intenção se mostra cada vez mais distante de um dia deixa-lo sair dali.

A coisa ainda piora quando Annie descobre que Paul matou Misery em seu último livro...

Os pontos positivos são que Stephen King não é um dos mais respeitados autores em suspense/terror à toa. Os momentos de tensão são realmente fortes e marcantes. Ele consegue te prender, te deixar ansioso a ponto de esquecer o mundo à volta.

Além disso, o livro não poupa passagens violentas e grotescas, que são bem mais leves no filme dos anos 90.

Porém, aí vem o problema, que pode conter spoilers: boa parte do livro se passa com Paul preso a uma cama, logo, um recurso muito utilizado é o do delírio dele se misturando com a realidade, por conta da loucura do isolamento e dos fortes remédios que era obrigado a tomar.

Essas passagens foram incrivelmente chatas e repetitivas, uma encheção de linguiça pura.

Além disso, há passagens com trechos do livro que ele passa a escrever nesse cárcere e essa história tem várias páginas completamente desinteressantes.

Claro que esses recursos serviram para dar mais densidade à história, que é cheia de referência a outras obras literárias, músicas, cultura americana no geral. Mas cansa perceber que isso é inserido em lacunas para preencher um espaço que não deveria estar lá.

Por isso acabei demorando muito para terminar, porque o meio dessa história tem uma enorme barriga.

De todo modo foi uma boa experiência e o final do livro é bem interessante.

Quem sabe no futuro leio uma outra obra desse autor e fico mais impressionado? Ainda assim nada muda sobre as minhas impressões sobre o filme, que é um clássico do suspense/terror.

Recomendo.

FDL

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