quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Bad Judge

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Só consegui apostar em uma comédia nessa temporada americana. Apostei errado.

Bad Judge é protagonizada pela excelente atriz Kate Walsh, que interpreta uma juíza de direito um pouco diferente. Ela é completamente liberada sexualmente (logo no primeiro episódio ela dá pra um especialista ouvido como perito no gabinete dela, no meio do julgamento), se veste de forma provocante, consome álcool (vive de ressaca de manhã) e age de forma pouco ortodoxa com relação à própria vida.

Todavia, apesar dessa aparência, ela é uma pessoa justa e trata os casos com mais humanidade que todos os outros profissionais do direito que a cercam. Exemplo disso é o próprio primeiro episódio, em que ela ajuda um menino de uns 12 anos que teve os pais presos por ela. A juíza acaba acolhendo o menino e o auxiliando para se preparar para enfrentar a instituição em que ia ficar.

Trata-se de uma comédia. Tem com certeza a veia cômica, focada na personagem principal e, sobretudo na boa química na relação com o policial que faz a guarda de seu gabinete, Tedward – uma espécie de melhor amigo dela.

O problema começou com um erro que muitas comédias possuem hoje em dia: chamam um bom ator principal com personagem bem desenvolvido, mas deixam os coadjuvantes de lado. Isso afunda qualquer um.

Os personagens coadjuvantes dessa série por muitas vezes foram caricaturas e exageros com piadas repetidas e sem graça. Começo pela estenógrafa Judy, que é uma solteirona, acima do peso, com vários gatos e falta de limites no overshare. Também tem o promotor de justiça Tom, que é o pior personagem de todos – sempre forçando situações no tribunal por ser certinho demais e explorado como um bobão acovardado e sem noção de si mesmo.

Completam o elenco o psiquiatra galã Gary, que é o interesse romântico da juíza e o juiz Hernandez, veterano do tribunal que é a voz da razão na série.

Certamente já vi comédias muito piores que essa. Acho que teria continuado vendo, se não tivesse sido cancelada e exibidos apenas 13 episódios. Mas a série teve defeitos e o que aconteceu nos bastidores não ajudou.

Logo depois da estreia, essa série e a emissora (NBC – outro motivo de cancelamento, porque essa emissora não vinga nada) foram duramente criticados por grupos e associações feministas ligados ao direito, demonstrando que a juíza Rebecca tinha uma postura que não condizia com a de um profissional com esse cargo. Criticaram uma possível transformação dela em um objeto sexual e reclamações desse tipo.

Eu severamente discordo dessa crítica e acho que foi superficial. Critiquemos os coadjuvantes, as piadas e até a qualidade dessa série num geral, aí tudo bem. Mas por outro lado, eu vejo essa juíza retratada muito mais como uma mulher livre e dona de suas vontades, sendo uma excelente profissional do que outra coisa.

Não vi a juíza sendo objeto sexual, ao contrário, ela tomava livres escolhas e encarava sua sexualidade como queria.

Eu já vejo um problema quando supostamente exigimos que mulheres com cargos de poder devam ser modestas, discretas, puritanas e todas aquelas castrações sociais possíveis.

Claro que a conduta da juíza brincava com o politicamente incorreto (por exemplo transar com o perito no gabinete dela), mas longe de ser uma ofensa às profissionais do direito.

O fato é que a audiência foi baixa. Outras séries da emissora têm audiências assim e continuam no ar, mas essa ainda teve essa rejeição parcial e não havia potencial de crescimento mesmo.

De todo modo, a chance de um papel assim para Kate Walsh fica valorizada, porque ela fez muito bem o trabalho. Pena que e a série não tenha sido tão bem desenvolvida e também não tenha recebido uma chance.

Tempos difíceis para as comédias. Só ganham prêmios se são sem graça e falam de doenças. Se são engraçadas, são chamadas de bobas ou certamente vão ofender alguém.

FDL

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