Eu ia começar o post sobre Amanda Knox com essa frase que está na imagem. É dita pela própria Amanda no começo do documentário. Ela é a síntese do que se trata esse caso e também reflete muito de casos criminais famosos, mas não pela perspectiva dos assassinos e vítimas, mas pela imagem de quem assiste e se interessa por essas histórias.
O Netflix tem investido nesses documentários sobre crimes reais. Recentemente comentei o caso de Making a Murderer. A HBO também fez sucesso com o extremamente perturbador The Jinx. Acabei demorando para ver Amanda Knox e me arrependi. Deveria ter visto isso antes.
O caso revela o assassinato da estudante britânica Meredith Kercher, aos 21 anos na Perúgia, Itália.
Meredith sofreu diversas facadas e ainda foi estuprada. Foram acusados Amanda Knox, estudante americana e colega de quarto da vítima, além do namorado de Amanda de poucos dias, Raffaele Solecito.
Polícia e imprensa atribuíram a Amanda todo o tipo de apelidos e afizeram acusações de algum tipo de perversão sexual e até satanismo. Provas disso não havia.
Amanda e Raffaele ficaram presos por alguns anos em um julgamento que teve vários twists carpados. Por fim, foram finalmente absolvidos pela corte suprema italiana.
Esse caso tem uma característica muito comum com outros que tiveram grande repercussão e dúvida sobre a verdadeira culpa dos acusados: investigações policiais problemáticas. No documentário fica clara a falta de preparo das autoridades na calma cidade italiana. Houve muitos erros e uma ânsia enorme para se prenderem os suspeitos, inflamados por pressões das autoridades e da mídia.
Senti também por parte das autoridades italianas no documentário um forte aspecto antiamericano. A imprensa deste país pressionou muito a Itália, alegando que Amanda Knox poderia ser inocente.
Ao final, percebemos que a polícia italiana colocou a suspeita em Amanda sobretudo por ela “não reagir como deveria”. A reação da jovem, que era de família abastada e criada com liberdade, talvez não fosse a esperada pelas autoridades.
Pela forma que o documentário foi feito, parece difícil crer que Amanda e Raffaele tenham sido culpados. Não que tenha havido uma conspiração ou algo do tipo, somente uma sucessão de cagadas por uma polícia pretensiosa, que primeiro decide o culpado, depois vai atrás de evidências para provar. Sempre deve acontecer o contrário.
Claro que é palpite. Muita gente crê que Amanda Knox é um tipo de reencarnação do demônio, o típico lobo em pele de cordeiro. Jamais saberemos, mas fiquei pouco inclinado a acreditar nisso.
É um excelente documentário, que passa em um segundo, com uma história impressionante e cheia de debates ricos sobre o comportamento humano e investigações criminais.
Mais um ponto para o Netflix.
FDL