domingo, 31 de julho de 2016

Causa Mortis – Patricia Cornwell

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“Eles se mantinham a uma distância prudente, pois sabiam que eu queria ver o corpo sem interferência ou distração. Não precisávamos nos meter uns nos caminhos dos outros. Lentamente, avancei em direção ao fundo. Concluí que a mangueira enroscara em algum lugar, e por isso estava tão retesada. Não sabia para que lado deveria me mexer, e tentei seguir alguns metros para a esquerda quando senti algo se esfregar em mim. Virei-me e dei de cara com o morto. Seu corpo pulou e balançou quando, involuntariamente, tentei me afastar.  Languidamente, ele balançava os braços estendidos como um sonâmbulo, enquanto eu sentia o medo ir embora conforme passava o susto. Era como se estivesse tentando chamar a minha atenção ou quisesse dançar comigo na escuridão infernal do rio que o engolira. Mantive a flutuação normal, mal movendo as nadadeiras, pois não queria mexer o fundo nem me cortar nos detritos afiados e enferrujados do estaleiro.

"Encontrei-o. Ou, melhor dizendo, ele me encontrou." Apertei o botão para falar. "Estão ouvindo?"

"Muito mal. Estamos uns três metros acima. Esperando."

"Esperem mais alguns minutos e então vamos tirá-lo’”

Patricia Cornwell

Avançando na leitura da obra dessa autora que com certeza é garantia de bons livros, detonei em 2 dias com o 7º livro da história da médica legista Kay Scarpetta.

Os livros anteriores, Desumano e Degradante, Lavoura de Corpos e Cemitério de Indigentes construíram um arco de história que se complementava. Já Causa Mortis traz um assunto novo a ser explorado.

Claro que a relação conflituosa de Kay com a sobrinha Lucy, a relação próxima com o policial Marino e o romance mal resolvido com o agente Wesley continuam presentes e são explorados.

Nessa história Kay é chamada para investigar a morte de um jornalista que foi encontrado em situação suspeita em local utilizado pela Marinha e frequentemente procurado por quem busca relíquias de guerras em navios antigos.

Porém, o clima de tensão e o óbvio fato de que não era bem-vinda no local fazem com que Kay investigue mais o ocorrido, havendo mais mortes e até mesmo uma ação terrorista.

Gostei muito do trabalho de Kay dessa vez mais próximo do da sobrinha Lucy, que é um gênio da informática. Gosto também que esses livros dos anos 90 explorem de forma leve a homossexualidade da garota.

Foi um bom livro, que possui o mesmo defeito dos outros: excesso de linguagem técnica e um final sem muito encerramento. Mas mesmo assim é uma excelente opção de leitura.

Sinto que muito em breve devo ler o próximo. Quem sabe alcanço?

FDL

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