“- Para mim, ela não é nada; ela não deveria ter livros. A responsabilidade era dela, ela deveria ter pensado nisso. Eu a odeio. Ela o deixou perturbado, e se você continuar assim, vamos acabar na rua da amargura, sem casa, sem trabalho, sem nada.
- Você não estava lá, você não viu – disse ele. Deve haver alguma coisa nos livros, coisas que não podemos imaginar, para levar uma mulher a ficar numa casa em chamas; tem de haver alguma coisa. Ninguém se mata assim a troco de nada.
- Ela era fraca da ideia.”
Ray Bradbury
Escolhi esse livro para o mês de junho no desafio de 12 livros para 2019. Não poderia ter selecionado obra melhor.
Trata-se de mais uma distopia, na qual o governo proíbe os livros e a função dos bombeiros agora é a de destruir qualquer livro mocozado por alguma resistência.
Essa é justamente a profissão do personagem principal, Montag. Sua paz ignorante é perturbada após encontrar na rua algumas vezes com uma menina que lhe faz perguntas inconvenientes, que o tiram do sossego.
Após o desaparecimento da menina e de uma situação em que uma mulher prefere morrer queimada junto a seus livros após ser encontrada, Montag cria uma curiosidade pelo conteúdo dos livros e do porquê deles incomodarem tanto.
Com isso, um movimento de resistência é por ele descoberto.
Esse livro caiu como uma luva para o momento político em que vivemos, já que se tentam suprimir das escolas disciplinas de senso crítico e busca-se cada vez mais um discurso massificado por uso das fake news.
Já me senti incomodado com a proximidade do Conto da Aia com a nossa realidade. Nesse caso então, é evidente que esse tipo de estratégia é muito bem pensado.
Gostei muito também do seguinte trecho:
“- Por sorte, esquisitos como ela são raros. Sabemos como podar a maioria deles quando ainda são brotos, no começo. Não se pode construir uma casa sem pregos e madeira. Se você não quiser que se construa uma casa, esconda os pregos e a madeira. Se não quiser um homem politicamente infeliz, não lhe de os dois lados de uma questão para resolver; dê-lhe apenas um. Melhor ainda, não lhe dê nenhum. Deixe que ele se esqueça de que há uma coisa como a guerra. Se o governo é ineficiente, despótico e ávido por impostos, melhor que ele seja tudo isso do que as pessoas se preocuparem com isso. Paz, Montag.”
Parece que estamos vendo isso em algum lugar:
“Encha as pessoas com dados incombustíveis, entupa-as tanto com “fatos” que elas se sintam empanzinadas, mas absolutamente “brilhantes” quanto a informações. Assim, elas imaginarão que estão pensando, terão uma sensação de movimento, sem sair do lugar”.
Há também dois filmes, que no futuro ainda vou ver.
FDL
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