“— É o primeiro dia das férias de verão — disse Susan. — Mas o dia ainda se mostra embrulhado como num pacote.Não o examinarei antes de descer do trem à noite. Não me permitirei cheirá-la antes de respirar o frio ar verde dos campos. Esses, porém, já não são os campos do colégio; não são as sebes do colégio; os homens nesses campos fazem coisas reais; enchem carroças com feno de verdade; essas são vacas de verdade, não as vacas do colégio. Mas o cheiro de desinfetante dos corredores e o cheiro de giz das salas de aula ainda se entranha em minhas narinas. A aparência vítrea, lustrosa dos assoalhos ainda se imprime em meus olhos. Preciso aguardar campos e sebes, bosques e campos e encostas em declive na via férrea, salpicadas de arbustos de tojo, e caminhões e estradas e túneis e jardins de subúrbio com mulheres estendendo roupa lavada, e depois novamente campos e crianças balançando-se nos portões, a fim de recobrir e enterrar profundamente o colégio que odiei.”
Virginia Woolf
Esse foi o livro que eu selecionei par o mês de julho no desafio de 12 livros para 2019. E ele fez definitivamente com que eu repensasse esse desafio. Eu escolhi os livros no final do ano passado tendo em consideração as obras que eu já tinha na prateleira e também autores que eu precisava de um estímulo diferente, do contrário acabaria não lendo.
O problema é que eu não pesquisei direito e acabei selecionando um livro muito difícil para começar com Virginia Woolf. De todo modo, vamos lá.
As ondas é um livro escrito em fluxo de consciência, com monólogos sobrepostos de diversos personagens, que têm personalidades diferentes.
Não há enredo, conforme eles vão falando, observamos que eles narram as próprias vidas, desde o nascimento até a morte. Esse vai e vem do enredo lembra o tempo inteiro as ondas do mar.
Claro que esses monólogos são extremamente complexos e muitas vezes confusos para mim. Eles falam de suas perturbações, anseios e descrevem muito a natureza.
Acho que eu precisava de outro tipo de leitura nesse momento e senti que acabei não aproveitando tudo que esse livro teria a me oferecer. Um dia, com outro tipo de bagagem e talvez em outra conjuntura da vida eu relerei esse livro e aposto que terei uma experiência melhor.
FDL