Nem estamos no mês do true crime, mas com a estreia desse documentário Conversando com um Serial Killer: Ted Bundy, aproveitei para assistir e, de quebra, ler o livro recém-lançado pela Editora Darkside – Ted Bundy: Um Estranho ao Meu Lado, de Ann Rule.
“Ted estava exausto. Passara muitas noites em claro. O rosto desprovido de cor e manchado de lágrimas, magro, com aparência até mesmo frágil, e usava duas camisas, como se quisesse mesmo afastar o frio da morte. Não se parecia em nada com o jovem político carismático. Ted parecia velho e esgotado.”
Ann Rule
Embora Ted Bundy seja um dos mais famosos serial killers que se conhece, sobre a sua história eu tinha apenas os fatos resumidos nos tantos documentários que assisto ou então nos compilados com resumos sobre esse tipo de assassino.
Com esse livro e esse documentário há um mergulho nesse caso, que é impressionante e superlativo sob vários pontos de vista.
Resumidamente, Ted Bundy foi um homem considerado bonito e carismático que utilizou esses recursos para enganar e matar dezenas de mulheres entre os anos 60 e 70 nos EUA.
Além disso, Ted é o estereótipo de serial killer lobo em pele de cordeiro: tem comportamento aceito pela sociedade enquanto esconde seus anseios violentos. Pior ainda, era extremamente inteligente, manipulador, sem nenhum sentimento pelos outros e muito narcisista.
O livro é narrado pela autora em primeira pessoa. Ann Rule conheceu Ted quando trabalharam juntos em um centro de atendimento para prevenção ao suicídio. Acabaram tendo uma amizade que perdurou anos.
Por algum motivo, Ted nunca deixava de se comunicar com Ann, mesmo após preso e condenado, até mesmo aguardando a execução da pena de morte.
O livro é um compilado da vida de Ann em paralelo com os crimes ocorridos, as investigações e o desfecho desse caso que chega a ser folclórico quando observada a atenção das pessoas ao que ocorreu.
Foram muitas vítimas, muitas reviravoltas e conforme vai passando a história, parece que foi um filme que ocorreu.
Aliás, para o final do ano está previsto o filme "Extremamente Perverso, Escandalosamente Cruel e Vil" (descrição que o juiz deu sobre Bundy na sentença). Será protagonizado pelo Zack Effron. Vejamos.
O livro é enorme, tem quase 600 páginas e é bem detalhado. Em alguns momentos algumas informações irrelevantes tomam muitas páginas. Mas faz parte da vida.
Quanto ao acabamento, seria chover no molhado falar do capricho que é a arte preparada pela editora, que trouxe mais uma capa dura, com diversas fotos e recursos gráficos.
Enquanto lia o livro acabei vendo a série da Netflix.
O documentário é dividido em 04 partes e narra toda a história dos emblemáticos assassinatos cometidos por Ted Bundy, além do julgamento, suas fugas, sua confissão final e sua execução.
No meio disso são exibidos trechos inéditos de uma entrevista que Bundy deu na cadeia a um jornalista. Há depoimentos, fotografias, trechos do julgamento, enfim, fizeram um retrato bem digno e fiel do que ocorreu nesse caso.
Os documentários de true crime estão cada vez mais em evidência e esse teve um estilo mais seco, direto, sem liberdades artísticas. É como uma notícia de jornal filmada.
Realmente muito interessante e gostei muito do gesto de não se estenderem demais, porque senão ficaria tudo muito cansativo.
Recomendo muito o livro e o documentário. Esperemos o que será do filme.
FDL