Existem algumas coincidências que são complicadas de explicar. Outras são um alívio em tempos de séries e filmes tão fracos nos EUA.
The Comeback foi exibida em 2005, um dos primeiros trabalhos dos artistas de Friends após a o final. Foi uma das séries que gerou a comentada “maldição de Friends”, já que ninguém do elenco emplacou nenhum sucesso depois disso.
O problema é que essa série fez parte do começo da era de seriados da HBO e o público não conhecia muito bem, não compreendeu. Eu acabei assistindo em 2008 só e realmente achei que a série era boa e merecia ter mais crédito.
Acontece que o povo lá finalmente entendeu que The Comeback estava à frente de seu tempo e resolveu dar uma nova temporada ao seriado, 10 anos depois. Justiça tardia, mas justiça.
The Comeback em 2005 trazia Lisa Kudrow interpretando Valerie Cherish, uma atriz que tinha feito sucesso anos antes com uma comédia e depois de muito tempo esquecida, resolveu voltar à mídia, estrelando uma nova comédia.
O problema é que Valerie é narcisista e não enxerga ninguém à sua volta. Com o seu retorno, faz um reality show, chamado The Comeback, que registra sua vida no retorno como atriz e os bastidores de sua série nova.
Aí que tá a graça da série.
Todas as imagens da série são do suposto reality show, dando realidade ao que se passa com ela, como se fossem as filmagens não editadas. Assim, nós a vemos forçando situações, criando uma imagem, sendo invejosa, mentirosa, manipuladora e não compreendendo que o tempo passou, que ela não é mais uma estrela.
O final da primeira temporada em 2005 é a estreia do reality, que a mostrou como era de verdade, gerando um escândalo que destruiu sua imagem.
Agora, em 2015, descobrimos que Valerie passou esses 10 anos ainda com seu cabelereiro pessoal a seguindo, mas agora com um “agente” que vive tentando papéis e entrevistas pra ela, mas sem ter sucesso.
A temporada atual ocorre com um novo emprego para ela. Na primeira temporada ela fez uma grande inimizade com o diretor de sua série, que se incomodava com ela, com suas câmeras e sua falta de noção.
O tempo passou e o diretor diz que se viciou em drogas por causa dela e se curou, criando uma série sobre o tempo que conviveram, demonizando Valerie e acabando com sua imagem.
Em mais um momento genial, quando Valerie vai à HBO tirar satisfações, o diretor acaba oferecendo para ela o emprego, para interpretar a si mesma. Aproveitando a oportunidade, Valerie, passa a dizer que é só ficção e volta à televisão interpretando a si mesma.
Claro que Valerie faz um novo reality sobre sua volta, só que dessa vez o pretexto é que será um documentário.
O ponto alto dessa temporada foi o fato de que ela foi mais humanizada ainda. Se antes fora explorado o lado mesquinho e falso dela, agora o lado generoso foi mostrado.
Sem me importar com spoilers, o papel dela faz um grande sucesso e ela acaba ganhando um Emmy. O diretor a convidou para ridicularizá-la, mas a crítica achou o papel corajoso e intenso.
Só que toda a gravação e essa exposição prejudicaram seu casamento e ela precisa escolher entre a família e o glamour.
Lisa Kudrow esteve ótima novamente. Ela consegue ter a façanha de estar no ar ao mesmo tempo na Showtime e na HBO, com Web Therapy e The Comeback. Sempre à frente de seu tempo, porque se hoje em dia o streaming é moda, há 06 anos ela começou Web Therapy pela internet.
O humor dessa série é sutil, é inteligente e muito crítico. Essa série é genial. Para honrar a tradição, assisti por streaming também.
Há rumores de que uma nova temporada virá. Espero muito que isso aconteça.
FDL
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