sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Em Águas Sombrias – Paula Hawkins

em águas sombrias

'“Aquele verbo, que pronunciei com total desconforto. Você não se jogaria. Nunca, jamais, não é assim que se faz. Você me disse isso. O penhasco não é alto o suficiente, você disse. São só 55 metros do topo até a superfície da água — as pessoas podem sobreviver à queda. Então, você disse, se estiver determinada, se estiver determinada mesmo, precisa tomar certas providências. Mergulhar de cabeça. Se estiver decidida, não pode se jogar, tem de mergulhar de cabeça.

E a não ser que esteja determinada, para que fazer uma coisa assim? Não dê uma de turista. Ninguém gosta de turistas.

As pessoas podem sobreviver à queda, mas isso não quer dizer que vão sobreviver. Aí está você, afinal, e não mergulhou de cabeça. Caiu em pé e eis o resultado: suas pernas estão quebradas, sua coluna está quebrada, você está quebrada. O que isso significa, Nel? Que perdeu a coragem? (Nem um pouco a sua cara.) Que não conseguiu conceber a ideia de cair de cabeça e desfigurar o seu lindo rosto? (Você sempre foi muito vaidosa.) Não faz sentido para mim. Não é típico de você fazer o que disse que não faria, ir contra si mesma.”

Paula Hawkins

Depois da boa impressão que tive com A Garota do Trem, comprei esse livro e já o coloquei na lista de leituras em thrillers. O problema é que muitos interessantes, pelo menos na sinopse, estão sendo lançados, então o rol está longo.

A história mostra uma pequena cidade em que há vários mistérios de mulheres que se matam ou são assassinadas em um local de um rio, chamado de Poço dos Afogamentos. Uma mulher chamada Nel começa a escrever um livro sobre o misterioso local e investiga a fundo o que ocorreu, mas, misteriosamente, acaba morrendo no local.

Em Águas Sombrias segue mais ou menos a forma narrativa da Garota no Trem, de ter capítulos dedicados a personagens, seja como narradores, seja como protagonistas. Só que nesse caso são bem mais pessoas participando.

Em alguns momentos a narrativa é preguiçosa, com alguns diálogos que me incomodaram. Mas, no geral, não é um livro ruim. Tem algumas reviravoltas boas, mas achei morno. Esperava mais de um segundo livro de uma autora que fez tanto sucesso.

De todo modo, quando sair o filme eu vou ver e não deixo de recomendar não.

Só não é com tanto entusiasmo.

FDL

sábado, 18 de agosto de 2018

O Clube dos Oito – Daniel Handler

o clube dos oito

“Seguindo um processo de eliminação (pequena demais, grande demais, não vai aguentar na parede com fita adesiva comum), tenho uma única foto dos Assassinos Erroneamente Rotulados colada na parede, e com isso estou me referindo aos meus amigos, o Clube dos Oito. Ela fica na minha frente. Num raro momento de sincronia, todos estão olhando para a câmera — ou seja, todos estão olhando para mim. Kate apoiada num dos braços, em vez de sentada no sofá como um ser humano normal, numa pose meio convencida, como se estivesse acima de nós. V. bem ao lado dela, tateando suas pérolas, com uma cara bem melhor que a de todo mundo, graças à maquiagem perfeita — melhor até que a de Natasha, o que não é pouca coisa. Lily e Douglas, aconchegados no sofá, ela entre nós dois — como sempre —, ele parecendo impaciente, louco para continuar a falar com Gabriel e não querendo perder a linha de raciocínio só por causa de uma foto idiota. Gabriel, com suas mãos negras contrastando com o avental branco, espremido na ponta do sofá com ar desconfortável. A linda Jennifer Rose Milton, de pé ao lado do sofá, em uma pose que pareceria muito formal para qualquer pessoa que não fosse tão maravilhosa quanto ela. Estendida toda lânguida abaixo de nós, Natasha, com um longo dedo entre os lábios, piscando para mim. Estou falando desta “mim” aqui, que datilografa, não a da foto, que também me olha, o que também é simbólico.”

Daniel Handler

Procurando os lançamentos na categoria thriller, me deparei com a seguinte sinopse:

“Como um grupo de jovens estudantes bem-educados acabou se envolvendo num escândalo que chocou um país? Por que tantos especialistas em comportamento juvenil têm algo a dizer quando o assunto é o Clube dos Oito? Até quando inúmeras manchetes de jornal e programas de TV sensacionalistas vão explorar o caso nos mínimos detalhes?

Para fazer com que a verdade venha à tona, Flannery Culp, a dita líder do Clube, decide tornar público o diário que manteve ao longo do seu desastroso último ano de ensino médio. Agora que está presa por cometer um assassinato, a garota tem tempo de editar o que escreveu e revisitar a rotina que levava ao lado de seus sete melhores amigos. A narrativa de Flan, permeada de professores da pior índole, um amor não correspondido, aulas complicadas e jantares pomposos, comprova que ela pode até ser uma adolescente criminosa — mas, pelo menos, é uma adolescente criminosa muito inteligente.”

Pareceu ser algo interessante, uma boa opção na categoria Young Adult, que não tenho vergonha de admitir que eu gosto.

Fato é que quando lemos esse tipo de livro, não podemos ser muito exigentes, porque o público é outro, a linguagem é outra e certamente não podemos esperar algo muito profundo. O problema é que esse livro exagerou.

Fazia tempo que eu não via uma protagonista tão chata como Flannery Culp. As sacadas de adolescentes são péssimas.

Os diálogos são inverossímeis, a narrativa desse livro não convence.

Pior, o suspense centrado na personagem Natasha está evidente no começo do livro mesmo. A grande revelação somente serve para dizermos: tá... e?

Não vou me estender muito com esse livro porque sinto que já perdi tempo demais com ele.

Provavelmente um dos piores do ano.

Não recomendo.

FDL

domingo, 12 de agosto de 2018

Goliath – 2ª Temporada

goliath s2

Terminei esses dias a maratona da 2ª Temporada da série Goliath.

O intervalo entre essa e a outra temporada foi de mais de dois anos. Nem achei que ela voltaria, embora torcesse muito para que isso acontecesse após a excelente impressão que essa série me deixou.

O problema é que essa segunda temporada foi muito inferior. Boa parte do elenco foi alterado. Somente Billy, a sócia, sua filha e as secretárias mantiveram-se. Aquele elenco muito bom e famoso do escritório saiu.

A história foi completamente diferente, praticamente outra série se construiu. Billy se envolve em um caso criminal para ajudar um amigo, que teve o filho envolvido em um crime e é inocente. Mas tudo isso está relacionado ao tráfico internacional de drogas e a uma envolvente e perigosa candidata a prefeita com quem ele se relaciona.

Há cenas chocantes sem necessidade. Trocentos assassinatos. Enfim, dessa vez a série não me convenceu. Apelou para o excêntrico demais e o que era um bom drama de tribunal acabou sendo mais uma mediana história de cartel de drogas.

Enfim, não sei se continuo se houver mais uma temporada. Mas certamente decepcionou.

FDL

sábado, 11 de agosto de 2018

Trilogia de Nova York – Paul Auster

trilogia de ny

“A exemplo da maioria das pessoas, Quinn não sabia quase nada sobre crimes. Nunca havia assassinado ninguém, nunca roubara nada e não conhecia ninguém que tivesse feito isso. Nunca estivera em uma delegacia de polícia, nunca conhecera um detetive particular, nunca conversara com um criminoso. Tudo o que sabia a respeito dessas coisas aprendera em livros, filmes e jornais. Entretanto não considerava que isso representasse uma desvantagem. Para Quinn, o que interessava nas histórias que escrevia não era a sua relação com o mundo, mas a sua relação com as outras histórias. Ainda antes de se transformar em William Wilson, Quinn fora um fanático leitor de romances de mistério. Sabia que, na sua maior parte, eram livros mal escritos, que a maioria não resistiria sequer ao exame mais superficial, mesmo assim era a sua forma que o seduzia e ele só se recusava a ler no caso raro de um livro de mistério indescritivelmente ruim. Enquanto seu gosto para outros livros era rigoroso, exigente ao ponto de se mostrar estreito, em relação aos romances de mistério Quinn não demonstrava quase nenhum discernimento. Quando se achava no estado de ânimo apropriado, não tinha problema para ler dez ou doze deles seguidos. Era uma espécie de fome que se apoderava de Quinn, uma voracidade por um tipo especial de alimento, e ele não parava até que estivesse entupido.”

Paul Auster

Já estava curioso com esse livro há alguns meses. Pelo que recomendavam, ele seria uma mistura de literatura policial, com um toque noir e ainda com o estilo de uma literatura contemporânea, explorando temas profundos.

Fato é que Paul Auster é também um autor muito elogiado nessa geração. Para quem gosta de livros, essa história parece essencial.

No final, acabei caindo naquele papo de expectativa x realidade novamente.

Não que o livro seja ruim. Muito longe disso, mas acho que eu acabei criando algo na minha cabeça por esperar e quando foi diferente, me frustrei.

A verdade é que as três histórias são interligadas e parecidas, mas contadas de forma diferente. De fato, a questão da investigação, ou do detetive, é segundo plano, pois o livro é focado em outros temas.

Em vários momentos a leitura se torna confusa e o livro não é dos mais fáceis. Precisa de bastante empenho e concentração para entender, ou pelo menos chegar perto disso.

De todo jeito, a experiência é válida. Não foi o melhor do ano, mas também não foi o pior. Não me arrependi de ler, mas também não tenho vontade de comprar mais nada do autor.

FDL

sábado, 4 de agosto de 2018

A Garota no Gelo – Robert Bryndza

a garota no gelo“O telefone parou de tocar e o som foi substituído por um silêncio ensurdecedor. Então ele viu. Exatamente debaixo de onde tinha agachado estava o rosto de uma garota. Seus inchados e leitosos olhos castanhos inexpressivos encaravam-no. Uma mecha emaranhada de cabelo escuro estava fundida ao gelo. Um peixe passou nadando lentamente com o rabo roçando os lábios da garota, que, abertos, davam a impressão de que ela estava prestes a falar.

Lee recuou dando um grito, levantou em um pulo e bateu a cabeça no teto baixo da cabana. Ele ricocheteou, caindo de volta no gelo, com as pernas escorregando.

Ficou deitado por um momento, atordoado. Depois escutou um som baixo de rangidos e estalos. Em pânico, ficou movimentando e esfregando desesperadamente as pernas que escorregavam no gelo, tentando se levantar, para ficar o mais longe que conseguisse da garota morta. Mas, desta vez, ele afundou no gelo e caiu dentro da água gelada. Sentiu os braços moles da garota entrelaçarem-se aos seus, a pele fria e viscosa encostar na sua. Quanto mais lutava, mais os membros deles se enroscavam. O frio era cortante. Ele engolia água suja, chutava e agitava os braços. De alguma maneira, conseguiu erguer-se até a beirada do barco a remo. Ele se ergueu e vomitou, desejando ter alcançado o telefone, mas a ideia de vendê-lo havia desaparecido.

A única coisa que queria agora era ligar para pedir ajuda.”

Robert Bryndza

Esse livro já tinha me aparecido algumas vezes nas livrarias ou nas versões de epub e eu sempe achava muito parecido com o A Princesa de Gelo, da Camilla Läckberg, por isso nunca tinha lido.

Acontece que a versão em áudio me pareceu interessante há alguns dias e também vi elogios à escrita do autor nas continuações recentemente. Lá fui eu no esquema de sempre: ouvi uma parte do livro e concluí depois na versão física, na leitura de fato.

A história até que é interessante, mas segue uma fórmula, de detetives problemáticos na vida pessoal, de habilidades sociais fracas, mas competência grande para resolver problemas.

Além disso, a cidade pequena, os interesses dos poderosos atacando a reputação do detetive e a onipresença da adolescente rebelde também completam o checklist.

Só que apesar de seguir uma fórmula, cumpre o que promete e a escrita do autor não é ruim.

Ultimamente estão aparecendo muitos thrillers criminais e os autores precisam se reinventar para não cair na mesmice. Não é o auge da inspiração literária, mas não é um livro ruim.

Talvez no futuro eu leia mais alguma coisa da detetive Erika Foster.

FDL

quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Discovery ID em Julho

Absoluta Convicção (True Conviction)

absoluta convicção - true conviction

Foi exibida nos EUA agora em fevereiro e já chegou por aqui. São 06 episódios nessa primeira temporada.

A série conta com a promotora de justiça Anna-Sigga Nicolazzi e ela revisita casos importantes pelo país que foram marcados pela perspectiva da acusação.

Achei ela meio exagerada nas caretas e nas perguntas sensacionalistas, mas a série trouxe boas histórias.

Destaco o segundo episódio em que a promotora do caso utilizou o próprio perito da defesa para provar a culpa do acusado. Inclusive é o Vincent Di Maio, o mesmo que eu comentei O Segredo dos Corpos, no ano passado.

Também foi bom o terceiro, no qual um jovem promotor acabou perdendo em um caso de homicídio por conta de manobras da defesa, mas ele não desistiu e acabou provando a culpa do réu em outro caso, para finalmente fazer algum tipo de justiça.

Lobo em Pele de Cordeiro (American Monster)

lobo em pele de cordeiro - american monsters

Foi exibida a segunda temporada. A primeira não encontrei. São 10 episódios de uma hora.

O tema nessa série é o de assassinatos cujos autores não se espera. Geralmente um filho bonzinho, um namorado aparentemente compreensivo, uma esposa desprendida de posses, enfim.

Nem preciso dizer da onipresença dos seguros de vida nesses casos.

Destaco o episódio do colecionador de objetos de arte, entre eles, uma linda espada de samurai, que foi utilizada para o matar.

A terceira temporada já está no ar nos EUA. Logo deve aparecer por aqui.

Assassinatos Chocantes (Killer Instinct with Chris Hansen)

assassinatos chocantes - killer instinct witth chriss henssen

São três temporadas. O ID exibiu desde abril a segunda e a terceira tudo junto. Assisti às duas, mas a primeira não encontrei. São dez episódios em cada

O jornalista Chris Hansen analisa crimes fortes que várias vezes tiveram desfecho difícil. Para isso, entrevista policiais, familiares, promotores e analisa todo o impacto que o crime promoveu.

Destaco na segunda temporada o caso da estudante Annie Le em Yale. A morte dessa pesquisadora a potencial nome em pesquisa científica foi muito forte e abalou a comunidade.

Na terceira temporada destaco o episódio do desaparecimento e morte do rico cientista Walter Sartory, considerado um gênio da física, mas paranoico com potenciais criminosos. Até que ele cai, de fato na mão de um.

Se aparecer a primeira temporada eu vejo. Os casos são bons e Chris Hansen conduz bem o programa.

O Lado Obscuro dos Anos 80 (1980’s: The Deadliest Decade)

O Lado obscuro dos anos 80 - 1980s the deadliest decade

São crimes notórios ocorridos nessa década. Vários episódios já foram mostrados em outras séries do canal, mas dessa vez são com outras perspectivas e outras entrevistas.

Foi exibida a segunda temporada pelo ID. Quando exibirem a primeira novamente, eu irei ver.

Destaco o episódio da atriz Rebecca Schaeffer, que já tinha sido exibido em Destino Macabro. Esse caso é terrível e mostra uma onda que ocorreu nessa época de fãs malucos perseguindo e matando celebridades.

Também foi interessante o episódio da atriz Helen Mintks, que desapareceu no meio de uma apresentação sua no Metropolitan Opera House. Depois foi descoberto que a atriz foi estuprada e assassinada por um membro da produção, depois que ela o rejeitou sexualmente.

O 7º episódio mostra o violento assassinato de um juiz e de sua esposa vereadora. Após investigações, descobriu-se que a máfia local foi autora por conta do trabalho do casal.

O 8º episódio mostra a triste história de uma mulher transexual que não tem uma boa relação com sua sexualidade e até mesmo seu gênero. Com isso, acaba se envolvendo com pessoas também confusas, mas essas, porém, são más e a acabam matando em um jogo de ciúmes e domínio.

O 9º episódio mostra o caso de uma comunidade hare krishna, cercada de tramoias, disputa de poder e fanatismo, com muita corrupção e assassinato.

Gostei dessa sequência.

Até o mês que vem.

FDL