quinta-feira, 25 de abril de 2019

Só As Partes Engraçadas – Nell Scovell

“ Minha carreira de escritora demorou a decolar. Isso porque adquiri um hábito infeliz quando tinha 20 e poucos anos. Algumas pessoas passam o pós-faculdade em meio a uma névoa de fumaça de maconha. Eu gostava de casar. Fiz isso duas vezes. E me divorciei duas vezes. Tudo antes dos 26.“

Nell Scovell

Vamos ao prêmio picolé de chuchu do ano? Não sei o que eu tinha na cabeça quando comprei esse livro e, sobretudo quando retirei da estante para ler.

Nell Scovell é uma roteirista de sucesso nos EUA, escreveu para diversos programas de comédia e para eventos com pessoas importantes.

Nesse livro ela conta a trajetória de sua carreira, seus altos e baixos e suas relações com diversas pessoas do ambiente dela que eu não conheço.

Nem posso dizer que o livro é ruim, só é completamente fora do meu interesse. Talvez eu achasse que fosse ler uma narrativa engraçada, de uma pessoa com talento para escrever narrando sua vida com situações cômicas até atingir o sucesso.

O livro chega a ser burocrático enquanto ela vai contado o que passou em cada emprego e não consegui ter empatia nenhuma por essa mulher.

Vou esquecer tudo ainda esse mês.

FDL

quarta-feira, 24 de abril de 2019

Fyre Festival: Fiasco no Caribe

Esse documentário apareceu há alguns dias no Netflix e a sinopse é tão absurda, que nós precisávamos ver. Também fiquei surpreso em nunca ter ouvido falar nessa história ocorrida em 2017.

“Fascinados pela promessa de um festival luxuoso nas Bahamas, centenas de pessoas compraram pacotes que custavam de 10 a 100 mil dólares com direito a acomodações de luxos, apresentações musicais e as melhores comidas e aventuras. No entanto, ao chegar lá eles se depararam com um terreno ainda em construção e algumas tendas. Do dia para a noite, estavam presos em uma ilha deserta com condições instáveis e mudanças climáticas agressivas.”

O documentário é longo, mas muito bem construído. Ele vai pouco a pouco mostrando como uma ideia inconsequente pensada por jovens ricos e pseudo onipotentes se transformou em um crime.

Aos poucos o produtor via que não daria certo o festival, mas todo o luxo e glamour que ele forjou nas redes sociais fizeram com que ele não voltasse atrás e fosse tentando remendar conforme os problemas aconteciam. O resultado foi essa tragédia, com várias pessoas enganadas e vários golpes.

Gostei muito do foco em mostrar como a sociedade de consumo excludente que as redes sociais trazem faz com que pessoas gastem fortunas só para estarem dentro de um círculo. E quem cria as trends?

Esse documentário também discute a responsabilidade de pessoas famosas, os tais influencers, no conteúdo que postam e indiretamente endossam. Eles deveriam saber? A discussão é boa.

Recomendo essa história, que de tão absurda, faz a gente entender que por ser real, vivemos tempos absurdos.

FDL

terça-feira, 23 de abril de 2019

As Fronteiras do Nilo

Não sei como, me apareceu a estreia dessa série há alguns meses e de forma muito despretensiosa eu resolvi ver.

É no canal Off, apresentado pela remadora Karina Vela, que eu não conhecia, já que esse tipo de esporte não é muito minha praia. Mas como falava de Rio Nilo, o papo era outro.

Foram 15 episódios e neles Karina acompanhou toda a extensão do Rio Nilo, desde a foz, no Mediterrâneo, até uma das nascentes, na Etiópia.

Em cada episódio ela ia mostrando detalhes das cidades por onde passava e a influência que o rio trazia, que ultrapassa a dependência natureza, sendo até hoje uma divindade em vários locais.

Além disso, ela mostrou a cultura ancestral do Egito, do Sudão e da Etiópia, países muito ricos em história e com um povo carente, mas muito receptivo.

Eu achei essa apresentadora muito carismática, realmente interessada no que fazia. Até mesmo em alguns momentos ela se emocionou com a experiência que vivia. Ela também foi de mente aberta, pronta para aceitar culturas diferentes e também passar por situações desconfortáveis.

Toda semana eu via sem deixar acumular e realmente recomendo. Deve ter nos sistemas on demand do canal Off.

O Egito sempre me impressiona e dessa vez não foi diferente.

FDL

sábado, 20 de abril de 2019

Areia Movediça

Achei que essa série imitaria Elite de algum modo, ou então com alguns traços daquele livro Lista Negra, que eu li há algum tempo. Por isso não me empolguei tanto para ver, apesar de ter salvo na lista do Netflix quando saiu.

Só depois, quando eu vi que a produção era sueca, que eu resolvi assistir de verdade. Fazia tempo que eu não pegava nada desse gelado, sombrio e genial país.

A série é excelente e, de fato, tem muito de Elite e Lista Negra, mas também tem a sua originalidade, porque ao mesmo tempo que conseguiu segurar um suspense do que de fato aconteceu na cena do crime, nos mostrou toda a tensão psicológica que a protagonista Maja sofreu.

Gostei muito também da forma como foi mostrada a reação da mulher que vive em um relacionamento abusivo, sendo responsabilizada pelos problemas do parceiro, como se a responsabilidade pela saúde mental do cara fosse dela.

Por fim, quero muito destacar a posição da promotora nessa série, que não estava nem ligando para as vítimas. Se estivesse preocupada com o sofrimento alheio não teria feito aquele interrogatório tão afrontoso contra Maja.

Enfim, pelo esquema dessa produção de 06 episódios, acho difícil haver uma continuação, já que não faz muito sentido. Mas vi que há um livro em pré-venda. Esse me interessou e quem sabe no futuro eu escrevo depois de ter lido?

Recomendo muito essa série.

FDL

sexta-feira, 19 de abril de 2019

Special - 1ª Temporada

special s1Assisti esses dias a esta comédia nova do Netflix porque achei a sinopse bem diferente e bizarra.

É a história do jovem Ryan, que tem 27 anos e muita dificuldade de ter sua vida independente por conta de uma paralisia cerebral.

São 08 episódios que mostram Ryan começando em um novo emprego, cheio de pessoas superficiais e fúteis. Para sobreviver no trabalho ele precisa inventar uma mentira.

A série é toda voltada para a temática da inclusão, já que além da deficiência, Ryan é homossexual, além de ter uma melhor amiga gorda e diversos outros assuntos são abordados nos poucos episódios.

É uma comédia, mas entre aspas, porque a graça da série não está em ser engraçada e sim contar algumas histórias complicadas e difíceis de forma leve. Gostei da forma que mostrou a jornada de Ryan pela auto-aceitação e pela independência da mãe (que é a Susan, de Friends).

Não sei se gostei tanto a ponto de me comprometer a ver a segunda temporada (se é que teremos outra). Mas, de repente pode ser que eu veja. Recomendo.

FDL

segunda-feira, 15 de abril de 2019

Series Finale – Veep – 7ª Temporada

veep s7

Infelizmente acabou. Tenho certeza de que essa foi uma das melhores comédias exibidas ultimamente.

Julia Louis-Dreyfus tem um talento incomparável em fazer rir, em expressar sensações contraditórias com caras e bocas. Ela é uma atriz impressionante.

A temporada final foi mais curta e foi focada na tentativa final e desesperada de Selina para se tornar presidente novamente, depois de um tempo no ostracismo e com uma péssima reputação.

Ocorre que a mulher é um demônio e sabe se aproveitar de todas as circunstâncias para tentar fazer um factoide a seu favor. Em alguns momentos o risco não valeu a pena, porque o resultado foi bem negativo.

Na temporada final há um fechamento interessante, inclusive com os coadjuvantes, que são peça fundamental do sucesso dessa série.

Mal vejo a hora de Julia Louis-Dreyfus voltar com alguma série nova, porque com certeza será boa e engraçada.

Veep vai deixar saudades.

FDL

sexta-feira, 12 de abril de 2019

Precisamos Falar Sobre o Kevin – Lionel Shriver

“Senhora Khatchadourian, alguma vez a senhora ou seu marido bateram em seu filho?” O advogado de Mary debruçou-se ameaçador na plataforma onde eu prestava depoimento.

Tudo o que a violência faz é ensinar à criança que a força física é um método aceitável de obter o que se quer”, recitei.

O tribunal só pode concordar com isso, senhora Khatchadourian, mas e muito importante esclarecermos o assunto, para que fique registrado nos autos. A senhora ou seu marido alguma vez abusaram fisicamente de Kevin enquanto ele esteve sob os cuidados de vocês?”

“Claro que não”, falei com toda a firmeza e, depois, resmunguei mais baixo, para que não restassem dúvidas: “Claro que não”. Arrependi-me da repetição. Há algo de suspeito em qualquer afirmação que precise ser dita duas vezes.

Ao descer da plataforma, meu pé enroscou num prego no assoalho, e com isso arranquei o salto preto de borracha do meu sapato. Claudicando de volta a meu lugar, refleti que era melhor um salto quebrado que um enorme nariz de pau.

No entanto, guardar segredo é uma disciplina. Nunca me considerei boa mentirosa, mas, depois de certa prática, adotei o credo dos safados, segundo o qual mais que fabricar uma mentira a grande questão é se casar com ela. Uma mentira bem-sucedida não pode ser trazida ao mundo e, depois, abandonada por um capricho qualquer. Assim como todo relacionamento em que há compromisso de ambas as partes, a mentira tem de ser mantida, e com muito mais empenho que o dedicado à verdade, que continua sendo uma mera verdade descuidada sem ajuda de ninguém. Já a minha mentira precisava de mim tanto quanto eu precisava dela e, portanto, exigia a constância de um voto matrimonial: até que a morte nos separe.”

Lionel Shriver

Vamos ao livro de abril do desafio de 12 livros para 2019. Dessa vez é Precisamos Falar Sobre o Kevin, escrito por Lionel Shriver.

Esse livro é epistolar, mas com um detalhe. São cartas que a protagonista escreve ao seu marido, que foi assassinado pelo próprio filho do casal, Kevin. Além disso, o adolescente matou diversos colegas de escola e a irmã mais nova, deixando apenas a mãe viva.

Super leve, né? Então vamos.

A cada carta a mãe retoma sua história de vida, como se agora nada mais importasse e pudesse ser completamente sincera a respeito dos seus sentimentos.

O começo do livro se arrasta muito e é bem chato.

Começa a ficar mais interessante quando vemos sua relação com Kevin já desde criança, que demonstrara seu comportamento sádico e frio desde bebê.

Há passagens perturbadoras da própria mãe, que confessa não ter tido vontade de ter esse filho, as complicações da gravidez e a relação de guerra e domínio que foi construída ao longo do tempo, culminando com a tragédia.

Em vários momentos o livro volta a se arrastar, mas a história é interessante olhando de uma forma geral.

O filme eu vi em 2012 e acabei relendo meu post, no qual fui bem crítico com o que vi. Não sei se sigo do mesmo jeito.

De todo modo, o que falta no filme a respeito das consequências e do impacto na cidade depois do crime, o livro supre essa lacuna.

Acho que tanto livro quanto filme são equiparados porque têm virtudes e falhas. Mas de algum modo ambos se complementam.

Essa história é pesada e percebi que nesse ano acabei selecionando uma coleção de porradas na cara para ler. De repente é necessário.

FDL

domingo, 7 de abril de 2019

Ted Bundy: Um Estranho ao Meu Lado e Conversando com um Serial Killer

Nem estamos no mês do true crime, mas com a estreia desse documentário Conversando com um Serial Killer: Ted Bundy, aproveitei para assistir e, de quebra, ler o livro recém-lançado pela Editora Darkside – Ted Bundy: Um Estranho ao Meu Lado, de Ann Rule.

“Ted estava exausto. Passara muitas noites em claro. O rosto desprovido de cor e manchado de lágrimas, magro, com aparência até mesmo frágil, e usava duas camisas, como se quisesse mesmo afastar o frio da morte. Não se parecia em nada com o jovem político carismático. Ted parecia velho e esgotado.”

Ann Rule

Embora Ted Bundy seja um dos mais famosos serial killers que se conhece, sobre a sua história eu tinha apenas os fatos resumidos nos tantos documentários que assisto ou então nos compilados com resumos sobre esse tipo de assassino.

Com esse livro e esse documentário há um mergulho nesse caso, que é impressionante e superlativo sob vários pontos de vista.

Resumidamente, Ted Bundy foi um homem considerado bonito e carismático que utilizou esses recursos para enganar e matar dezenas de mulheres entre os anos 60 e 70 nos EUA.

Além disso, Ted é o estereótipo de serial killer lobo em pele de cordeiro: tem comportamento aceito pela sociedade enquanto esconde seus anseios violentos. Pior ainda, era extremamente inteligente, manipulador, sem nenhum sentimento pelos outros e muito narcisista.

O livro é narrado pela autora em primeira pessoa. Ann Rule conheceu Ted quando trabalharam juntos em um centro de atendimento para prevenção ao suicídio. Acabaram tendo uma amizade que perdurou anos.

Por algum motivo, Ted nunca deixava de se comunicar com Ann, mesmo após preso e condenado, até mesmo aguardando a execução da pena de morte.

O livro é um compilado da vida de Ann em paralelo com os crimes ocorridos, as investigações e o desfecho desse caso que chega a ser folclórico quando observada a atenção das pessoas ao que ocorreu.

Foram muitas vítimas, muitas reviravoltas e conforme vai passando a história, parece que foi um filme que ocorreu.

Aliás, para o final do ano está previsto o filme "Extremamente Perverso, Escandalosamente Cruel e Vil" (descrição que o juiz deu sobre Bundy na sentença). Será protagonizado pelo Zack Effron. Vejamos.

O livro é enorme, tem quase 600 páginas e é bem detalhado. Em alguns momentos algumas informações irrelevantes tomam muitas páginas. Mas faz parte da vida.

Quanto ao acabamento, seria chover no molhado falar do capricho que é a arte preparada pela editora, que trouxe mais uma capa dura, com diversas fotos e recursos gráficos.

Enquanto lia o livro acabei vendo a série da Netflix.

O documentário é dividido em 04 partes e narra toda a história dos emblemáticos assassinatos cometidos por Ted Bundy, além do julgamento, suas fugas, sua confissão final e sua execução.

No meio disso são exibidos trechos inéditos de uma entrevista que Bundy deu na cadeia a um jornalista. Há depoimentos, fotografias, trechos do julgamento, enfim, fizeram um retrato bem digno e fiel do que ocorreu nesse caso.

Os documentários de true crime estão cada vez mais em evidência e esse teve um estilo mais seco, direto, sem liberdades artísticas. É como uma notícia de jornal filmada.

Realmente muito interessante e gostei muito do gesto de não se estenderem demais, porque senão ficaria tudo muito cansativo.

Recomendo muito o livro e o documentário. Esperemos o que será do filme.

FDL