sábado, 3 de novembro de 2018

Eichmann em Jerusalém – Hannah Arendt

“O próprio Estado de Israel, pelas declarações pré-julgamento do primeiro-ministro Ben-Gurion e pela maneira como a acusação foi formulada pelo promotor, confundiu ainda mais as coisas, arrolando um grande número de objetivos que o julgamento deveria atingir, os quais eram todos objetivos secundários quanto À lei e ao comportamento numa sala de tribunal. O objetivo de um julgamento é fazer justiça, e nada mais”

Hannah Arendt

eichmann em jerusalém

Por vários motivos óbvios senti a necessidade de ler esse livro inteiro.

Na época da faculdade eu acabei lendo vários trechos e discutindo vários tópicos que são tratados nele, mas inteiro eu nunca tinha lido. Passou da hora.

Foi interessante ler esse livro esse ano como outro qualquer, sem a visão estritamente jurídica para uma discussão acadêmica ou algo do tipo. A escrita da Hannah Arendt além de genial, é muito clara.

Para qualquer pessoa que não sabe o que é a chamada banalidade do mal e não tem medo do que pode vir quando sentimos ser tão legítimo o uso da força contra supostos inimigos, esse livro é esclarecedor sob vários aspectos.

Além do mais, a autora discute a questão moral desse julgamento, que foi simbólico após o fim do Holocausto, também com uma visão de propriedade jurídica.

“Importante entre as grandes questões que estavam em jogo no julgamento de Eichmann era a ideia corrente em todos os modernos sistemas legais de que tem de haver intenção de causar dano para haver crime. A jurisprudência civilizada não conhece razões de orgulho maior que essa consideração pelo fato subjetivo. Quando essa intenção está ausente, quando, por qualquer razão, até mesmo por razões de insanidade mental, a capacidade de distinguir entre o certo e o errado fica comprometida, sentimos que não foi cometido nenhum crime.”

Não é à toa que esse é um dos livros mais clássicos do século XX. Uma aula obrigatória para qualquer humano, porque já vimos que não precisa de muito e não percebemos quando perdemos nossa humanidade.

FDL

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