sábado, 30 de dezembro de 2017

Tieta do Agreste – Jorge Amado

“Tieta deixa a pergunta sem resposta, dirige-se ao quarto. Perpétua a observa de costas, andando, o passo firme, as ancas em meneio, indiferente à opinião dos demais, recorda-se do pai na força da idade. Cabrita louca, violento bode, os dois da mesma raça caprina e demoníaca, comprazendo-se em pasto de iniquidades.”

Jorge Amado

tieta do agreste livro

Tinha que ter um livro brasileiro nesse ano e a última vez que li algo do Jorge Amado foi quando era adolescente, sem me impressionar muito. Como os tempos são outros e a novela reprisou nesse ano, Tieta do Agreste foi escolhido para encerrar as leituras de 2017.

Jorge Amado escreveu esse livro nos anos 70, em forma de folhetim. Ele já era bem consagrado e logo em seguida já houve disputas para adaptação de livro e novela. Foi uma obra aguardada e que gozou de seu prestígio quando ainda era fresca.

Na história, a pequena e miserável cidade de Santana do Agreste, nos “cafundós da Bahia”, não tem nada que a movimente, a não ser as fofocas que correm o dia inteiro. Mas a paz está prestes a mudar por dois motivos.

O primeiro deles é o retorno de Antonieta das Esteves, Tieta, que, vinte anos antes, foi escorraçada de lá a golpes de pau pelo próprio pai, por ter se deitado com um homem e ficado falada. Porém, Tieta agora é milionária, esqueceu as mágoas do passado e ajuda a todos da família de longe, sem dar muitas informações sobre sua vida. Com sua chegada, os interesseiros, verdadeiros amigos, xeretas e hipócritas vão cruzando o caminho da mulher, que para alguns é uma santa, para outros, uma quenga.

O outro acontecimento é a possível chegada de uma grande fábrica no Mangue Seco, uma praia paradisíaca e pouco habitada da região. O problema é que se trata de uma indústria altamente poluidora, que destruirá a parte linda da região, tal qual matas e peixes. A cidade se divide entre aqueles que querem o progresso a qualquer custo, cansados da pasmaceira e abandono do local. Por outro lado, há o que preferem manter Agreste vazia e pobre, a ter de vê-la destruída.

O romance é extremamente longo, com mais de 600 páginas que variam entre narrações sobre a história e digressões do próprio autor no exercício da metalinguagem. Em alguns momentos é bem cansativo.

Tudo isso acontece porque de fato Tieta existiu. Jorge Amado se inspirou em uma verdadeira cafetina que conheceu para compor o romance.

O destaque do livro certamente é o conjunto de coadjuvantes que formam uma Santana do Agreste que parece ser um personagem só.

Destaco a inteligente, solitária e intocada sarará Carmosina, melhor amiga de Tieta e funcionária dos Correios. Também a famosa, feiosa, materialista carola Perpétua. O moleque safado na puberdade Peto. O safado formado Osnar. A querida e bondosa quenga velha Zuleica Cinderela, enfim, vários tipos que são muito bons de acompanhar.

O livro, como não poderia deixar de ser, passa longe das hipocrisias e eufemismos. Sendo assim, a sexualidade é bem chula, algo esperado numa região assim. Segue a sabedoria popular:

“ – Tu vai ser padre, pois fique logo sabendo que padre sem catinga de mulher não presta. Como há de entender o povo se não sabe fazer menino? Andou um desses no arraial, de nome Abdias, não se deu com ninguém, as mulheres tinham medo dele, a igreja ficou vazia. Já no tempo do padre Felisberto, que viveu no Saco uns cinco anos, por causa do reumatismo, um padre direito com comadre e sete filhos, a devoção era grande, até nós, de Mangue Seco, vinha pra missa, para ouvir ele falar, cada sermão mais desenvolvido, contando como o céu é bonito, com música e festa todos os dias. Não era como o outro que, por desconhecer mulher, vivia no inferno, só sabia da maldade. Padre que não cheira a xibiu, cheira a cu, não presta.”

Muito bom observar também a habilidade e qualidade da escrita do Jorge Amado. A oralidade nos diálogos, sobretudo com as pessoas de diferentes origens e culturas é tão bem explorada no texto, que nos sentimos na situação acompanhando o que falam:

“... Pirica comenta a morte do velho, após dar a notícia:

– Indagorinha trouxe e levei ele no barco. Ia tão contente que até me deu um agrado.”

Coisa mais linda esse “Indagorinha”. É extrato de Brasil.

Há várias características interessantes nessa história. Sobretudo há um aspecto animalesco em Tieta quando ela resgata suas origens. De lá ela saiu um bicho sem instruções, para aprender reflexões, sentimentos e valores somente em outro local. Por isso, as descrições que envolvem Tieta e como ela vê os outros sempre envolvem animais, sobretudo os caprinos, que formaram a identidade sexual dela. Nisso eu destaco o trecho que escolhi de epígrafe nesse post.

No final, Tieta do Agreste foi uma agradável leitura, uma aula de cultura brasileira, que é tão rica e diversa. Às vezes podemos ter a tendência de achar que cultura é apenas o que a gente gosta. Ledo engano.

Agora, eu só li esse livro depois de ter visto a novela. Sim, vi uma novela em 2017.

Tieta – Tv Globo, (1989-1990)

tieta novela

Eu não tenho o hábito de ver novelas. Nem há preconceitos ou coisa do tipo. O problema é a duração, porque eu acredito ser impossível não enjoar no meio, ou em capítulos diários a história se manter viva e interessante.

A novela Tieta foi reprisada esse ano pelo canal Viva e minha mãe é assídua telespectadora do canal. Por isso, sempre passando alguma coisa, eu via algo aqui, algo lá e, quando percebi, me apaixonei por essa novela e acompanhava sempre.

Não posso dizer que vi todos os capítulos, seria uma grande mentira. Mas novela é assim, assistindo por amostragem você entende tudo. Claro que sempre tem uma mãe mal-humorada para responder as nossas perguntas no dia que vemos.

A novela é claramente inspirada no livro apenas. Embora quase na totalidade os personagens sejam os mesmos, haja inúmeras histórias aproveitadas, até mesmo diálogos, impossível uma novela ser idêntica a um livro. Mas não é que foi melhor?

A putaria é mais light que no livro, mas ainda assim é considerada uma das novelas mais sexuais da televisão brasileira, com nudez, insinuação de sexo anal, orgias, estupro, pedofilia, enfim, o negócio não foi leve.

Para romantizar a história, desenvolver alguns personagens, o que é necessário no formato de novela, há diversas mudanças e quando lemos o livro, entendemos as razões dela. Há um coronel mais presente e forte, mas é um pedófilo que compra meninas para ter seu harém. Há uma misteriosa mulher de branco que “abusa” sexualmente dos homens. Resultado? Vários deles vagam pela noite para serem “atacados” por ela.

A personagem Perpétua é bem mais vilã e guarda um mistério dentro de uma caixa branca. Insinua-se claramente que é o “dito-cujo do falecido”.

Entre outras situações, a novela Tieta é bem engraçada, com excelentes atuações de Joana Fomm, José Mayer, Paulo Betti, Armando Bógus, Miriam Pires, Lília Cabral, Bemvindo Sequeira e, óbvio, Betty Faria, que é a cara da Tieta. Não tem como ser outra.

Há muitas inclusões, com chantagens, mistérios, romances complexos, enfim, tudo aquilo que uma novela tem. Mas o tom de deboche e os termos nordestinos como “digue”, “calundu”, “desarvorado”, “xibiu” e outros, são de matar de rir.

Não posso deixar de dizer que quero muito um dia poder experimentar a frigideira de maturi.

A trilha sonora me acompanhou nesse final de ano para entrar no clima. Vai minha preferida:

Fica o registro de algo bem-humorado. Jamais iria ao ar na televisão de hoje, com tempos mais prudentes e respeitadores de direitos, mas que em vários momentos não deixa de ser puritano e hipócrita.

De todo modo, recomendo livro e novela Tieta para sempre! O filme não vi e não estou curioso. Quem sabe no futuro?

FDL

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Investigação Discovery – Novembro e Dezembro

Não tem jeito, continuo vendo esses documentários de forma intensa. Comento as temporadas que acabaram nos últimos dois meses.

Segredos Bem Casados (Married With Secrets) – 1ª Temporada

segredos bem casados

Gostei muito dessa sequência. São 08 episódios que tratam de crimes relacionados a casais em que há mentiras e vidas duplas.

Eu fico impressionado com a quantidade de famílias paralelas, traições obsessões, que terminam em morte.

Destaco o episódio do professor universitário que simplesmente jogou a vida fora ao se apaixonar por uma prostituta. Além desse, o do policial que resolveu ter um caso extraconjugal com uma colega de delegacia – péssima ideia.

Há uma segunda temporada, que em breve deve estrear no ID. Acompanharei se ainda estiver nessa fase.

A Caixa de Pandora (Pandora’s Box: Unleashing Evil) – 1ª Temporada

caixa de pandora

Assisti despretensiosamente, achando ser aqueles programas da emissora que são bem caricatos, com interpretações forçadas. Nada disso. Essa série de crimes reais é uma das mais fortes que eu vi no canal até agora.

O foco dessa série é de mostrar como depois de delitos aparentemente simples, iniciada uma investigação criteriosa, foram descobertos crimes bizarros e fortes.

Destaco sem dúvida o primeiro episódio, Dungeon of Dread, que mostra o caso dos serial killers Leonard Lake e Charles Ng. Já havia lido sobre eles no livro da Ilana Casoy e fui reconhecendo conforme o episódio passava. Esse caso é impressionante pela agonia que sentimos apenas em ouvir as descrições das terríveis torturas físicas e psicológicas que esses assassinos causaram em suas vítimas.

Também foi interessante o caso de uma simples morte de uma esposa por overdose em um quarto de hotel, que se revelou bem mais sinistro conforme o passado era investigado.

O último também foi muito bom, que mostrou uma mulher psicopata com uma das mentes geniais para o crime, a mais impressionante que eu já vi, matando o namorado e criando todos os tipos de fraudes para lucrar e escapar da punição.

A segunda temporada começou no canal americano há pouco tempo. Logo deve voltar por aqui. Acompanharei também.

Quebra-Cabeça Criminal (Shadow of Doubt) – Temporadas 1 e 2

quebra-cabeça criminal

A primeira temporada teve 06 episódios e a segunda 10.

Os crimes nesse seriado desenvolvem casos em que houve muita dificuldade na investigação, seja por lapsos temporais, falta de esmero em alguns locais e, como ocorre muito, inteligência de alguns criminosos, que uma hora acabam falhando e são pegos.

Destaco o primeiro episódio, que foi um caso brutal de estupro e assassinato, envolvendo uma problemática estudante de Ensino Médio, líder de torcida.

Os casos são interessantes e prendem. Ainda não sei se haverá mais. Mas gostei também.

Vidas de Fé e Crime (Sinister Ministers: Collared) 1ª Temporada

vidas de fé e crime

São apenas três episódios, que mostram padres, pastores, enfim, sacerdotes, com vidas duplas que esconderam até que tragédias ocorreram.

Obviamente os motivos variam em apenas dois recorrentes temas: dinheiro e sexo. O que move o mundo e retira as pessoas do eixo.

Não é dos melhores e as histórias são um pouco cansativas. De todo jeito, não parece que haverá mais histórias.

Castelo dos Horrores (The Murder Castle)

castelo dos horrores

Esse especial em três episódios foi insistentemente anunciado pelo canal para os dias de Halloween. Trata-se da história do Dr. Holmes, que construiu um hotel cheio de armadilhas para matar diversas mulheres, tornando-se um dos mais antigos serial killers conhecidos, final do século XIX.

Achei lento e cansativo. Como o formato é todo em dramatização, já peca pela qualidade dos atores e da história. Não consegui ver tudo e achei muito chato.

Prometeram demais e criaram expectativa. Erro.

Jovens Desaparecidos (Last Seen Alive)

jovens desaparecidos

São 06 episódios que mostram famílias desesperadas atrás de pessoas que fugiram ou sumiram sem explicação.

Se não me engano e não estou com saco de me certificar, todos os episódios passam-se no Canadá.

Além disso, há a ajuda de especialistas em encontrar pessoas desaparecidas, o que supostamente dá nova luz a casos, já que em alguns deles já passou muito tempo desde a última vez que foram vistos.

Em vários casos há famílias desestruturadas, problemas psicológicos e envolvimento com drogas e prostituição.

Não fez muito minha cabeça e só terminei de ver todos os episódios por motivos de TOC mesmo. É cansativo e dramático. Fora que tem muita aparência de armado.

Bill Cosby: An American Scandal

bill crosby

Foi um especial em apenas um episódio, contando a trajetória do ator e humorista que se envolveu em um grande escândalo sexual, sendo acusado de abusos e estupros por diversas mulheres. De referência como ator, Bill Cosby se tornou em um criminoso.

Eu já havia lido notícias a respeito desse caso e programas como o Saturday Night Live fez muita chacota do estuprador. Mas não tinha noção de certos detalhes do caso.

É uma história bem nojenta.

O documentário mostra vítimas narrando a violência sofrida e também revela detalhes do caso.

O problema é que ainda não acabou tudo, com condenações e tudo que tem direito. A impressão é de que vemos algo desatualizado. Mesmo assim, vale a pena ver.

Bom, acho que está bem para 02 meses, não? Há outros em andamento e mais a estrear. Fica para um próximo post.

FDL

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Corra!

corraFilme: Corra! (Get Out)
Nota: 9,5
Elenco: Daniel Kaluuya, Allison Williams (A Marnie de Girls), Bradley Whitford, Catherine Keener
Ano: 2017
Direção: Jordan Peele (também escreveu)

Último filme do ano. Já começo a me preparar para o vindouro Globo de Ouro no começo de janeiro.

Já estava curioso com esse filme desde que li diversas críticas mencionando que era uma obra tensa e bem diferente do que costuma aparecer no estilo. Valeu também trazer atores nem tão conhecidos assim.

De fato é bem diferente e tem uma tensão que não consigo explicar. A partir de hoje é o filme que denomina thriller psicológico para mim.

“Chris (Daniel Kaluuya) é jovem negro que está prestes a conhecer a família de sua namorada caucasiana Rose (Allison Williams). A princípio, ele acredita que o comportamento excessivamente amoroso por parte da família dela é uma tentativa de lidar com o relacionamento de Rose com um rapaz negro, mas, com o tempo, Chris percebe que a família esconde algo muito mais perturbador.”

As cenas de racismo são muito boas. Mostra de forma bem clara as pessoas pseudo-corretas, que utilizam diversas formas de criticar o racismo de modo condescendente, ou falando mais do que precisavam. Tudo isso soa falso, porque, de fato, é falso.

Além disso, a violência final é tensa, brutal, visceral. Esse filme mexe com a gente tanto no comportamento, como na parte psicológica, quanto nas imagens.

Realmente um dos melhores do ano e espero que leve algum prêmio na temporada que está chegando.

FDL

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Whitney Cummings – I’m Your Girlfriend

whitney hbo

Apareceu esse stand up esses dias na HBO e resolvi ver. O que eu conhecia da Whitney até hoje era a saudosa série 2 Broke Girls, que tinha de melhor o texto, dela. Além disso, já tinha visto o piloto da comédia que tinha o nome dela, mas lembro pouco, apenas que não era ruim.

Esperava algum tipo de humor bem escroto, ao estilo da supracitada série.

Escroto realmente é, mas o engraçado é bem médio. Em vários momentos eu via a tentativa dela de apelar para ser engraçada, mas não rolava.

Claro que há passagens boas, sobretudo quando ela interage com a plateia. Mas infelizmente não me conquistou não.

Fica para uma próxima, Whitney

FDL

domingo, 17 de dezembro de 2017

Black Hole – Charles Burns

black hole

Parece que não tem jeito, entrei no mundo das hqs. Esse livro me interessou pela sinopse e também depois de folheá-lo na livraria. A arte dos desenhos, os traçados, são bem interessantes.

A história, pelo que li, foi compilada, depois de várias publicações de forma avulsa. O universo é o de jovens estudantes que estão contaminados por algum tipo de doença sexualmente transmissível, mas que se manifesta de forma bizarra.

Há uma jovem que desenvolve um rabo, outra que troca de pele como uma cobra. Há um cara em que nasce uma nova boca no pescoço, além de vários perebentos e esquisitos.

Acima de tudo, essa hq mostra jovens que estão perdidos em uma vida livre. Gozam de liberdade sexual, utilizam drogas à vontade, dialogam sobre o assunto que querem e, mesmo assim, não se encontram no mundo.

A parte sexual é bem explícita, tal qual a violência. A história nos prende e, apesar de se tratar de um livro com várias páginas, acabei lendo tudo de uma vez.

Não foi a melhor leitura da minha vida, mas não deixou de ser interessante.

Recomendo.

FDL

sábado, 16 de dezembro de 2017

Masterchef Profissionais – 2ª Temporada

masterchef profissionais 22

Essa temporada do Masterchef Profissionais foi bem melhor que a primeira. Houve uma disputa mais honesta, sem questões pessoais ou de fora da cozinha.

Os próprios jurados estavam mais calmos. Até achei que babaram ovo demais para os participantes. Mas melhor assim.

Eles participaram de casamentos, provas visuais, animais exóticos, culinária de países distantes, enfim, houve de tudo novamente. Realmente não há mais a mesma empolgação e inspiração de antes, mas desde que a produção continue selecionando participantes interessantes, o programa continua bom.

masterchef profissionais 2

O campeão dessa temporada foi o cozinheiro Pablo, que não era o meu preferido, mas gostava mais dele do que do outro finalista, Francisco.

As duas participantes de quem mais gostava eram a arretada Irina e a Lubyanka, que passou a temporada inteira misturando inglês e português. Também teve o malucão Ravi, que merecia muito ter ganho também.

Valeu, continua sendo uma boa opção das terças-feiras.

FDL

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Exathlon Brasil

exathlon-brasil

Se teve algo na televisão que marcou esse final de ano, certamente foi o Exathlon Brasil.

Foi um reality show exibido pela Band que mostrou 20 participantes em um local praiano paradisíaco na República Dominicana. O desafio era realizar provas de destreza física, convivendo em dois times em situação de restrição de alimentação, higiene e conforto, em acampamentos na praia.

Os times eram divididos entre Heróis e Guerreiros. Heróis são atletas e profissionais já consagrados e conhecidos, entre eles, os medalhistas olímpicos Maurren Maggi e Giba. Além deles, destaco o surfista Pedro Scooby, o patinador Marcel Stürmer e a ginasta Daniele Hypolito.

Já o time de guerreiros é formado por pessoas que se inscreveram no programa, atletas amadores ou profissionais em início de carreira, que têm paixão por aventuras.exathlon elenco

O programa começou em setembro e foi diário, sendo que em alguns dias havia duas exibições! Foi uma porrada de conteúdo.

Havia disputas sempre em duelos, que somavam pontos e davam direitos a alimentos especiais, acampamento melhor, contatos limitados com a família e claro, fugir de eliminações semanais.

O clima era de intensa competitividade, com provocações, vibrações e atletas que se dedicavam muito, apesar das dificuldades que passavam.

O programa teve problemas. A audiência no início foi ruim, melhorando discretamente no final. O atleta Giba chegou a desistir e houve boatos de maus tratos e até de gente doente. A direção fez ajustes e confesso que não perdi um. A adrenalina de torcer todo dia pelos atletas preferidos, sem lenga-lenga de reality show foi muito bom.

No final, o patinador Marcel Stürmer foi o campeão, merecidamente. Mas o programa final foi esquisito, sem a presença o apresentador Ernesto Lacombe, jornalista vindo da Globo, que fez um excelente trabalho no Exathlon.

Destaco também o aproveitamento das franquias internacionais. Por isso houve diversas disputas entre participantes do Brasil contra os do México.

Havia muito o que falar e esse programa rendeu bastante, sobretudo com lições sobre saber perder e saber ganhar. Respeitar os limites do próprio corpo foi o segredo, além de manter a cabeça sã.

Espero que volte em uma nova temporada, mas reconheço que as chances são baixas, pois a Band é muito amadora e perde as oportunidades boas que tem.

Fica na memória como um exemplo de bom reality show.

FDL

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

De Volta Para Casa

de volta para casaFilme: De Volta para Casa (Home Again)
Nota: 7
Elenco: Reese Witherspoon, Michael Sheen, Candice Bergen, Pico Alexander, Jon Rudnitsky
Ano: 2017
Direção: Hallie Meyers-Shyer

A Reese está em crédito comigo nesse ano, desde Pequenas Grandes Mentiras. Por isso, topei ver esse filme com a Pheebs, que chorou no trailer (?).

É mais uma comédia boba, idealizada e açucarada. Feito para mulheres mesmo, pelo menos aquelas que curtem esses filmes. Tem seu valor, cenas divertidas e é uma opção leve para assistir.

Não sei por quanto tempo vou lembrar que vi esse filme, mas fica o registro. Não é ruim.

Histórias com mulheres na casa dos 40 anos e se redescobrindo após casamentos/relacionamentos ruins é comum no momento de uma nova fase de empoderamento feminino.

De todo jeito, não é uma discussão muito profunda não, só mais um filme que segue a onda.

Mas recomendo sim.

FDL

domingo, 10 de dezembro de 2017

TOC

tocFilme: TOC: Transtornada Obsessiva Compulsiva
Nota: 6
Elenco: Tatá Werneck, Luis Lobianco, Vera Holtz, Ingrid Guimarães, Bruno Gagliasso, Daniel Furlan
Ano: 2017
Direção: Paulinho Caruso, Teodoro Poppovic

Resolvi aproveitar a chance e ver uma comédia nacional. Às vezes há preconceito contra elas. Algumas são realmente engraçadas e uma boa opção de divertimento em casa.

Não foi o caso do filme novo da Tatá Werneck. Eu gosto muito dela, acho uma das mais engraçadas da geração, pelo jeito autêntico e completamente maluco. Mas esse filme é bem ruim.

Há muitas cenas non sense, que são a cara dela, mas o filme não tem nexo nenhum e em vários momentos é confuso, sem propósito e a cada piada que vemos e não rimos, morre um pouco nossa vontade de gostar desse filme.

Não foi dessa vez. O excesso de putaria e palavrão a cada diálogo não me pareceram naturais e sim mais uma tentativa de atrair a audiência. Isso não basta.

Fica para a próxima.

FDL

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Assassinato no Expresso do Oriente

expresso oriente 1Filme: Assassinato no Expresso do Oriente (Murder on the Orient Express)
Nota: 9
Elenco: Kenneth Branagh, Johnny Depp, Penélope Cruz,
Michelle Pfeiffer
, Judi Dench, Olivia Colman, Willem Dafoe, Josh Gad
Ano: 2017
Direção: Kenneth Branagh

Acredito que esse tenha sido meu filme mais aguardado do ano. Primeiro que é mais uma versão de um livro que foi dos responsáveis pela minha paixão em ler. Além disso, o elenco e a proposta foram bem ousados: somente atores bem consagrados e uma visão tanto na história quanto visual, que misturou elementos modernos com o ar clássico da literatura de Agatha Christie.

Só pelo trailer já fiquei curioso. Eles colocaram uma música de Imagine Dragons, com imagens em filtro todo modernoso. Algumas pessoas, sobretudo os fãs mais puristas, detestaram a ideia, tanto que no filme a música não toca. Eu já gostei. É somente mais uma visão, não interfere na verossimilhança. Além do mais, essa foi uma das minhas músicas preferidas no ano.

Quanto ao filme, que saudades dava em estar em uma sala de cinema na ansiedade por um belo suspense. Se queriam efeitos especiais, já que somente isso é importante hoje, também teve.

É fácil de perceber as mudanças feitas na história para que o grande público comprasse a ideia, literalmente. Cinema é bilheteria. Vimos o que aconteceu com a trilogia Millennnium, que até indicação ao Oscar teve, mas cadê as continuações, que não foram tão rentáveis?

Desse modo, reforço que não dá para ser tão purista com relação à história original. Há diversas mudanças periféricas. Uma etnia trocada ali, um perfil físico de personagem lá e supressões. Até aí tudo bem.

Minha única crítica foi com relação às alterações na personalidade de Poirot.

Foi complicado retirar da cabeça a imagem do personagem, que é um dos meus preferidos na vida, da figura do genial ator David Suchet, que consagrou Hercule Poirot por décadas na televisão inglesa. Mas estava de mente aberta e até gostei muito da interpretação do ator Kenneth Brannagh.

Porém, houve traços adicionados que a meu ver eram desnecessários e passaram uma ideia de um Poirot que não existe. Sobretudo com relação às cenas finais e ele entregando-se a uma possível morte, ou relembrando um antigo amor, ou até mesmo em algumas cenas de vulnerabilidade que não combinavam com ele. Minha única crítica ao filme.

expresso oriente 2

Fora isso, eu vivo para ver atores com personagens misteriosos, fazendo olhar de suspense do tipo “sei demais e desconfio de todos”. Claro que as cenas de flashbacks são a cereja do bolo.

Esse livro, que é um dos meus preferidos na literatura, precisava ser relido antes de ir ao cinema (na estreia, claro).

Eis.

Assassinato no Expresso do Oriente - Agatha Christie

“ – Minha vida foi ameaçada M. Poirot. Mas sou dos homens que sabem cuidar de si. – Retirou uma pequena pistola automática do bolso do casaco, mostrou-a e guardou-a novamente. – Não sou o tipo de homem que pode ser apanhado dormindo. Mas quero estar duplamente seguro disso. Creio que o senhor é o homem indicado para o meu dinheiro, M. Poirot. E, lembre-se, muito dinheiro.

Poirot olhou-o pensativamente por alguns minutos. Seu rosto não dizia absolutamente nada. Ratchett não poderia adivinhar o que lhe passava pelo pensamento.

- Lamento, Monsieur – disse com convicção -, mas tenho sido muito feliz na minha profissão. Ganhei o suficiente para satisfazer tanto meus desejos como meus caprichos. E agora só aceito casos que... me interessam.

- O senhor tem muito bons nervos – disse Ratchett -, mas será que vinte mil dólares não o tentariam?

- Absolutamente.

- Se o senhor está barganhando por mais, não conseguirá. Sei quanto as coisas valem exatamente.

- Eu também, M. Ratchett.

- O que há de errado com a minha oferta?

Poirot ergueu-se.

- Se me desculpar a observação pessoa, eu não gosto da sua cara, M. Ratchett – dizendo isso, foi deixando o carro-restaurante.”

Agatha Christie

livro expresso orienteEsse livro é lido de uma vez só. Nem chega a ser exageradamente curto, mas é totalmente viciante e cativante.

O mistério se passa quase que inteiramente no trem conhecido como Expresso do Oriente, que ia da Turquia até a Inglaterra (ainda existe, mas em trechos menores).

O período é o entre guerras, às vésperas da segunda. Diversas pessoas de alta classe social viajam no trem que está estranhamente lotado para essa época do ano. O detetive belga Hercule Poirot precisa voltar a Londres para uma emergência profissional e acaba embarcando em cima da hora.

No local, um bizarro homem chamado Ratchett procura pelo detetive, temendo pela sua vida (diálogo epigrafado). Porém, ele é brutalmente assassinado a facadas de uma forma misteriosa, ficando evidente que o assassino está dentro do trem, pois ele está preso em uma nevasca.

O ambiente claustrofóbico é o ponto principal no suspense. Fora isso, ele é um “clássico” Agatha Christie: personagens elitizados, suspense psicológico, sala fechada, todos são suspeitos e todos mentem, além de estar nos detalhes o deslize do assassino.

As cenas finais são minhas preferidas. Hercule Poirot reúne todo o elenco em uma sala (os que não foram assassinados durante a história) e revela o assassino, não sem antes demonstrar passo a passo a linha de raciocínio que o fez chegar à conclusão.

Esse tipo de livro criou minha paixão por ler e essa releitura em 2017 era o que eu precisava nesse finalzinho.

Recomendo Agatha Christie e Poirot eternamente.

FDL